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Patrick Cruz

Inter - 75 anos

O colorado que ofuscou os extraterrestres

Trajavam uniforme inteiramente negro, tinham um morcego como mascote e exalavam um quê meio fantasmagórico os atletas do Vampiro Foot Ball Club, de Joinville, um dos clubes pioneiros do futebol em Santa Catarina; se o Rio de Janeiro tem no embate entre Vasco e Flamengo o Clássico dos Milhões, Perdigão e Sadia fizeram o Clássico da Linguiça, os encontros-camicase entre os times de Videira e Concórdia nos anos 1960; e na falta de um Leônidas da Silva, o inventor da bicicleta, o futebol catarinense pariu seu Leônidas da Selva, inventor da “bicicleta plantando bananeira”.

Vampiro, Perdigão, Sadia e Leônidas da Selva são personagens do livro “Almanaque do Futebol Catarinense, dos jornalistas Emerson Gasperin e Zé Dassilva. Estão no livro, de textos ligeiros e imagens em profusão, as fichas de todos os principais times do estado, a lista de campeões, os grandes árbitros, os cronistas mais renomados, os craques da bola e também alguns pernas de pau. Mas, sobre Jones, nada.

Revelado pelo Inter de Lages no fim da década de 1970, o artilheiro rodou o mundo da bola como uma das grandes crias coloradas. De Lages, Jones foi para o Inter de Porto Alegre, Portuguesa e Sport, entre outros tantos. Desfilou também sua raça de centroavante rompedor, destemido, à moda lageana, no futebol português, antes de voltar ao Internacional, em 1990, de onde ainda sairia para atuar no Figueirense.

A folha corrida de Jones teve camisas de peso, o que o credencia para ser escalado no Almanaque. Mas ignoremos os feitos de sua prolífica carreira: talvez a ufologia ateste essa escalação como incontestável.

No dia 6 de março de 1982, Operário-MS e Vasco se enfrentaram pelo Campeonato Brasileiro em Campo Grande. No início da partida, o susto: um objeto luminoso, estranhíssimo, sobrevoou o Estádio Morenão e pôs atônitas as 24.575 testemunhas. O objeto voador não-identificado fez daquele o Jogo do Disco Voador, um marco até para experimentados estudiosos de fenômenos do gênero. A aparição detém ainda hoje, afinal, o recorde mundial de maior público a ter presenciado um OVNI.

A partida entrou no rol das lendas - e a bola mal tinha rolado. Quando rolou, o brilho foi de Jones. Primeiro, ele recebeu a bola reposta pelo goleiro Carlos Alberto, driblou dois marcadores e chutou de fora da área, para estupefação do goleiro cruz-maltino Mazarópi - e também de Galvão Bueno, que narrava a partida na TV Globo e ficou alguns instantes sem conseguir emitir palavra sobre a jogada a que acabara de assistir. No segundo gol, o cruzamento do atacante Cléber foi a deixa para o cabeceio fulminante do ex-centroavante colorado. Dois a zero foi o placar, assinado exclusivamente por Jones.

Pelé parou uma guerra. Dario parava no ar. Jones Roberto Minosso, que hoje vive nas estrelas, parou o show do disco voador para se fazer protagonista da noite. Um legítimo filho do Internacional de Lages ofuscou os extraterrestres: que os livros perenizem o feito inigualável.


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