A deputada federal fala com exclusivamente ao Folha da Serra. Ela foi a primeira candidata a disputar uma eleição majoritária em Lages e, caso fosse eleita, seria a primeira mulher a administrar o município. A única mulher no primeiro escalão da prefeitura foi a vice de Décio Ribeiro (1996-2000), Terezinha Carneiro.

Folha da Serra: Que avaliação a senhora faz do resultado das eleições? Foram apenas 56 votos de diferença.

Carmen Zanotto: O resultado demonstrou um equilíbrio já mais visto nas eleições de Lages. Fizemos uma campanha com propostas viáveis baseada na necessidade das pessoas, que poderiam transformar a nossa cidade e melhorar a qualidade de vida da nossa gente. No entanto, sofremos com ataques pesados dos adversários, com mentiras e fake news de todos os tipos. A exemplo do auxílio emergencial, além de áudios e vídeos agressivos contra minha honra, realizados por pessoas que eu jamais imaginava, mas tudo isso será restabelecido no seu tempo e hora no judiciário.

Porém, o que mais me motiva a trabalhar, mesmo daqui de Brasília, é que na campanha, caminhando pelos bairros, vi muitas situações que não passou nos programas eleitorais da situação. Nossa gente precisa de mais cuidados.

Agradeço aos partidos que estiveram na nossa coligação, os candidatos a vereador e a vereadora e a minha equipe que foi extremamente comprometida, e a todos os lageanos e lageanas que confiaram o seu voto em mim e no Samuel.

Nas próximas eleições, daqui a dois anos, a senhora voltará a disputar uma vaga na Câmara Federal?

O que eu posso assegurar é que continuarei trabalhando da mesma forma em prol da nossa gente, principalmente as que mais precisam de cuidados do poder público.

E a senhora pensa em concorrer novamente à Prefeitura de Lages?

Concorri porque tenho clareza que poderia fazer muito mais, e do jeito que as coisas estão acontecendo em Lages, provavelmente a atenção terá que ser maior no futuro próximo. Agora focarei no meu mandato e continuarei trabalhando pelos catarinenses, serranos e lageanos como deputada federal.

Dos projetos que a senhora apresentou durante a campanha, qual sente mais em não poder colocar em prática?

Foram muitos projetos que eu tenho certeza que eram viáveis e fariam a diferença na vida da nossa gente. Entre eles, o cuidado com as nossas crianças, priorizando a atenção dos 0 aos 6 anos de idade e a creche noturna. Pois, além do amor e do cuidado, as crianças estimuladas serão jovens e adultos com sete vezes mais possibilidades de sucesso. Também a melhoria na saúde, como o prontuário eletrônico, medicamento em casa, agilidade na realização dos exames e consultas com especialistas e também zerar as filas de espera das cirurgias eletivas. E ainda, o emprego já, que possibilitaria a qualificação dos nossos jovens compatíveis com a demanda da nossa cidade. Geração de emprego e renda e o uso da tecnologia para a desburocratização dos processos, facilitando a vida dos usuários com respostas mais rápidas, sem tantas idas e vindas. A retomada do turismo e fortalecimento da cultura e do tradicionalismo e de outras manifestações culturais. Enfim, eram muitas as propostas que poderiam ser colocadas em prática.

A senhora já voltou para Brasília. Gostaria que falasse um pouco dos trabalhos em andamento na Capital Federal.

Os compromissos como deputada federal não foram interrompidos, participei de todas as reuniões da Comissão Externa de Enfrentamento à Covid-19, onde sou relatora, destas apenas quatro participei de forma virtual. Essa semana realizamos uma audiência com a Anvisa e o Instituto Butantan sobre a vacina Coronavac.

Além da Comissão Externa, estamos realizando as votações remotas da Câmara Federal, onde temos votado importantes projetos pra tentar amenizar o impacto da pandemia do coronavírus na vida do cidadão, como a manutenção do auxílio emergencial e a desoneração da folha e pagamento das empresas.

Também estive com o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, quando tratamos dos Consórcios Públicos de saúde, prorrogação da habilitação de novos leitos de Covid para Santa Catarina, habilitação da Radioterapia do Hospital Santo Antônio de Blumenau e inauguração do serviço de Radioterapia do Hospital Marieta Konder, em Itajaí.

Ainda participei de uma audiência com o presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento para Educação (FNDE), Marcelo Ponte para resolver a liberação de recursos da educação para as instituições filantrópicas e comunitárias do nosso Estado. Continuamos defendendo as nossas pautas do câncer, das pessoas com deficiência, dos idosos e das mulheres.

No domingo, Lages completa 254 anos de emancipação. Gostaria que deixasse um recado para a cidade.

Por amor a nossa cidade e a nossa gente foi que disputei e eleição. Acredito que a nossa cidade pode se desenvolver muito mais. Precisamos enxergar os bairros, as pessoas que mais precisam, o crescimento precisa acontecer de forma igualitária. Somente teremos uma cidade forte e pujante quando os homens e mulheres estiverem preparados pra o mercado de trabalho.

Somos um povo batalhador, honesto e acolhedor. Desejo que a nossa cidade volte a ter o protagonismo estadual que nós merecemos. A cada lageano e lageana deixo o meu abraço, o meu carinho e gratidão por terem me permitido representá-los. Contem sempre comigo.