A explosão de casos de Covid-19 em Santa Catarina foi prevista e anunciada há meses pelo especialista em Microbiologia Clínica, Caio Salvino. Para ele, com uma falsa sensação de segurança as pessoas voltaram a se reunir e o aumento da procura por atendimento médico se deve, principalmente, a dois feriadões e às eleições, datas que facilitaram a concentração de pessoas nas praias, bares, boates, almoços e jantares. A procura deve continuar intensa nos próximos 30 a 45 dias e a única alternativa é evitar as aglomerações, além de manter as práticas de higiene.
"Anunciei quando me perguntaram se havia acabado a primeira onda. O aumento já era esperado. A curva de casos é ascendente, não está oscilando. As pessoas precisam evitar as aglomerações. Precisamos deste tempo para contornar a situação," comenta Caio, enfatizando que lamenta muito as mortes causadas pelo vírus.
Ele explica que pesquisas comprovam que uma pessoa contaminada e usando máscara, mesmo que esteja em contato com outras 10, dissemina o vírus, em média para duas pessoas. Na mesma simulação, quando ela está sem máscara, contamina outras oito pessoas, mesmo que elas estejam usando máscara.
O problema é maior quando o ambiente é fechado, a exemplo de um bar ou um churrasco em uma casa. No início da pandemia, os jovens estavam mantendo o distanciamento social e quando tinham contato com o vírus, raramente ficavam doentes. "O jovem vinha se contaminando com carga viral muito baixa. Se tornavam resistentes sem ficar doentes. Hoje a sorte não está mais ao lado jovem. Desistiram de se cuidar e começaram a se aglomerar."
Orientação equivocada
A orientação inicial do Ministério da Saúde, na pandemia, era para que as pessoas ficassem em casa e procurassem um médico somente se tivessem falta de ar. Os exames eram feitos somente com quem procurava o hospital e, na opinião de Caio, isso prejudicou o atendimento dessas pessoas. "Muita gente ficou sem diagnóstico ou chegava em situação tão grave que não tinham muita expectativa de cura. Os médicos não entendiam bem o que estava acontecendo, tentavam fazer o que conheciam como procedimento para combater vírus. Mas a doença foi avançando e fomos aprendendo, com erros e acertos."
Reinfecção
O especialista em Microbiologia Clínica, Caio Salvino, explica que até agora não existem provas científicas que a Covid-19 tem a capacidade de reinfectar o paciente. Essa é a incapacidade também de outros vírus, que provocam outras doenças.
Essas informações desencontradas, na opinião do pesquisador, se deve à baixa qualidade dos primeiros testes que vieram para o Brasil. Inicialmente, qualquer um podia importar testes, que não passavam pelo controle da Anvisa.
Caio lembra que depois que o vírus chegou à Europa, causando milhares de mortes, aqueles países importaram testes rápidos. A Espanha devolveu milhões de kits para a China, porque atestou que não tinham qualidade. O Brasil comprou esses kits e distribuiu para os municípios.
Muitas pessoas foram positivadas sem ter o vírus e, agora, estão contraindo realmente a Covid, gerando boatos de reinfecção.
Ciclo da contaminação
Caio começou as pesquisas sobre o Coronavírus no início deste ano. Manteve contato com o médico chinês Sheng Zang, um dos primeiros a atender as vítimas naquele país; e com o médico pesquisador americano Wlademir Zelenco. Leu centenas de artigos científicos e começou a postar os resultados de suas pesquisas. Em abril, publicou um vídeo interpretando a ação do vírus no organismo, o que permite avaliar quando fazer o exame e quando medicar o paciente. Com o tempo, essa metodologia foi comprovada por outras pesquisas e adotada como regra em todo o Brasil. Para se pedir o exame, é necessário saber em qual fase ele está.
Risco de contaminação
Depois que tem contato com o vírus, ele fica incubado por sete dias, período que não representa risco de transmissão, depois começam os sintomas. Dois dias antes dos sintomas, a pessoa começa a transmitir. Antes desse período não se consegue detectá-lo.
Depois dos sintomas, a pessoa transmite o vírus por mais 10 dias. Se a situação de saúde complicar, ela transmite por mais 20 dias. O ponto de partida é o início do sintoma. "O problema são os dois dias antes dos sintomas, a pessoa não sabia que tinha o vírus, mas já podia contaminar outras. Tudo tem que ser calculado para não dar tiro no escuro, " avalia Caio.
Assintomáticos
Pessoas assintomáticas são um caso à parte. São portadores, mas não estão doentes. A capacidade de disseminação é infinitamente maior em pessoas com sintomas. Os assintomáticos, geralmente, têm uma quantidade muito pequena do vírus, o que facilita a criação de anticorpos.

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