Lages comemora 259 anos neste sábado e com futuro promissor |
Eventos culturais estão programados, neste final de semana, para comemorar os 259 de Lages, um dos municípios mais antigos e importantes de Santa Catarina.
Há exatamente um ano, as expectativas dos lageanos se voltavam para Carmen Zanotto, a primeira prefeita eleita em Lages. A curiosidade era para ver, na prática, como ela iria resolver os principais problemas da cidade.
Passados os primeiros 11 meses da sua gestão, percebe-se que nem tudo foi solucionado, o que seria extremamente surpreendente pelo pouco tempo de gestão, mas que ações importantes contemplam todas as áreas.
Carmen atacou de frente problemas crônicos, a exemplo das péssimas condições das ruas e avenidas. “Não estamos fazendo tapa-buraco. Estamos fazendo asfalto novo,” comentou no início das obras na Avenida Luiz de Camões. A mesma atenção foi dispensada para a Dom Pedro II, parte da Avenida Carahá e mais recentemente para a 1º de Maio.
Há muito a fazer, mas o trabalho avança pelos bairros da cidade e atende também o interior com a recuperação de estradas e substituições de pontes. Educação, saúde e saneamento básico também recebem atenção da administração.
Além das obras, a prefeita enfrentou um grande desafio, realizar a Festa Nacional do Pinhão diante da negativa de empresas que não quiseram participar da licitação para fornecer os shows.
O formato totalmente novo concentrou os shows no Centro e no Estádio Vidal Ramos Júnior e, de acordo com pesquisa, agradou a ampla maioria das pessoas.
A programação de Natal, que até agora foi guardada a sete chaves, deve ser revelada neste domingo, mas já se sabe que contemplará também a virada do ano.
“Sabemos que a maioria da população não viaja para o Ano Novo e quem fica na cidade merece comemorar,” explica Carmen Zanotto.
O que indicam os números
Numericamente, não há como fazer comparativos em relação à situação econômica de Lages, em relação a exercícios anteriores. Índices de Produto Interno Bruto (PIB) e ICMS devem ser anunciados em meados de 2026. Mas, no dia 7 deste mês, o Senac de Lages promoveu a segunda edição do Feirão do Emprego, com mais de 750 vagas ofertadas para contratação imediata. O evento foi realizado juntamente com o Sine e o Balcão do Emprego da Secretaria da Indústria, Comércio e Inovação de Lages. Vinte e seis empresas participaram, como Berneck, Klabin, Angeloni, Atacadão e NDD Tech.
Na mesma data, o Banco do Emprego, mantido pela prefeitura, ofertava outras 316 vagas. Ou seja, se existem vagas é porque o mercado está dinâmico, em expansão, ótimo sinal quando se analisa outras regiões do Brasil. Mesmo um pouco mais acanhada, Lages contribui para os ótimos resultados econômicos obtidos por Santa Catarina.
Os encantos de Lages
É inegável que o município de Lages tem seus encantos. Quem não conhece ao menos uma pessoa que veio visitar ou trabalhar na cidade e a adotou como lar?
Nós podemos até reclamar, mas, como diz o serrano, não arredamos o pé. Basta um olhar mais atento para perceber o que atrai tanto as pessoas que vivem aqui. Em qual cidade de porte médio do Brasil se pode caminhar tranquilamente à noite pelas ruas, ou praticar esportes até de madrugada? Poucas, com certeza.
O índice de assaltos é quase zero em uma cidade que configura entre as 12 maiores de Santa Catarina. Para quem não tem essa sensação de segurança, Lages oferece outros atrativos.
Quem sabe o pôr do sol no Salto Caveiras ou no Parque Jonas Ramos, o Tanque. Isso que não estamos falando da Localidade da Coxilha Rica, que dispensa comentários.
Tem também o Rio Caveiras. O nível é tão constante que não falta água nem mesmo nos períodos mais prolongados de estiagem.
A qualidade da água é tanta que a Semasa praticamente não precisa utilizar produtos para depurá-la, já é quase potável. É que o Caveiras nasce entre os municípios de Painel e Urupema e não sofre agressões até chegar a Lages.
Também temos praças e um parque natural em pleno perímetro urbano, privilégio de poucos. Lá se pode ver o esplendor da Mata Atlântica, suas araucárias e animais, isso a uns oito quilômetros do Centro da cidade. São tantas riquezas e atrativos naturais e artificiais que fica difícil descrever todos.
Mas o principal não pode ser esquecido, é o lageano. Povo simples e trabalhador que faz juz à fama de acolhedor. Quem sabe, essa aptidão seja resquício do tempo dos tropeiros, quando as fazendas acolhiam os viajantes que transportavam gado do Rio Grando do Sul até Sorocaba em São Paulo.
Fato é que aqui as pessoas olham nos olhos umas das outras e não faltam cumprimentos nas ruas. É um município que cresceu, mas manteve suas características, suas raízes
“Nós precisamos resgatar a autoestima das pessoas, mostrar para as crianças, aos adultos e idosos, enfim, às famílias, que somos uma cidade potente e faremos um Natal acolhedor, aconchegante, bonito, à altura dos lageanos. Vamos todos nos unirmos efetivamente - Poder Público, classe empresarial, comunidade - formarmos uma unidade e promovermos um evento maravilhoso.”
Prefeita Carmen Zanotto

Lages é o quinto município mais antigo de SC
Lages completa 258 anos de fundação neste 22 de setembro. Trata-se do quinto município mais antigo de Santa Catarina. Pela ordem, foram criados antes: São Francisco do Sul, Florianópolis, Laguna e São José. A seguir um pouco da história do maior município em extensão do estado.
Em 1728, durante a abertura de uma picada denominada "Estrada dos Conventos" ou de "Araranguá", eixo de ligação entre o litoral de Santa Catarina e a região de Lages, foi encontrado, por Francisco de Souza Faria, construtor da referida estrada, muito gado selvagem.
Francisco de Souza Faria observou também uma grande quantidade de cruzes, levantadas provavelmente pelos padres jesuítas. Certamente fazia parte do rebanho que se encontrava na região dos Campos de Vacaria, no Rio Grande do Sul. O gado selvagem, que restou das criações dos jesuítas, também era visto nos extensos campos do limítrofe estado sul-brasileiro.
O tropeiro Cristóvão Pereira de Abreu viajava em 1732 no mesmo caminho de Souza Faria, mudando a picada em diversos pontos. Esses fatos ocorreram nos primeiros tempos do século XVIII, quando os primeiros homens se estabeleceram no município, no entanto sem ter uma data precisa.
A certeza histórica é que, durante a chegada do bandeirante paulista (português vindo para o Brasil durante a infância), António Correia Pinto, que fundou Lages, em 22 de novembro de 1766, existia nesses campos, de forma esparsa, fazendeiros, que vieram do Rio Grande do Sul. Aliás, na época, no estado do Rio Grande do Sul, defendia-se a ideia de que fosse o rio Canoas o limite com Santa Catarina e não o rio Pelotas.
D. Luiz Antonio de Souza, Morgado de Mateus, governador de São Paulo, determinou que Correia Pinto se encarregasse da fundação de Lages, objetivando pôr fim às pretensões espanholas, que desejavam aquela área e a expansão territorial da Capitania de São Paulo.
Correia Pinto, que enriqueceu com a venda de muares levados pelos tropeiros entre o Rio Grande do Sul e as feiras de Sorocaba, já era conhecedor da região de Lages, quando recebeu instruções para a fundação de uma vila naquele local.
Curiosidades
Em sua comitiva, o fundador Antônio Correia Pinto de Macedo não incluiu a presença de alguém da área da saúde, “alguém dado às artes de curar”. Ele mesmo distribuía os remédios, como conta em seu livro, Continente das Lagens, o escritor e historiador Licurgo Costa.
Sem a presença de um médico, os problemas de saúde eram tratados com ervas receitadas por familiares ou por curandeiros, como citado pelo escritor e jornalista, Névio Fernandes: Onofre, o curandeiro. “Com longas barbas, unhas grandes, olhar penetrante e voz mansa, ele curava e profetizava”. Os fundadores trouxeram macela, losna, sabugueiro, funcho, hortelã e folhas de goiabeira, além de emplastros.
Segundo o livro o Continente das Lagens, de Licurgo Costa, Correia Pinto relatou que o clima era sadio e que as pessoas que passavam por aqui, geralmente tropeiros, não portavam doenças contagiosas. Boa notícia, porque sem profissionais do ramo e sem hospitais, cirurgias eram realizadas em casos extremos.
O risco de morte nesses procedimentos era alto. O paciente geralmente era amarrado à mesa da casa, seguro por familiares enquanto alguém com mais conhecimento fazia o corte, na maioria das vezes amputação de membros. Não existiam anestésicos. Assim, gotas de clorofórmio eram pingadas em um pano amarrado no nariz do paciente.
O terceiro local foi aprovado
Lages, sob a proteção da padroeira, Nossa Senhora dos Prazeres, começou no local chamado Taipas, no qual havia uma igreja dos tropeiros. Logo foi abandonado aquele sítio, iniciando-se um núcleo de povoamento próximo ao Rio Canoas, mas as águas das enchentes levaram tudo.
E somente em 22 de maio de 1771 foi fundada Lages no atual lugar onde é atualmente encontrada, estando à frente o ilustre Correia Pinto.
Por uma série de razões, a começar pela falta de comunicação, a localidade demorou a se desenvolver. Diante dos incessantes ataques dos indígenas, Correia construiu uma represa no riacho, no meio da povoação, no qual as mulheres podiam lavar as roupas, ao evitar dessa forma que, afastadas e divididas de suas casas, fossem expostas aos ataques dos indígenas. Este local é o atual tanque do Parque Jonas Ramos.
Em 1787-1790, o alferes Antonio José da Costa construiu uma rota de Desterro (atual Florianópolis) até Lages, que seria um dos motivos para que, no ano de 1820, Lages deixasse de ser controlada pela Capitania de São Paulo e fosse jurisdicionado ao governo com sede na ilha de Santa Catarina.
O município foi palco de uma grande quantidade de fatos históricos. Além dos já mencionados, foi participante ativo da Guerra dos Farrapos, chegando os lageanos (em sua quase totalidade partidária dos farroupilhas) a serem os autores da proclamação da República em sua terra. Foi teatro, também, de fatos sanguinários, no tempo da Guerra do Contestado.
Lages da atualidade, conhecida pelo apelido de "Princesa da Serra", é o município de maior extensão territorial de Santa Catarina e é famosa pela criação de gado, por suas madeireiras e lavoura, sendo um dos mais importantes municípios de Santa Catarina pela sua participação econômica.
Criou-se o município em 9 de setembro de 1820, com área de 2.644 km, pertencente à região dos Campos de Lages.

Deixe seu comentário