O Inter e o apedrejamento
Arnoldo Rosa, Athos Tiradentes Vieira Athayde, Ubirajara Inácio da Silva, Newton de Souza Ramos, Olivar Salmória. Os torcedores de hoje talvez não reconheçam esses personagens, mas todos eles foram presidentes do Internacional de Lages. O que esses homens fizeram décadas atrás continua a influenciar os destinos do clube.
Com suas virtudes e limitações, seus erros e acertos, cada um deles ajudou a dar forma ao clube e a fazê-lo ser o que é. Esses presidentes, e todos os outros, e todos os dirigentes, patrocinadores, atletas e demais profissionais que passaram pelo Inter ao longo dos últimos 75 anos, ajudaram a moldá-lo, a dar a ele feição, personalidade, alma.
O clube é o que é porque todas essas pessoas - e, claro, também os torcedores colorados - tomaram as decisões que julgaram convenientes para o momento. É por isso que o Inter é uma construção coletiva, e que o resultado dessa construção é um tanto o espelho de quem somos: as pessoas que fizeram o clube no passado e nós, torcedores do presente, somos o Inter de Lages.
Esse raciocínio é meio como o tal "efeito borboleta", um conceito segundo o qual o bater de asas de uma singela borboleta pode influenciar o curso dos acontecimentos a ponto de provocar um tufão do outro lado do mundo. (Trata-se de uma simplificação da teoria do caos, um campo de estudo bem mais complexo do que a correlação entre borboletas e tempestades, mas a divagação vai ficar por aqui mesmo).
O Internacional tem um presidente que nunca foi uma unanimidade em Lages. Desde 2014, quando ele entrou na vida do clube, ouvem-se comentários desabonadores sobre seus métodos e suas supostas motivações para seguir no Inter. Há, sim, também elogios a alguns de seus feitos no comando do clube, mas essas manifestações reverberam menos. A grita dos queixosos costuma ser mais estridente do que as palmas dos demais.
Aqui não há juízo de valor. Não cabe a mim julgar o personagem, defendê-lo ou, ao contrário, ajudar a apedrejá-lo. O que realmente me intriga é o fato de que os descontentes batem no clube para tentar atingir a pessoa que o preside.
Se não se gosta do presidente, é preciso que se ajuste o alvo de suas críticas. Quem toma decisões são as pessoas. Isso inclui tanto as ações dos dirigentes quanto as de quem, no fel de sua ira, coloca a instituição no muro do fuzilamento.
O Inter é o resultado das nossas ações e omissões. Assim, nós todos somos o Inter. É de se pensar se a injustiça de posicionarmos o clube na mira de nossas pedras não é tão danoso a ele quanto as eventuais falhas de quem o dirige.
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