<
Associação Brasileira dos Produtores de Maçã

A importante função social da maçã catarinense

Em 2016, Santa Catarina assumiu a liderança nacional em produtividade de maçãs. Nesta safra (24/25), segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Maçã (ABPM), nosso estado perdeu em quantidade para os vizinhos gaúchos.

Fato considerado irrelevante quando a produção é analisada de forma mais ampla, principalmente pelo prisma da função social que exerce nos municípios da Serra Catarinense, com ampla distribuição de renda e no combate ao êxodo rural. A análise é de Marlon Couto, gerente Regional de Extensão Rural da Epagri São Joaquim. 

Para Marlon, a diferença não é significativa. “Na minha opinião estamos empatados na estatística, ou seja, a diferença (com o Rio Grande do Sul) não é significativa. Prefiro acreditar que aqui em Santa Catarina temos a melhor qualidade nas regiões mais altas e frias e melhor capacidade de tornar a maçã uma atividade econômica capaz de distribuir melhor a renda entre os pequenos e médios produtores.”

São mais de 2.300 fruticultores na Serra Catarinense, principalmente concentrados em São Joaquim, Bom Jardim da Serra, Urubici, Urupema, Bom Retiro, Lages e Painel.

Ao proporcionar renda a estes pequenos agricultores, a maçã contribui para que tenham uma boa qualidade de vida, situação que serve como incentivo para que os jovens permaneçam no campo perpetuando a atividade. 

Em Santa Catarina as cooperativas exercem a função de apoiar os fruticultores na produção e facilitar a venda dos frutos. Armazenam os frutos em câmaras frias, o que permite a comercialização a qualquer época do ano.   

O Governo do Estado de Santa Catarina também é parceiro, investiu e continua investindo em pesquisa agropecuária e extensão rural, e em políticas públicas para o setor. O trabalho de pesquisa é realizado, em grande parte, pela Epagri de São Joaquim, que testa novos cultivares mais resistentes a doenças e ou com produtividade melhor. 

Foto: Aires Mariga / Epagri


Satélite mostra crescimento dos pomares

Os pomares de maçã vêm crescendo de forma constante na Serra catarinense. Em 2020 eles ocupavam uma área de 12.060 hectares, em 2025 essa cobertura chegou a 14.981 hectares.

É o que concluiu o terceiro mapeamento por imagens de satélite da região, realizado pela Epagri/Ciram. No mapeamento de 2023, a área aferida foi de 14.026 hectares.

“Este mapeamento faz parte do monitoramento da cultura no Estado”, revela Kleber Trabaquini, pesquisador da Epagri/Ciram e doutor em sensoriamento remoto pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

Segundo ele, a região serrana de Santa Catarina tem apresentado nos mapeamentos uma dinâmica particular, ou seja, com redução da área plantada em alguns municípios, como em Fraiburgo, que ocorre paralelamente a um grande crescimento em outros locais, como São Joaquim e Bom Jardim da Serra.

O terceiro levantamento por imagens de satélite concluiu que 85% de toda a área plantada com maçã no Estado fica na região serrana. São Joaquim lidera área plantada e produção em nível nacional. São 10.912 hectares cultivados com macieira no município, que representam 63% do total estadual e 34% de toda área do país. 

Kléber explica que até o final do ano a Epagri/Ciram vai estender o mapeamento por satélite de pomares de maçã para todo o território catarinense. “Nesta primeira etapa, os dados foram produzidos para a região de maior produção”, contextualiza. 


Imagens de satélites reduzem margem de erro

O primeiro mapeamento da área plantada com macieiras em Santa Catarina foi feito na safra 2019/20, com imagens Sentinel-2, de 10 metros de resolução.

Já nos mapeamentos de 2022/23 e 2024/25 foram utilizadas imagens CBERS-2, sensor WPM, com 2 metros de resolução espacial. “Através destas imagens é possível obter um mapeamento com melhor acurácia dos dados, ou seja, menor erro no mapa final”, pontua o pesquisador. 

Além do mapeamento dos pomares, foi realizado o levantamento de área coberta com tela antigranizo, através das imagens orbitais do CBERS 4A. “Verificou- se que aproximadamente 23% dos pomares apresentam cobertura com tela antigranizo na região serrana”, atesta Kleber. 

Além de Kléber, a equipe responsável pelo mapeamento por satélite da área cultivada com maçã em SC é composta pelo geógrafo e assistente de pesquisa da Epagri/Ciram Valci Vieira e a estudante de Agronomia da UFSC Emily Martiniski. Os extensionistas rurais da Epagri atuam na validação do mapeamento a campo.

Foto: Epagri / Divulgação


Granizo causou R$ 17.6 milhões de prejuízos 

A chuva de granizo que atingiu, no dia 19 de abril deste ano, as localidades do interior de São Joaquim causou R$ 17.660.200,00 de prejuízos nos pomares de maçãs.

A estimativa é da Epagri, que apurou a perda de 6.300 toneladas do fruto. O valor inclui a desvalorização do fruto, danos em telas anti-granizo e nas árvores. 

Na época, para facilitar a vinda de ajuda, a Prefeitura de São Joaquim decretou Situação de Emergência.O prejuízo não foi maior porque mais da metade da produção da maçã Fuji já foi colhida. 

 variedade Gala é colhida primeiro e não sofreu danos. O levantamento feito pela Epagri apontou danos em 49 propriedades das localidades de Boava, Chapada Bonita, Estância do Meio, Três Pedrinhas, Invernadinha, Despraiado e São Sebastião do Arvoredo. 

São Joaquim é o maior produtor nacional do fruto, com cerca de 350 mil toneladas anuais. É a produção de maçã que responde por grande parte da movimentação financeira do município, estimulando os setores da Indústria, Comércio e Serviços. 

O granizo encontrou frutos prontos para a colheita. A quantidade de gelo foi tão grande que danificou até pomares cobertos por telas. O peso do gelo rasgou as telhas e em casos mais graves derrubou até as estruturas de madeira que sustentam as telas.

Com isso, segundo a ABPM, Santa Catarina colheu nesta safra 339.086 toneladas, contra 352.846 da safra passada. A região de Lages e São Joaquim respondeu por grande parte da produção com 276.020 toneladas. O Rio Grande do Sul somou 343.180 toneladas.

Foto: Wagner Urbano / Divulgação

A importante função social da maçã catarinense Anterior

A importante função social da maçã catarinense

Celebridades e investidores posicionam a Serra Catarinense como novo destino do alto padrão Próximo

Celebridades e investidores posicionam a Serra Catarinense como novo destino do alto padrão

Deixe seu comentário