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A comunidade quilombola Invernada dos Negros, em Campos Novos, o primeiro território quilombola reconhecido oficialmente em Santa Catarina, viveu um momento importante na quinta-feira, 4 de dezembro, durante uma reunião que marcou a apresentação de resultados, o alinhamento das próximas etapas e a entrega de novas colmeias do projeto Inclusão Socioprodutiva Quilombola Invernada dos Negros.
A iniciativa é coordenada pelo Sebrae, que destinou R$250 mil para a capacitação e a estruturação produtiva da comunidade, e conta com a parceria com a Prefeitura de Campos Novos.
Há um ano, o projeto acompanha 45 produtores de mel e 22 de mandioca e já demonstra impactos concretos na renda, no manejo e na organização produtiva das famílias.
O território abriga cerca de mil pessoas, distribuídas em 360 famílias. Além do mel, a comunidade também produz mandioca, milho tradicional e erva-mate.
A apicultura ganhou força nos últimos meses e, mesmo neste início de projeto, a expectativa é que a safra 2025/2026 alcance aproximadamente uma tonelada de mel.
Em três anos, a projeção é chegar a cerca de 10 toneladas, resultado do manejo adequado e das ações de qualificação técnica promovidas pelo projeto.
As aquisições de equipamentos e colmeias foram viabilizadas por recursos parlamentares. Por meio de uma emenda de R$200 mil do deputado estadual Padre Pedro, foram adquiridos 45 kits apícolas, contendo 10 colmeias, dois macacões, botas, cera alveolada, fumegador e baldes.
A verba também possibilitou a compra de 130 novas colmeias, das quais 60 já foram entregues durante o encontro e outras 70 serão distribuídas em breve, além de 225 enxames, garantindo cinco por produtor.
A chegada desses insumos ampliou a segurança, a padronização e a confiança no trabalho, especialmente para quem nunca havia tido acesso a materiais adequados para extração e manejo.
Para o presidente da Associação da Comunidade, Fábio Fernando de Souza, esse passo na produção representa uma conquista coletiva de grande significado.
“O apoio técnico de instituições como Sebrae e Epagri tem sido fundamental para que as famílias aprendam, se organizem e obtenham resultados concretos. As emendas parlamentares também são decisivas, porque viabilizam a compra dos equipamentos necessários para o desenvolvimento da apicultura. Além da emenda já recebida, agora contamos com mais duas: uma de R$145 mil, destinada pelo deputado federal Markito, e outra de R$ 100 mil, do deputado Fabiano da Luz, que vão permitir ampliar ainda mais nossa estrutura”, ressalta Fábio.
A experiência da Invernada dos Negros já é vista pelo Sebrae como referência nacional em inclusão socioprodutiva. Ao unir tradição, sustentabilidade e técnica, a comunidade fortalece sua autonomia e amplia sua presença em um setor em crescimento no país, o Brasil é hoje o 10º maior produtor de mel do mundo, segundo a FAO.
Com organização coletiva, marca própria e produção qualificada, o território avança economicamente sem perder sua história nem sua força cultural, agora cada vez mais reconhecidas.
“O desafio agora é transformar a produção em presença de mercado. Eu estou ansioso para ver os produtos de vocês embalados, rotulados, prontos para ganhar prateleiras e feiras. Quando isso acontecer, e vai acontecer, vocês vão sentir uma motivação ainda maior”, reforça o gerente regional do Sebrae Serra Catarinense, Altenir Agostini.
O consultor do Sebrae, Neuri Riboli, que acompanha o projeto desde o início, explica que o plano previa até três anos para que os resultados fossem perceptíveis, mas o avanço foi mais rápido. Melhorias no manejo e no calendário apícola já possibilitaram um incremento estimado de 30% na renda das famílias.
“A escolha pela apicultura foi estratégica, a região possui mata nativa preservada e grande diversidade de floradas, ideais para produção de mel de qualidade, especialmente com abelhas africanizadas, adaptadas ao clima e à vegetação local”, detalha.
Entre os beneficiados está o jovem produtor Matheus Marques, de 27 anos. No ano passado, com oito caixas herdadas do pai, produziu 56 quilos de mel silvestre. Este ano, aplicando o manejo aprendido no projeto, deve alcançar 200 quilos, sem ampliar o número de colmeias.
“Esses resultados vieram só com a organização do trabalho. Agora estou recebendo mais cinco caixas, o que vai levar minha produção para mais de 300 quilos”, relata.
A comunidade também se prepara para colher, em 2026, o mel de melato de bracatinga, iguaria de alto valor agregado e com Indicação Geográfica reconhecida, cuja safra ocorre a cada dois anos.
Fotos:Lizzi Borges/Catarinas Comunicação


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