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Patrick Cruz

Inter - 75 anos

A gênese da paixão

Cena 1

-“O que é isso?”, perguntou o menino, lá pelos seus dois anos de idade.

-“Uma bandeira”, respondeu o adulto ao seu lado.

-“E pra quê?”, continuou o garoto, no sábio exercício de fazer as perguntas que parecem óbvias.

-“Pra torcer”, informou o adulto.

-“Posso ficar com ela?”, propôs o pequeno.

-“Só se você torcer pro Inter de Lages” foi a réplica.

O diálogo entre o adulto e o feliz proprietário de um boné do Homem Aranha foi interrompido pelo pai do menino, que intercedeu:

-“Antes de pegar a bandeira, fala pro tio qual o teu time”, pediu o pai.

E o filho, com um sorriso obediente, informou sem titubear:

- “Cololado”.

Cena 2

Eram três adultos sentados na arquibancada, um homem e duas mulheres. Com eles, três meninas, com idades entre dois e quatro anos. A mais velha puxava as palmas, as menores tentavam acompanhar. Quando conseguiram uma sincronia que julgaram razoável, intercalaram o cântico:

-“Inter!” (clap-clap-clap) “Inter!” (clap-clap-clap) “Inter!” (clap-clap-clap)

As três estavam de pé. As três bateram palmas. As três – na presumível primeira vez em que entraram em um estádio – cantaram. E se divertiram.

Cena 3

Bruno, o centroavante grandalhão, marcou seu segundo gol no jogo. Na comemoração, nada de coreografia, beijo na aliança ou média com emissoras de TV: Bruno correu para perto da arquibancada para ouvir o aplauso.

O garoto do boné do Homem Aranha pulava e ria, as meninas do jogral aplaudiam e dois garotos se alvoroçaram arquibancada abaixo para acenar para Bruno, o goleador da tarde. Se o sujeito estava fazendo tanta gente feliz ao mesmo tempo, pensaram, talvez fosse bom estar perto dele. É possível que fosse a primeira vez em que a dupla encarava a experiência de ver um ídolo de perto, ainda que o ídolo não tivesse efetivamente alcançado esse status, ainda que fosse um campeonato menor. Ainda. Ainda.

Os três episódios, verídicos, ocorreram em um jogo no já distante ano de 2011, nas arquibancadas do Estádio Vidal Ramos Júnior, onde o Inter de Lages derrotou o Oeste por 2 a 0. Era só a terceira divisão do estadual. Era "só" o Inter de Lages – mas a celebração, a despeito do que julgam os pobres de espírito, foi tão intensa quanto a de qualquer vitória de primeira divisão.

O que se viu entre as crianças (e eram muitas, centenas, no estádio) ao longo da partida foi o atestado de que, mesmo no calabouço do futebol catarinense, o Internacional de Lages semeou uma nova geração de torcedores.

Sim, o Colorado Lageano está em baixa no m

omento, mas o sol há de brilhar sobre nós uma vez mais, estou certo. E sem que se precise resgatá-lo do túmulo: afinal, o Inter jamais morreu.



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