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Inter de Lages

Patrick Cruz

Torcedor é Dez

Há pouco mais de uma semana, a seleção feminina de futsal esteve em Lages para disputar dois amistosos com a Nova Zelândia. Os jogos fazem parte da preparação da equipe brasileira para a primeira edição da Copa do Mundo Feminina FIFA de Futsal - e o Inter de Lages esteve lá para apoiar o time nacional.

Quem foi ao Ginásio Jones Minosso (ídolo colorado, nunca é demais lembrar) para assistir aos amistosos ou acompanhou os jogos pela TV certamente viu uma bandeira com o distintivo do Inter estendida bem na altura da parte central da quadra. O estandarte colorado à mostra deu à seleção brasileira, informalmente, o apoio de um símbolo da terra, local, lageano por excelência.

A bandeira em questão era de Gersi Lima, um torcedor do Inter de Lages que é, também, um catequizador da fé colorada. Em seu trabalho de vendedor ambulante, muitas vezes se apresenta com a camisa do clube. Esse é também seu uniforme de trabalho nas temporadas de verão, quando ele vende lanches e petiscos nas areias das praias do litoral do estado.

A camisa do Inter vira assunto de conversa com a clientela, que invariavelmente se encanta com a lábia de bom vendedor do colorado e fecha a compra. Gersi Lima fica satisfeito com a venda, mas feliz mesmo ele fica de ver que as pessoas, muitas delas turistas de outros estados, não só reconhecem a camisa como a importância do clube que ela simboliza.

Quando tinha uma pizzaria, Gersi muitas vezes ofereceu pizzas ao elenco do Inter em dias de vitória do time. Fazia isso de bom grado, e combinava a premiação diretamente com o elenco, sem qualquer intermediação de dirigentes do clube e sem pedir nada em troca.

Dez, apelido pelo qual Gersi é conhecido, também participou voluntariamente de muitas ações de vendas antecipadas de ingressos para jogos do Inter. Vestia sua camisa, ajudava a montar tenda no Calçadão e, com esse trabalho, do qual outros apaixonados como ele também participavam, ajudava a colocar mais gente no estádio.

Não foram poucas as vezes que Dez e voluntários como ele foram alvo de críticas de outros torcedores. Ajudar na venda de ingressos, diziam os críticos, era coisa de “puxa-saco da diretoria”. Em uma diretoria encabeçada por um presidente impopular, ser puxa-saco seria um pecado terrível.

Mas Dez, os demais voluntários, e muitos outros - que podem jamais ter sido voluntários, mas estão sempre por aí, circulando, orgulhosos, com suas camisas coloradas -, pensam diferente. Eles não se veem como simples espectadores, que modulam seu apoio ao clube de acordo com os resultados em campo, ou condicionam sua torcida à presença - ou ausência - desse ou daquele dirigente. 

Essas pessoas entendem que elas são o clube. O Inter pode estar sem competições na temporada, como agora em 2025, mas isso não quer dizer que não possa brilhar como pano de fundo de um jogo da seleção brasileira.

O Inter de Lages somos nós. Basta levar a camisa e estender a bandeira que o clube estará onde estivermos.


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