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Tia Bira morre aos 87 anos

O Poder Legislativo Lageano manifesta pesar pelo falecimento de Alzira da Silva, a Tia Bira, uma supermãe lageana de coração, que acolheu, praticamente sozinha, mais de uma centena de órfãos ou filhos de mães solteiras que não tinham condições de criá-los, ao longo de sete décadas, em sua casa, no Bairro Triângulo, em Lages. Tia Bira tinha 87 anos e o velório inicia-se a partir das 15 horas, na Capela Anjo da Guarda.

Filha de mãe solteira, com 18 anos, Alzira deixou a diversão de lado e passou a ajudar a criar cinco crianças adotadas por sua mãe. Com a morte da matriarca, Tia Bira, aos 26 anos, assumiu a responsabilidade por essa criação e também de sua irmã biológica mais nova. Para manter as crianças, que cada vez chegavam mais, até abrigar 53 ao mesmo tempo, ela contava com doações financeiras, alimentos, roupas e calçados, mesmo que escassas na maior parte do tempo. Ao longo dos anos, campanhas beneficentes auxiliaram a causa e mais pessoas ajudaram, inclusive, professores que disponibilizavam parte de seu tempo com a educação das crianças.

O Lar de Amparo Tia Bira, como era conhecido, foi transferido para outros bairros até a mudança definitiva, no início dos anos 1970, para a rua Dom Joaquim do Arco Verde, no Bairro Centenário. Em frente a sua residência, fica localizada a creche que leva o seu nome e é administrada pela Prefeitura Municipal. Por seu trabalho, Tia Bira recebeu homenagens em vida, como o Diploma de Honra ao Mérito da Câmara Municipal de Lages, em 1989, e o Diploma Mulher 89, no mesmo ano, da entidade Lar das Meninas, em conjunto com o Clube 14 de Junho.

Para todos que viveram sob os seus cuidados, resta a gratidão, o respeito e a admiração por uma pessoa que devotou a vida ao acolhimento, à solidariedade, à compaixão e à proteção aos outros. Vigilante da Câmara de Lages há 20 anos, Rafael da Silva (Bugre) foi o único dos filhos adotivos registrados pela Tia Bira por ser de naturalidade estrangeira. Ele teria de retornar ao país de origem se não fosse registrado. "Ela deu para nós todo o carinho para formar o homem que sou hoje, de tudo que eu tenho, minha família, a educação, um cara responsável e trabalhador. Este foi o descanso dela e só tenho a agradecer, por mim e todos os meus irmãos", comenta Rafael, que viveu por 21 anos na casa da Tia Bira, até casar e constituir família.

Com informações extraídas do artigo acadêmico "Genealogia da Creche Tia Bira", por Carmen Lucia Fornari Diez, Marina Patricio Arruda e Mary Isolete Silva Duarte Bertel.

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