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Tarifaço de 50%

Taxação dos EUA sobre as exportações do Brasil será catastrófica para a Serra e para SC

Com informações da Fiesc e da ACR

A tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, a partir de 1º de agosto, anunciada pelo presidente Donald Trump, caiu como uma bomba sobre as empresas nacionais.

Na Serra Catarinense, a previsão é das piores, com demissões ou até fechamento de empresas. Na prática, os produtos brasileiros ficarão mais caros para os americanos, representando uma perda de competitividade em relação a fornecedores de outros países.

Santa Catarina tem nos Estados Unidos seu principal cliente. A expectativa é que, nos próximos dias, o governo brasileiro negocie uma alternativa para anular ou reduzir essa tarifa.

Essa situação prejudica as empresas que exportam e o ecossistema formado por elas. Por exemplo, uma empresa que produz chapas de madeira movimenta o setor de transporte, de energia elétrica, combustível, embalagens, comida industrial e tantos outros. Numa eventual redução da produção, todos sentem o impacto. 

Mario Cezar de Aguiar, presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) diz que o posicionamento é de preocupação com a indústria catarinense, dado que SC tem nos Estados Unidos seu principal destino de exportações.

“Nos preocupa bastante e temos que tomar medidas para achar alternativas e resolver essa situação problemática para a indústria e para a economia de Santa Catarina.” 

Para ele, a madeira que é um grande player (tanto madeira para a construção civil quanto para o mobiliário), material elétrico e também a fundição são os setores mais afetados.

Uma das alternativas são essas empresas que têm clientes tradicionais nos EUA buscar a redução parcial dessas tarifas, seja conjuntamente, por setor ou até mesmo individualmente por empresa. “Estamos orientando as empresas para que busquem novos mercados na América Latina ou em outros continentes onde possam comercializar seus produtos”, complementa Aguiar.


Israel Marcon, empresário, exportador e ex-presidente da Fiesc para a Serra Catarinense avalia a situação

Folha da Serra -  Mantido o aumento do imposto, como o senhor analisa o impacto para quem produz na Serra Catarinense e tem clientes nos EUA?

Israel Marcon - O impacto será devastador no curto prazo. Nossa região exporta muito para os EUA, 22,3% do que é exportado na Serra vai para este país. Nós temos setores que se especializaram em fabricar produtos para os Estados Unidos, então certamente os efeitos serão muito grandes.

Existem outros mercados que podem absorver os produtos?

As tarifas estão sendo impostas para vários países, e muitos destes já são clientes ou potenciais clientes, e que acabam exportando para os EUA, então tudo se conecta. 

Abrir novos mercados em momentos como esse sempre é muito difícil. Certamente que as empresas estão buscando alternativas, mas quando fazemos isso de forma desorganizada e no desespero, a chance de não dar o resultado esperado é grande, mas tenho fé que teremos saídas para essa crise.

A médio prazo, essa situação pode causar desemprego e o fechamento de indústrias?

Infelizmente sim. Não descartamos que teremos demissões, e empresas reduzindo seu tamanho ou até mesmo parando suas produções por um tempo.

O grande problema é que ainda há muita incerteza sobre o que virá pela frente. A Madeira, por exemplo, está no rol de produtos que estão sob investigação da Lei 232 que ainda poderá incluir tarifa setorial para estes produtos. Até que o cenário esteja mais claro em relação a tudo isso, ainda teremos períodos de muitas dificuldades, principalmente para aquelas empresas que têm nos EUA seu principal cliente.

Foto: Fiesc / Divulgação


O que já se sabe sobre as novas tarifas de 50% dos EUA

A Câmara de Comércio Exterior da Federação das Indústrias de SC (FIESC) realizou segunda-feira (14) uma reunião emergencial com industriais exportadores de Santa Catarina para esclarecer o que já se sabe sobre os impactos da tarifa anunciada de 50% pelo governo norte-americano.
A presidente da Câmara, Maria Teresa Bustamante, explicou que embora se tenha conhecimento sobre a intenção de Trump de taxar produtos brasileiros em 50%, ainda não foram publicadas informações oficiais pelo Departamento de Comércio dos Estados Unidos.

Definições e dúvidas

Principais setores afetados em SC

A presidente da Câmara também atualizou os industriais do setor de madeira e derivados sobre o andamento da defesa brasileira na investigação da seção 232.

Investigações da Seção 232: o que é

Uma investigação nos termos da Seção 232 é conduzida pelo Departamento Comercial Americano, a pedido do presidente da república sobre a madeira brasileira exportada para aquele país. O objetivo da investigação é determinar o efeito das importações sobre a segurança nacional. As investigações podem ser iniciadas com base em um requerimento de uma parte interessada, uma solicitação do chefe de qualquer departamento ou agência, ou podem ser iniciadas pelo próprio Secretário de Comércio.

O relatório do secretário ao presidente Donald Trump, preparado dentro de 270 dias após o início do processo, analisará se a importação do artigo em questão é feita em quantidades ou em circunstâncias que ameacem a segurança nacional. O presidente pode concordar ou não com as recomendações do secretário e tomar medidas para "ajustar as importações de um artigo e seus derivados" ou outras medidas não comerciais que julgar necessárias.


A importância da madeira

Santa Catarina tem a segunda maior área plantada com florestas de pinus do Brasil: 713 mil hectares, mais de um terço do total nacional, ficando atrás somente do Paraná, por pouca diferença. Trata-se de um imenso estoque de matéria-prima que vem sendo crescentemente transformada em Santa Catarina. 

O esforço em agregar valor à madeira no próprio Estado é observado em várias cidades da Serra Catarinense, a exemplo de Lages, Correia Pinto e Otacílio Costa e em Caçador, no Meio-Oeste catarinense. “Nos últimos 10 anos tivemos grandes investimentos industriais e, além disso, diversos fornecedores de madeira passaram a industrializar o próprio produto, em vários segmentos de atuação, dando origem a novas fábricas”, diz Aurélio de Bortolo, presidente do Sindicato da Indústria da Madeira de Caçador (Simca). 

“A indústria de base florestal deixou de ser vista como pobre e suja. Antigamente se dizia ‘ou estuda ou vai bater tábua’. Hoje em dia a indústria é tecnológica, incorpora ferramentas de indústria 4.0 e de inteligência artificial, demanda profissionais altamente qualificados, é sustentável e a madeira é integralmente aproveitada em diversos processos na cadeia produtiva. O setor deixou de ser serraria e se tornou indústria do século 21”, define Gilberto Seleme, primeiro vice-presidente da Fiesc. 

Com 2.702 indústrias de fabricação de produtos de madeira (exceto móveis), SC é o estado com mais empresas do setor em todo o Brasil

Fonte: Observatório FIESC


Exportações catarinenses crescem 6,6% no primeiro semestre

As vendas de motores elétricos - terceiro item da pauta catarinense - caíram 17,9%, para US$ 281,5 milhões, enquanto as exportações de partes de motor recuaram 18,5%, para US$ 201,8 milhões. A soja, quarto principal produto de exportação do estado, observou redução de 29,7% no período, para US$ 229,8 milhões. Dados compilados pelo Observatório FIESC apontam que destacam-se entre as maiores altas, as exportações de tabaco não manufaturado, que avançaram 75,3% no primeiro semestre, e também as de painéis para comando elétrico, que dispararam 417,7%.

Importações
No primeiro semestre do ano, as importações apresentaram incremento de 4,9% na comparação com 2024, somando US$ 16,8 bilhões. O desempenho reflete o aumento de compras de produtos como aços laminados planos, que avançaram 255,3% no período, somando US$ 301,6 milhões. As importações de partes e acessórios para veículos cresceram 16,4%, para US$ 455,6 milhões, enquanto as de veículos caíram 17,9%, para US$ 339,6 milhões nos primeiros seis meses do ano. O cobre refinado, principal produto comprado por SC, apresentou queda de 7,4%, para US$ 657,1 milhões. As importações de polímeros de etileno, terceiro item na pauta, recuaram 13,5%, para US$ 346,8 milhões.

Destinos e Origens
Os principais destinos das exportações de Santa Catarina foram os Estados Unidos, com US$ 847,2 milhões, um recuo de 1,1%, seguido da China, com US$ 580,4 milhões e queda de 5,3%. O México, quinto principal destino das exportações, apresentou recuo de 13%.  Já as vendas para a Argentina cresceram 33,4%, e as para o Japão tiveram incremento de 25,8%. As exportações com destino ao Chile tiveram um incremento de 39,7%.

Do lado das importações, a China segue sendo a principal origem das importações de SC, com US$ 7,26 bilhões, montante que representa um incremento de 6,7% de janeiro a junho. Os Estados mantiveram a segunda posição, com recuo de 6,1% nas vendas a SC, para US$ 1,08 bilhão. As importações do Chile recuaram 2,8%, para US$ 1,03 bilhão no semestre.

Com 2.702 indústrias de fabricação de produtos de madeira (exceto móveis), SC é o estado com mais empresas do setor em todo o Brasil

Os argumentos de Trump

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, comentou nesta terça-feira (15) sobre a imposição da tarifa de 50% contra o Brasil. Questionado sobre a justificativa por trás do movimento, o republicano simplesmente argumentou que tem a capacidade de fazê-lo.

"Porque eu sou capaz de fazer isso. Ninguém mais seria capaz", disse Trump na Casa Branca. Questionado se havia algum motivo de segurança nacional, o presidente norte-americano respondeu que "temos tarifas em vigor porque queremos tarifas e queremos que o dinheiro entre nos EUA".

Mais importante, disse Trump, é que as tarifas podem convencer o país ou a empresa a "construir nos EUA, fabricar seus produtos nos EUA, e isso cria empregos".

Mais tarde, Trump voltou a defender o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que enfrenta julgamento pela suposta trama golpista que teria tentado impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"O presidente Bolsonaro é um bom homem", disse Trump. “O presidente Bolsonaro não é um homem desonesto. Ele ama o povo brasileiro. Ele lutou muito pelo povo brasileiro. Ele negociou acordos comerciais contra mim em nome do povo brasileiro e foi muito duro.”

“Acredito que seja uma caça às bruxas, e não deveria estar acontecendo”, continuou Trump. “Olha, ele não é, tipo, um amigo meu. Ele é alguém que eu conheço.”

Fonte CNN

Foto: Fiesc / Freepik 

A importância da madeira

Santa Catarina tem a segunda maior área plantada com florestas de pinus do Brasil: 713 mil hectares, mais de um terço do total nacional, ficando atrás somente do Paraná, por pouca diferença. Trata-se de um imenso estoque de matéria-prima que vem sendo crescentemente transformada em Santa Catarina. 

O esforço em agregar valor à madeira no próprio Estado é observado em várias cidades da Serra Catarinense, a exemplo de Lages, Correia Pinto e Otacílio Costa e em Caçador, no Meio-Oeste catarinense.

“Nos últimos 10 anos tivemos grandes investimentos industriais e, além disso, diversos fornecedores de madeira passaram a industrializar o próprio produto, em vários segmentos de atuação, dando origem a novas fábricas”, diz Aurélio de Bortolo, presidente do Sindicato da Indústria da Madeira de Caçador (Simca). 

“A indústria de base florestal deixou de ser vista como pobre e suja. Antigamente se dizia ‘ou estuda ou vai bater tábua’. Hoje em dia a indústria é tecnológica, incorpora ferramentas de indústria 4.0 e de inteligência artificial, demanda profissionais altamente qualificados, é sustentável e a madeira é integralmente aproveitada em diversos processos na cadeia produtiva. O setor deixou de ser serraria e se tornou indústria do século 21”, define Gilberto Seleme, primeiro vice-presidente da Fiesc. 

Com 2.702 indústrias de fabricação de produtos de madeira (exceto móveis), SC é o estado com mais empresas do setor em todo o Brasil

3,3 MIL

Número de fábricas de móveis existentes em SC, 4ª maior concentração do Brasil


104,9 MIL

Trabalhadores diretos no setor de base florestal em SC (inclui produção florestal)

Fonte: Observatório FIESC


Exportações catarinenses crescem 6,6% no primeiro semestre

As exportações catarinenses apresentaram incremento de 6,6% no primeiro semestre de 2025, na comparação com igual período do ano passado e atingiram US$ 5,86 bilhões.

As vendas externas do estado foram puxadas pelo setor de proteína animal, com as carnes de aves liderando a pauta exportadora catarinense, com US$ 1,09 bilhão, o que representou um aumento de 10,3% nos primeiros seis meses do ano contra o mesmo período do ano anterior. As exportações de carne suína avançaram 21,1% no acumulado do ano e totalizaram US$ 851 milhões.

As vendas de motores elétricos - terceiro item da pauta catarinense - caíram 17,9%, para US$ 281,5 milhões, enquanto as exportações de partes de motor recuaram 18,5%, para US$ 201,8 milhões.

A soja, quarto principal produto de exportação do estado, observou redução de 29,7% no período, para US$ 229,8 milhões. Dados compilados pelo Observatório FIESC apontam que destacam-se entre as maiores altas, as exportações de tabaco não manufaturado, que avançaram 75,3% no primeiro semestre, e também as de painéis para comando elétrico, que dispararam 417,7%.

Importações
No primeiro semestre do ano, as importações apresentaram incremento de 4,9% na comparação com 2024, somando US$ 16,8 bilhões. O desempenho reflete o aumento de compras de produtos como aços laminados planos, que avançaram 255,3% no período, somando US$ 301,6 milhões.

As importações de partes e acessórios para veículos cresceram 16,4%, para US$ 455,6 milhões, enquanto as de veículos caíram 17,9%, para US$ 339,6 milhões nos primeiros seis meses do ano. O cobre refinado, principal produto comprado por SC, apresentou queda de 7,4%, para US$ 657,1 milhões. As importações de polímeros de etileno, terceiro item na pauta, recuaram 13,5%, para US$ 346,8 milhões.

Destinos e Origens
Os principais destinos das exportações de Santa Catarina foram os Estados Unidos, com US$ 847,2 milhões, um recuo de 1,1%, seguido da China, com US$ 580,4 milhões e queda de 5,3%.

O México, quinto principal destino das exportações, apresentou recuo de 13%.  Já as vendas para a Argentina cresceram 33,4%, e as para o Japão tiveram incremento de 25,8%. As exportações com destino ao Chile tiveram um incremento de 39,7%.

Do lado das importações, a China segue sendo a principal origem das importações de SC, com US$ 7,26 bilhões, montante que representa um incremento de 6,7% de janeiro a junho. Os Estados mantiveram a segunda posição, com recuo de 6,1% nas vendas a SC, para US$ 1,08 bilhão. As importações do Chile recuaram 2,8%, para US$ 1,03 bilhão no semestre.


713 MIL HECTARES

florestas plantadas de pinus em SC, equivalente a 35% do total do Brasil


316 MIL HECTARES

florestas de eucalipto em SC, ou 4% do total nacional


Com 2.702 indústrias de fabricação de produtos de madeira (exceto móveis), SC é o estado com mais empresas do setor em todo o Brasil

3,3 MIL

Número de fábricas de móveis existentes em SC, 4ª maior concentração do Brasil


104,9 MIL

Trabalhadores diretos no setor de base florestal em SC (inclui produção florestal)


Os argumentos de Trump

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, comentou nesta terça-feira (15) sobre a imposição da tarifa de 50% contra o Brasil. Questionado sobre a justificativa por trás do movimento, o republicano simplesmente argumentou que tem a capacidade de fazê-lo.

"Porque eu sou capaz de fazer isso. Ninguém mais seria capaz", disse Trump na Casa Branca. Questionado se havia algum motivo de segurança nacional, o presidente norte-americano respondeu que "temos tarifas em vigor porque queremos tarifas e queremos que o dinheiro entre nos EUA".

Mais importante, disse Trump, é que as tarifas podem convencer o país ou a empresa a "construir nos EUA, fabricar seus produtos nos EUA, e isso cria empregos".

Mais tarde, Trump voltou a defender o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que enfrenta julgamento pela suposta trama golpista que teria tentado impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"O presidente Bolsonaro é um bom homem", disse Trump. “O presidente Bolsonaro não é um homem desonesto. Ele ama o povo brasileiro. Ele lutou muito pelo povo brasileiro. Ele negociou acordos comerciais contra mim em nome do povo brasileiro e foi muito duro.”

“Acredito que seja uma caça às bruxas, e não deveria estar acontecendo”, continuou Trump. “Olha, ele não é, tipo, um amigo meu. Ele é alguém que eu conheço.”

Fonte CNN

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