Povo foi às ruas no 7 de setembro, em Lages
A garoa fina e o frio não intimidou centenas de pessoas que foram às ruas de Lages no dia 7 de setembro. A concentração ocorreu no período da tarde, na Avenida Duque de Caxias. A via foi fechada para o evento, do cruzamento com a Avenida Carahá até as proximidades da Praça da Bandeira, onde está a estátua de Correia Pinto.
Portando bandeiras do Brasil e vestidas com roupas da cor verde e amarela, as pessoas foram chegando aos poucos. Por volta das 14h30, uma multidão já ocupava o centro da avenida. As laterais foram preenchidas por veículos estacionados e, principalmente, por caminhões decorados com faixas e bandeiras.
Público de todas as idades acompanhou os discursos proferidos no palco, cantou o hino nacional e, por diversas vezes, rezou a oração do Pai Nosso. As falas destacaram a importância da democracia, da família, da religião e o apoio ao presidente Bolsonaro. Trecho do discurso proferido em Brasília foi transmitido em um telão instalado ao lado do palco.
O evento foi encerrado por volta das 16 horas e na sequência as pessoas embarcaram nos veículos para uma passeata que percorreu algumas ruas da cidade. Era por volta das 18 horas e buzinas ainda eram ouvidas na Duque de Caxias, denotando que a quantidade de veículos era grande.
O evento foi acompanhado pela Polícia Militar, que além de auxiliar no trânsito garantiu a segurança de todos.
Eventos do gênero foram registrados em várias cidades brasileiras, principalmente nas capitais. O Supremo, inclusive, se tornou o maior alvo dos atos após conflitos que os ministros Luís Barroso e Alexandre de Moraes tiveram nas últimas semanas com o presidente em relação ao voto impresso e o inquérito das fake news, respectivamente.
Foto: Mauro Maciel
Manifestação dos caminhoneiros perde força
As interdições de rodovias federais e estaduais pelos caminhoneiros perderam força, ontem, no segundo dia do movimento. No início do dia, ao menos 15 estados registravam interrupções do fluxo de veículos, totais ou parciais, de acordo com o Ministério da Infraestrutura, conforme dados da PRF (Polícia Rodoviária Federal). Até o fechamento desta edição, as interdições eram mantidas em apenas cinco estados.
As manifestações foram realizadas em Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Espírito Santo, Mato Grosso, Goiás, Bahia, Minas Gerais, Tocantins, Rio de Janeiro, Rondônia, Maranhão, Roraima, Pernambuco e Pará. À tarde, as interdições eram mantidas na Bahia, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina.
Em 2018 os caminhoneiros reivindicavam a baixa do preço do diesel e a valorização do frete. Desta vez alegam que o movimento é contra a corrupção instalada no Brasil e alguns alegam que o objetivo é forçar a saída dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em Lages protesto acabou
Em Lages a manifestação se iniciou na noite do dia 7 de setembro. Caminhoneiros fizeram uma barreira e convocavam os motoristas para aderir ao movimento e estacionar no Posto Ampessam. É que o posto fica praticamente no cruzamento das rodovias federais 116 e 282. Ontem, os responsáveis desistiram do protesto e desfizeram a estrutura.
Temendo ficar sem combustível, ontem os consumidores correram para os postos. Filas se formaram e faltou gasolina em alguns locais. Já nos supermercados, o movimento era tranquilo, nada parecido com o que ocorreu em 2018, quando várias pessoas fizeram estoques em casa.
Bolsonaro_ Durante a madrugada, o presidente Jair Bolsonaro enviou uma mensagem, em áudio, para as lideranças dos caminhoneiros a fim de pedir o fim das paralisações. "Fala para os caminhoneiros que são nossos aliados Mas esses bloqueios atrapalham a nossa economia e isso provoca desabastecimento, inflação, prejudica todo mundo e, em especial, os mais pobres. Então, dá um toque aí nos caras, se for possível, e vamos liberar, tá ok?", disse.
O presidente chegou mais cedo ao Palácio do Planalto porque tinha um compromisso com o Brics e prometeu aos jornalistas que falaria com os caminhoneiros para tomar uma decisão.
Fiesc pede liberação dos bloqueios nas rodovias de SC
"Neste momento em que o país enfrenta uma crise institucional, além de uma pandemia que afeta toda a sociedade, a Federação das Indústrias (Fiesc) pede a compreensão dos líderes do movimento dos caminhoneiros para reavaliar os bloqueios em curso nas rodovias de Santa Catarina", diz a nota. A entidade enviou ofícios ao governador Carlos Moisés da Silva, à Polícia Rodoviária Federal (PRF-SC) e à Confederação Nacional da Indústria (CNI) pedindo atenção à situação.
Para a Fiesc, o movimento já causa prejuízos consideráveis para o setor industrial e ameaça a continuidade da produção e do transporte de insumos e produtos. O movimento poderá comprometer o cumprimento de contratos, afetando diretamente a competitividade de Santa Catarina e do Brasil, prejudicando o emprego e a renda.
"Respeitamos a categoria, que tem enorme importância, ainda mais num País em que o modal rodoviário é predominante. Não questionamos as reivindicações do movimento, mas pedimos para que sejam adotados outros meios para resolver a questão. Defendemos a busca de uma solução de consenso, para evitar que toda a sociedade enfrente graves impactos econômicos e sociais", afirma o presidente da Fiesc, Mario Cezar de Aguiar.
Empresários do transporte de SC também repudiam bloqueios
A Federação das Empresas de Transporte de Carga e Logística de SC (Fetrancesc) divulgou uma nota nesta quarta-feira (8) em que repudia o bloqueio de rodovias no Estado.
No texto, os empresários afirmam que a atitude vai na contramão do direito de ir e vir assegurado pela Constituição Federal e representa uma afronta à democracia.
"O Sistema Fetrancesc repudia atos de bloqueios e impedimentos do tráfego de quaisquer veículos, sejam de pequeno ou grande porte, independente da quantidade de pessoas em seu interior", diz a nota.
Os empresários ainda afirmam que valorizam o direito à livre manifestação, mas condenam o bloqueio das pistas. Além disso, pedem que o Estado mantenha a segurança dos motoristas e colaboradores do setor que não desejam paralisar as atividades.
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil / Divulgação
ANP diz que abastecimento não foi prejudicado
O bloqueio de rodovias federais promovido por caminhoneiros ainda não afetou o abastecimento de combustíveis no País e, segundo fontes do segmento de distribuição, o movimento está perdendo força e já não preocupa como ontem, quando os protestos se intensificaram após os atos do 7 de Setembro. A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) diz que não há risco de faltar produtos como gasolina, óleo diesel e gás de cozinha para os estados e municípios brasileiros.
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