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Casa Wilibaldo Stuelp. Primeira sede cooperativa de crédito, do SICOOB CREDITAPIRANGA, em 1932
Com um papel relevante no desenvolvimento econômico e social do Estado, o cooperativismo catarinense é modelo e referência de organização para todo o País. Sua força tem contribuído para alavancar não só o desenvolvimento de todas as regiões de Santa Catarina, como o crescimento pessoal de cada cooperado/associado que faz parte do sistema.
Na Serra Catarinense não é diferente. Nas mais diversas atividades o sistema viabiliza o crescimento econômico e também social da população. No processo, todos trabalham, mas também todos ganham, seja essa ganho financeiro ou em forma de algum benefício.
Quando se fala em cooperativismo, geralmente se lembra da agroindústria, que exporta para diversos países movimentando bilhões de reais. Mas esse sistema está presente nas mais diversas atividades, de associações de bairros a cooperativas de crédito.
Transmitindo valores à sociedade e a essência do modelo associativista consagrado em todo o mundo, o cooperativismo catarinense tem como destaque a atuação incansável das suas 254 cooperativas nos ramos agropecuário, consumo, crédito, infraestrutura, trabalho e produção de bens e serviços, saúde e transporte.
O sistema reunia, em 2019, 2 milhões, 698 mil, 313 associados/cooperados, ou seja, mais da metade da população de Santa Catarina está vinculada ao cooperativismo. O faturamento passava dos R$ 40 bilhões e representava cerca de 10% do PIB estadual. Em 2019, as cooperativas sediadas em terras catarinenses cresceram 13,71%, ou seja, 12 vezes mais que a economia brasileira. Outro dado relevante é que o sistema cooperativo catarinense gera mais de 67.500 empregos diretos.
Mais do que uma associação de pessoas com interesses comuns e resultados coletivos, a cooperação em Santa Catarina tem se revelado, cada vez mais, como fator decisivo para o desenvolvimento econômico e de inclusão social. Os números são expressivos e mostram que o Estado é referência para o resto do País, fruto da dedicação dos associados/cooperados, dos colaboradores e da gestão eficaz do sistema.
Excelência nas ações, gestão responsável, capacitação, tecnologia e inovação são alguns dos alicerces das cooperativas catarinenses. As ações empreendidas contribuem para que as cooperativas superem as metas propostas, seja em produtividade, seja em seu crescimento interno e na conquista do mercado.
Inclusão
Cabe destacar, ainda, o crescimento da participação da mulher no sistema cooperativista em Santa Catarina. Dados de 2019 revelam que 40% dos associados às cooperativas catarinenses, ou seja, 1.088.957 são mulheres. A atuação como empreendedora, parceira e profissional tem fortalecido e solidificado o papel importantíssimo da mulher no cooperativismo em todo o Estado, inclusive nos postos de comando das cooperativas catarinenses.
As famílias forças essenciais do cooperativismo possuem no jovem uma célula que representa a continuidade do sistema. A nova geração ganha cada vez mais espaço por meio de participação nos seminários, nos encontros, nas cooperativas e na comunidade. Eles serão os futuros comandantes das cooperativas e ocuparão importantes cargos na sociedade. A força, o potencial, a participação e a liderança dos jovens é fator essencial para manter e perpetuar o cooperativismo catarinense.
NÚMEROS
67.558 empregos diretos gerados;
Faturamento de R$ 40 bilhões
Receitas dos principais ramos em 2019:
Agropecuário: R$ 25 bilhões,
Crédito: R$ 6 bilhões
Saúde: R$ 4 bilhões
Transporte: R$ 1 bilhão
Consumo: R$ 1 bilhão
Fonte: Revista das Cooperativas de Santa Catarina
No Brasil
No Brasil, a primeira cooperativa foi fundada em maio de 1847 pelo médico francês Jean Maurice Faivre, na Colônia Tereza Cristina, hoje conhecida como cidade de Cândido Abreu, no Paraná. A sociedade planejada pelo médico tinha um sistema econômico e social baseado na solidariedade comunitária, de modo que os integrantes seguiam um princípio de desapego aos bens materiais. Na nova sociedade, o respeito à família e à religião estava acima de qualquer prioridade.
Após a experiência no Paraná, surgiram no Brasil as chamadas cooperativas de consumo. A primeira delas foi a Companhia Paulista de Estrada de Ferro, em Campinas, São Paulo, em 1887. Já em 1889, alguns moradores de Ouro Preto se uniram para criar a Sociedade Econômica Cooperativa dos Funcionários Públicos de Minas Gerais.
Em 1902, a cidade de Nova Petrópolis, no Rio Grande do Sul, tornou-se sede da primeira cooperativa de crédito no Brasil, a Caixa de Economia e Empréstimos Amstad. A ideia foi trazida pelo padre jesuíta Theodor Amstad, que viu no sistema cooperativo europeu um modelo para desenvolver pequenas comunidades rurais, formadas por imigrantes alemães no interior do Rio Grande do Sul.
Nas décadas seguintes, o cooperativismo de crédito complementaria as ações das cooperativas ligadas à agricultura, predominantes em todo o mundo até a segunda metade do século XX. Os agricultores viram no cooperativismo uma chance para melhorar suas condições de vida. Unidos, produtores rurais de localidades próximas tinham mais força para reivindicar direitos junto a governantes, negociar com fornecedores e vender a produção.
Em solo catarinense
Em Santa Catarina, a força das cooperativas também ganharia espaço rapidamente, pois elas foram importantes aliadas no desenvolvimento econômico e social. O cooperativismo criou raízes profundas e marcantes, passando a fazer parte da cultura catarinense.
Assim como no Rio Grande do Sul, o cooperativismo chegou a Santa Catarina pelas mãos do padre jesuíta Theodor Amstad. As cooperativas implantadas pelo padre Amstad eram inspiradas no modelo desenvolvido por Friedrich Wilhelm Raiffeisen, na Alemanha.
O Estado já registrava suas primeiras iniciativas cooperativistas, desenvolvidas principalmente no meio rural por volta de 1842. O imigrante francês Benoit Jules de Mure tentou fundar no norte catarinense, onde hoje se encontra o município de São Francisco do Sul, uma colônia de produção e consumo baseada nas ideias de Fourier, socialista francês considerado um dos pais do cooperativismo.
No Vale do Itajaí, a pequena colônia de Rio dos Cedros registrou a constituição, em 1889, da Societá Cooperativa Del Tabaco, uma das primeiras cooperativas criadas no País. Fundada por colonos italianos, a cooperativa tinha por objetivo produzir e exportar fumo para a Europa.
Registros históricos também contam que, no Vale do Itajaí, o município de Ascurra sediou uma cooperativa agrícola fundada em 1904. No ano de 1909, a ideia do cooperativismo chegou ao Sul do Estado, na localidade de Rio Maior, município de Urussanga, onde nasceu a Cooperprima, uma das pioneiras da história cooperativista catarinense.
Outras iniciativas desse gênero, sempre em caráter isolado, se sucederam no Estado, como as sociedades cooperativas de crédito rural, chamadas de caixas populares. Uma pequena colônia do Extremo Oeste de Santa Catarina, à época chamada de Porto Novo, hoje município de Itapiranga, foi o primeiro lugar do Estado a receber uma cooperativa de crédito, em 1932. Formada por imigrantes alemães, a Sociedade Cooperativa de Crédito Rural e Responsabilidade Ilimitada Caixa Rural União Popular de Porto Novo tinha como associados agricultores, comerciantes, artesãos e prestadores de serviços. No ano seguinte, o cooperativismo ganhou força na região Oeste do Estado, com a criação da Sociedade Cooperativa Mista de Palmitos, a primeira cooperativa agropecuária formal de Santa Catarina, em funcionamento até hoje.
Na mesma época, em diferentes regiões do Estado, pequenos grupos de agricultores se organizavam em associações, que tinham o aumento da produção e a colaboração mútua como principais objetivos.
Entre as décadas de 1940 e 1950, ocorreu uma expansão nos ramos de atuação das cooperativas, que deslocaram seu eixo para além da zona rural. O período entre 1944 e 1951 em Santa Catarina foi marcado pela criação das sociedades de consumo, que tinham como objetivo atender às necessidades de compra de seus cooperados. Em 1944, em Blumenau, no Vale do Itajaí, um grupo de 101 operários da Indústria Têxtil Companhia Hering decidiram criar uma cooperativa de consumo de empregados, com a finalidade de distribuir aos cooperados gêneros alimentícios. A Cooperativa era restrita aos funcionários até 1990, quando passou a atender a toda a comunidade da região, e recebeu, em 1998, o nome de Cooperativa de Produção e Abastecimento Vale do Itajaí (Cooper).
Para levar energia a regiões distantes, surgiram, ao final da década de 1950, as cooperativas de eletrificação rural em Santa Catarina, localizadas em Forquilhinha e Salto Donner. O cooperativismo de eletrificação rural desempenhou um papel social muito importante no Estado, principalmente nos primeiros anos de atuação.
Decididas a unir forças, as cooperativas catarinenses fundaram, em 1° de agosto de 1964, a Associação das Cooperativas de Santa Catarina (Ascoop). Liderada pelas cooperativas de consumo, a Ascoop representou o primeiro movimento rumo a um futuro sistema cooperativista. Em abril de 1970, foi eleita a primeira diretoria da Ascoop, que era presidida por Irineu Manke, de Massaranduba, com Nélson Uhlesmann na vice-presidência e Alberto Moraes na secretaria-executiva, sendo este último um importante personagem da história cooperativista catarinense. Visionário, ele apresentava a todos os planos da entidade, com ênfase em núcleos regionais da Ascoop, ampliação da difusão dos interesses cooperativos pela imprensa e defesa da não-incidência do ICM nas transações de cooperativas com seus associados, uma batalha que durou anos.
A Ascoop cresceu e se organizou, vindo a se tornar Ocesc - Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina em agosto de 1971, assim como previa a legislação, e incorporada à OCB - Organização das Cooperativas Brasileiras. Com essa mudança, o presidente continuou Irineu Manke, mas o vice passou a ser Ivo Vanderlinde. O secretário-executivo também continuou Alberto Moraes.
Dados históricos extraídos do livro Ocesc: 40 anos, publicado em 2011 pela Editora Expressão, em comemoração ao aniversário de 40 anos da Organização.
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