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Inter de Lages

Patrick Cruz

O futuro é uma certeza em bronze

O Internacional de Lages não é um clube grande. Não é nem nunca foi.

Isso, é claro, segundo os pobres de espírito, os degenerados que acham que a vida cabe em uma planilha ou quem tem contas a resolver com Freud. Nós, os iluminados, que enxergamos o mundo com as lentes de quem tem um coração no peito, sabemos a verdade, inacessível para os não iniciados: a de que o clube de nossa cidade é gigantesco, incomparável, único.

Eliminada, para todo o sempre, qualquer dúvida que eventualmente ainda existisse sobre essa descabida controvérsia, tratemos de outra lente, a da nostalgia. Essa nós conhecemos bem, tão bem que ela parece até ser um traço da alma lageana.

É uma nostalgia idealizada, por assim dizer, se é que existe outro tipo de nostalgia que não esse. Lages orgulha-se de seu passado de opulência, grandioso, quando os limites de nossa cidade ocupavam mais da metade de Santa Catarina, quando tínhamos a economia mais pujante do estado, dávamos aos catarinenses governadores às dúzias, nosso inverno era o mais frio do país e esfregávamos na cara dos invejosos, sei lá, o céu mais estrelado e os dentes mais brancos ao sul do equador.

Não, não inventamos a saudade. É um fenômeno universal render-se aos pensamentos que dão origem à frase “naquele tempo é que era bom”. Mas, para os lageanos, a nostalgia não tem a ver apenas com a idealização do que vivemos, mas com a constatação de que já não somos mais a estrela da companhia que um dia fomos.

Na relação com o Inter de Lages, os torcedores de hoje fazem muxoxo ao falar do clube. Falam de como o Inter metia medo em qualquer clube do estado, batia de frente com qualquer um e jogava sobre o gramado mais impecável de Santa Catarina. Hoje, lamentam os colorados, o clube é um decalque desbotado do que um dia já foi.

Sim, é fato que no ano passado o clube caiu mais uma vez para a segunda divisão do estadual. As derrotas desanimam. Tampouco se pode ignorar que os longos períodos entre uma competição e outra - consequência direta do calendário do futebol brasileiro, que considera as necessidades de 40 clubes e virtualmente ignora a existência dos outros 600 que há no país - deixam mais frouxos os laços entre o time e sua torcida.

Mas não podemos nos deixar enganar por idealizações sobre um passado distante nem esmorecer com os contratempos dos anos recentes. O Internacional teve ótimas temporadas nos anos de 1960 e 1970, é verdade, mas nessas mesmíssimas décadas o clube, em diferentes momentos, chegou a enfrentar dificuldades tão grandes que quase o levaram a fechar as portas.

Sobre o que vemos no presente, os resultados de 2024 passaram longe do que gostaríamos, mas também temos tido alegrias com as peripécias de nossa camisa vermelha. Ou a felicidade do acesso à Série A em 2023, apenas para citar um grande feito recente, foi invenção de nossa cabeça?

Se, como já se disse, morte e impostos são as duas únicas certezas na vida, eu, humildemente, gravo em bronze uma terceira: o Inter de Lages tem futuro. E nós, todos nós, vamos construí-lo juntos.


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