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"Ninguém mata o Internacional"
Não sejamos cínicos: o Internacional de Lages não vive seus melhores dias. Neste ano, a campanha de altos e baixos no retorno à Série A do Campeonato Catarinense fez o clube voltar à segunda divisão do estadual. Com poucos recursos, o Inter decidiu abrir mão de sua vaga na Copa Santa Catarina, a competição que ele disputaria neste segundo semestre. Como a Série B do Catarinense só deverá começar entre maio e junho de 2025, o time ficará mais de um ano sem entrar em campo em competições oficiais. E, para além dos temas sobre o que acontece (ou não acontece) em campo, também há dívidas a sanar - um problema, é importante que se registre, que já data de décadas.
Tudo o que se disse acima é verdade. No entanto, uma coisa bem diferente é supor que esses desafios sejam sinônimo de uma incontornável derrocada. O Inter não morreu nem vai morrer. Sim, ele inspira cuidados e exige esforços coletivos, da nossa comunidade, para sair da situação em que está. Mas há saídas.
Ou você vai discordar de Armindo Araldi, o pai da matéria?
Em 1988, o Inter caiu para a segunda divisão do Catarinense pela primeira vez em sua história. Eis a declaração de Araldi, um dos 12 jovens que, em 1949, fundaram o Colorado Lageano, e que em 1988 era o presidente do clube: “Quatro décadas antes, quando ajudei a fundar o clube, nós não tínhamos dinheiro nem para o primeiro jogo de camisas. Eu sabia que o rebaixamento não ia matar o Internacional – porque nada, jamais, em tempo algum, irá matar o Internacional”. A afirmação, que já nasceu em bronze, aparece em "Aquelas Camisas Vermelhas", o livro em que Mauricio Neves de Jesus conta a história do Inter.
Em meados de junho deste ano, dias antes de completar 93 anos, o profético Armindo Araldi estava na reunião com ex-atletas em que o clube celebrou seus 75 anos de fundação. Era tocante ver a alegria do fundador ao comemorar as sete décadas e meia de seu rebento.
Igualmente temerário é discordar de Camargo Filho, certamente o maior nome do rádio esportivo lageano na história. Narrador, agitador cultural, maestro das massas, inquieto, ele foi, acima de tudo, um apaixonado pelo Inter de Lages.
Camargo faleceu em junho de 2011. Meses antes, ele concedeu uma entrevista à TV da Câmara de Vereadores do município – e, claro, falou sobre o clube. “Uma vez um vereador – nem vou citar o nome – disse que o Internacional estava ‘morto e enterrado’", contou ele na entrevista. "Eu disse: ‘O Internacional morre mil vezes, o enterram mil vezes, mas ele nunca vai ser morto nem enterrado’. Ele pode ficar acéfalo por cinco anos, mas vai sempre viver na vida de Lages. Ninguém mata o Internacional”.
Arregacemos as mangas e cuidemos do enfermo: ele não vai nos deixar.
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