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Inter de Lages

Patrick Cruz

Tio Vida, um jovem senhor
No dia 7 de setembro, o Estádio Municipal Vidal Ramos Júnior completou 71 anos de existência. Esse jovem senhor entrou em nossas vidas, e na do futebol catarinense, de mansinho, aos poucos, mas a gente piscou e aí está ele, forte e rijo. A longevidade deu à casa do Inter de Lages o status de ser um dos estádios mais antigos de Santa Catarina ainda em pleno uso.

O “Tio Vida” ganhou o apelido atual no início dos anos 2000, por iniciativa do narrador Souza Filho, que se valeu de um hábito lageano por excelência, o de chamar de “tio” as pessoas que nos são caras.

“Tio” é carinho, deferência, e os torcedores colorados abraçaram o apelido porque, afinal, não há como não se afeiçoar por um espaço do mundo em que tantas vezes fomos ver a camisa vermelha e ser felizes.

Mas nem sempre o estádio chamou-se Vidal Ramos Júnior. Ele nasceu apenas como Estádio Municipal da Ponte Grande, o nome da região do atual bairro Sagrado Coração de Jesus naquela época.

O que não mudou um só milímetro foi a relação umbilical entre o Colorado Lageano e o estádio. É até possível que o Inter construísse uma trajetória diferente da que teve até aqui se o estádio não existisse, mas, sem o Inter, o Tio Vida certamente não existiria nem teria sido ampliado ao longo das décadas.

“Após as solenidades de hasteamento do pavilhão nacional, o Dr. Osny Régis, prefeito municipal, declarou inaugurada aquela praça de esportes, discursando em substancioso improviso e entregando o estádio aos desportistas lageanos”, escreveu o jornal Correio Lageano na edição do dia 11 de setembro, a primeira a circular após a inauguração.

Naquele 7 de setembro de 1954, era a camisa vermelha do Internacional que estava em campo. Os colorados enfrentaram o Lages, uma das equipes que disputavam o citadino, a principal competição dos times da cidade na época. O adversário venceu o jogo por 2 a 1.

“A partida esteve equilibrada, com ataques de ambos os lados, até os 20 minutos, quando o Lages passou a predominar levemente, para ceder terreno no final da primeira etapa”, relatou o jornal. Alemão, do Lages, marcou o primeiro gol, mas, em uma triste ironia, foi um jogador do Inter o último a tocar na bola antes de ela chegar às redes pela primeira vez. “Já nesta fase”, prosseguiu o Correio Lageano, “o Lages abriu a contagem, por intermédio de Alemão, que chutou de longe, e Rubens num lance infeliz, desorientou Carlos, indo a pelota às redes”.

O Inter, valente como sempre, não sossegou enquanto não igualou o placar. “Pelo 40º minuto da etapa final, o Colorado empatou, depois de Parizzi dar um ‘rush’ sensacional e atirar violento à meta de Hélio”, diz a matéria do periódico. Meireles fez o gol da vitória do adversário já nos acréscimos da partida.

Perdemos, mas o resultado mais justo teria sido o empate, segundo o Correio Lageano, “quando não a vitória dos rubros, que jogaram melhor”. Para nos entregar o estádio que é até hoje a casa colorada, o Inter jogou com Carlos, Alemão e Ernani; Rogério, Rubens e Orá; Jango, Coco, Margarida, Parizzi e Pinto (Adair).

Perdemos, mas seguimos de pé.

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