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Santa Catarina tem três cidades entre as dez que mais preservam a Mata Atlântica no país. O dado faz parte do Atlas dos Municípios de Mata Atlântica, divulgado em 2015 pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) em conjunto com a Fundação SOS Mata Atlântica. Os três municípios com melhor resultado ficam na Serra Catarinense: Bom Jardim da Serra (3º), Urupema (8º) e São Joaquim (9º). A boa notícia é que, passados sete anos, esses municípios continuam preservando, a exemplo dos demais da região.
É o que mostra a organização Aqui Tem Mata (aquitemmata.org.br) que publicou estudo com base em dados fornecidos pelo INPE em 2021. Este estudo mostra que Bom Jardim da Serra possui 74.993,42 ha de mata atlântica, ou 80,13% da área original, que era de 93.587 ha. São Joaquim tem 76,02% de mata preservada, ou 143.849,40ha dos 189.226ha originais e Urupema tem 72,01% de área preservada, ou 25.206,97ha dos 35.000ha nativos.
De forma geral, todos os municípios da Serra Catarinense preservam a natureza. São rios, cascatas, vales e montanhas praticamente intocadas. Todo esse potencial estimula a visitação e atrai milhares de pessoas. É o turismo que se estrutura, a cada ano, para oferecer atrativos no inverno e no verão.
Revertido em benefício financeiro para empreendedores e administrações municipais, o turismo funciona como uma ferramenta de preservação. Apesar da região possuir boa gastronomia, artesanato, produtos coloniais e estruturas hoteleiras de alto padrão, é a natureza que exerce grande poder de atração.
Alguns locais ganharam notoriedade mundial, a exemplo da Coxilha Rica, que avança pelos municípios de São Joaquim, Capão Alto e Lages. É em Lages também que está o Parque Natural João José Theodoro da Costa Neto. Trata-se de um dos poucos parques urbanos do Brasil, em uma das principais áreas remanescentes da Mata Atlântica, englobando 234 hectares onde se preserva a fauna e flora.
Região tem um dos principais parques do Brasil
O Parque Nacional de São Joaquim está situado no Sul do país, mais precisamente na região serrana do estado de Santa Catarina. O acesso para a parte alta se faz pelos municípios de Urubici e Bom Jardim da Serra. O Parque Nacional também possui áreas nos municípios de Orleans, Grão Pará e Lauro Müller, estes localizados na parte baixa da Serra do Mar. Sua gestão está a cargo da ICMBio Instituto Chico Mendes, orgão ligado ao Ministério do Meio Ambiente.
A criação do Parque, em julho de 1961, está ligada à necessidade de proteção dos remanescentes de Matas de Araucárias, encontradas em abundância dentro de seus 49.800 hectares. O Parque está inserido no bioma Mata Atlântica.
Além de conservar ecossistemas existentes na Unidade de Conservação, ela foi criada com o objetivo de promover a educação ambiental, a pesquisa e a visitação pública.
A região oferece uma paisagem magnífica. Os cartões-postais são a Pedra Furada e o Morro da Igreja.
Na região nordeste do Parque encontram-se as maiores altitudes, sendo o ponto culminante o Morro da Igreja, com 1.822 metros. No centro do Parque também há áreas bastante elevadas, com altitudes acima de 1.650 metros. Essa região do parque é denominada Campos de Santa Bárbara.
Outro aspecto importante da Unidade é a sua formação geológica, composta por rochas vulcânicas, denominadas Basalto, que formam, conjuntamente com as formações de Arenito, um local propício à recarga e descarga do Aquífero Guarani. Estudos datam estas formações em aproximadamente 133 milhões de anos.
Objetivos
O Parque Nacional de São Joaquim é o primeiro parque nacional do estado de Santa Catarina e foi criado para preservar a biodiversidade, as belezas naturais e os aspectos do patrimônio histórico e cultural, característicos do Planalto Sul Catarinense e da encosta da Serra Geral, inseridos no bioma Mata Atlântica, garantindo a compatibilidade da recreação, do lazer, da pesquisa científica e da educação ambiental com um ambiente saudável para as presentes e futuras gerações.
Regularização fundiária
As ações de regularização fundiária do Parque Nacional de São Joaquim (PNSJ) foram iniciadas somente em 2006 e, atualmente, a gestão segue dando continuidade a este processo, conduzindo indenizações amigáveis, priorizando áreas de relevância para a conservação, mas também a regularização de diversas áreas com pedidos já protocolados junto à gestão.
Em uma estimativa aproximada, atualmente o Parque Nacional possui 28% das áreas particulares indenizadas. Somando-se a esta porcentagem as áreas devolutas, aproximadamente 49% da área do parque já estão regularizadas.
Fonte: ICMBio
Essas são algumas aves existentes no Parque São Joaquim Fotos: ICMBio / Divulgação
Entrevista com Alexandre Gustavo Silva
Engenheiro agrônomo da empresa Parceria Ambiental
Conhecedor da realidade ambiental da Serra Catarinense, Alexandre realiza trabalhos em vários municípios e avalia, de forma geral, como o meio ambiente é tratado por gestores e população em geral.
Folha da Serra_ Pode-se afirmar que a Serra Catarinense preserva os remanescentes da Mata Atlântica?
Alexandre Gustavo Silva_ É justamente na Serra Catarinense que se encontra a maior parte das florestas de mata atlântica em preservação no Estado de Santa Catarina, parte em função da topografia local bastante irregular, inapropriada para atividades agrícolas, associada a atividades de baixo impacto como a pecuária extensiva e outras reguladas pela legislação ambiental, como a silvicultura, parte pelo espírito conservacionista da população regional.
Na Serra Catarinense estão presentes, também, as maiores áreas intocáveis do Estado como o Parque Nacional de São Joaquim, nos municípios de Bom jardim da Serra e Urubici e o Campo dos Padres no município de Urubici.
A conservação ambiental nesta região chega a 65%, isto se dá pelo somatório das áreas de preservação permanente, áreas de reserva legal e áreas cobertas com florestas naturais, restando em torno de 35% para o desenvolvimento de atividades agrossilvopastoris.
Como o senhor vê a situação dos rios, principalmente do Caveiras que abastece Lages? Em alguns locais parece não haver mais mata ciliar.
O Rio Caveiras possui alguns trechos com pouca mata ciliar, apesar de que em muitos casos não foi por causa de desmatamentos, mas sim, da própria condição natural da vegetação. A proteção da mata ciliar é imprescindível para a manutenção da qualidade ambiental de um rio e para tanto deve ser preservada.
Há a necessidade de se adotar políticas públicas em relação a preservação das nascentes do Rio Caveiras, recuperação de mata ciliar ao longo do rio e desocupação irregular de população ribeirinha, causada por invasões, principalmente no trecho compreendido entre a Ponte do Rio Caveiras, na BR-116 até o Salto Caveiras.
A preservação da nascente do Rio Caveiras é primordial para manutenção da qualidade da água captada para fornecimento público, e merece atenção especial pela sociedade, pois trata-se de bem primordial às futuras gerações.
Há alguma atividade econômica, no campo ou na cidade, que ameace o meio ambiente?
A principal ameaça sobre o meio ambiente na região serrana está relacionada a ocupação desordenada das margens de rios, principalmente nos perímetros urbanos, problema social que precisa ser atacado pelo poder público. Sobre estas áreas ocorrem danos ambientais severos, acarretando desmatamento, favorecendo a ocorrência de enchentes, falta de saneamento básico e interferência na biota e nos recursos ambientais relacionados.
Atividades, sejam elas agrícolas e ou industriais, desde que estejam de acordo com os controles ambientais impostos pela legislação, que no Brasil é bastante rigorosa, não oferecem riscos maiores ao meio ambiente, sendo atividades que geram riqueza, emprego e renda aos municípios.
No meio rural, o turismo ainda é a melhor forma para se obter renda sem degradar?
Atividades desenvolvidas no meio rural são vitais para a vida urbana. Desde que seguidas as recomendações ambientais e agronômicas não oferecem riscos ao meio ambiente. O turismo, por sua vez, conhecido como a indústria sem chaminés, exercido de forma sustentável, representa uma atividade lucrativa e de baixo impacto ambiental. No entanto, há que se tomar cuidado quanto a forma de implantação, observando-se as características locais e ambientais, integrando a atividade ao meio ambiente de forma harmônica e sustentável.
Lages é a maior e a mais industrializada das cidades e, mesmo assim, não se percebe níveis de poluição. O senhor concorda?
A região serrana caminha para o processo de industrialização e Lages é seu maior expoente. As atividades Industriais merecem atenção especial. No caso específico de Lages, uma legislação municipal adequada, partindo do Plano Diretor, e que esteja direcionada a esse incremento econômico, definindo locais adequados às instalações das mesmas, estudos de impacto de vizinhança e fiscalização dos controles ambientais. Desta forma, é possível crescer industrialmente sem afetar de sobremaneira o meio ambiente e a população local.
Pode opinar sobre a situação do Brasil, alvo de críticas e elogios em relação ao meio ambiente?
Necessitamos despolitizar as questões ambientais, tratar o meio ambiente de uma forma natural, primordial como deve ser, mas não de forma polêmica como é discutido atualmente.
O Brasil tem vocação natural para a exploração de riquezas naturais como alimentos, madeiras, minérios e energia, para tanto, carece de políticas ambientais e agrícolas definidas e com segurança jurídica, proporcionando tranquilidade, produção e, consequentemente, sustentabilidade ambiental e econômica em prol de uma sociedade equilibrada e justa.
Bom Retiro também é exemplo de preservação ambiental
Há 30 anos, Eco-92 colocava a mudança climática na pauta global
Em 1992, representantes de 178 países se reuniram no Rio para discutir problemas ambientais. Conferência chamou atenção para desenvolvimento sustentável e viabilizou tratados, mas passos concretos ainda deixam a desejar.Efeito estufa, desmatamento, camada de ozônio. Três décadas atrás, esses e outros conceitos ainda eram muito mais restritos aos jargões dos cientistas do que presentes no dia a dia da população em geral. Trazer a conscientização ecológica para o debate público, apontam especialistas, foi o principal legado da Eco-92 ou Cúpula da Terra, como ficou conhecida a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, que reuniu representantes de 178 nações no Rio de Janeiro entre 3 e 14 de junho de 1992.
Faz 30 anos, e as transformações vividas pelo planeta de lá para cá tornaram imprescindível o que já era urgente: colocar em prática medidas para conter a devastação ambiental em busca de um desenvolvimento sustentável. Com termômetros marcando temperaturas cada vez mais elevadas, o vocabulário do tema também foi atualizado - "aquecimento global" e "catástrofe climática" são exemplos de termos hoje correntes.
Isto é dinheiro
A Conferência Eco-92 ou Rio-92 foi a primeira Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro no ano de 1992. A Conferência teve desdobramentos importantes dos pontos de vista científico, diplomático, político e na área ambiental, além de ceder espaço a debates e contribuições para o modelo de desenvolvimento ambientalmente sustentável.
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Antecedentes
A questão da proteção ambiental nem sempre possuiu os parâmetros de preservação da forma que conhecemos atualmente. Até o início da década de 1970, o pensamento global era de que o meio ambiente seria uma fonte inesgotável de recursos e, consequentemente, que as ações de aproveitamento da natureza seriam infinitas.
Por que a Conferência foi importante?
A Conferência realizada no Brasil colocou o assunto ambiental na agenda pública de uma maneira inovadora, sendo um importante passo e marco de como a humanidade encara sua relação com o planeta.
Foi nesse momento que a comunidade política internacional admitiu claramente que era preciso conciliar o desenvolvimento socioeconômico com a utilização dos recursos da natureza. Inúmeras propostas passaram a ser discutidas para que o progresso e o desenvolvimento acontecessem em harmonia com a natureza, garantindo a qualidade de vida tanto para a geração atual quanto para as futuras no planeta.
Afinal, os chefes de governo e comissões diplomáticas assumiram o compromisso de que temos de juntar os componentes econômicos, ambientais e sociais ao debate e considerá-los como essenciais a agenda de todos os países, pois se isso não for feito, não há como se garantir a sustentabilidade do desenvolvimento.
Fonte: Politize!
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