O futuro (também) é colorado

Almas amarguradas hão de vaticinar que a vida humana é a soma de acasos, improbabilidades e coincidências que terão desdobramentos igualmente casuais – e que, quaisquer que sejam eles, não mudam a certeza inescapável da morte.

De fato, morreremos todos. Mas, até que a indesejada das gentes chegue, que faremos nós? Podemos capitular, desistir de tentar criar um novo amanhã e, em vez disso, esperar que o sopro aleatório da existência nos empurre de um talvez para outro, indefinidamente. Ou podemos lavrar o campo, limpar a casa e pôr a mesa. A noite vai descer, mas o dia pode ser bom.

Nos últimos anos, um grupo de lageanos tem discutido a segunda opção. Reunidas em um coletivo que recebeu o nome de Fórum das Entidades de Lages, essas pessoas têm rascunhado anseios e desejos que têm para a cidade em que moram, em um trabalho que batizaram de Plano de Aceleração Territorial.

Qual o plano? Ninguém sabe ao certo, e isso, ao contrário do que possa parecer, é algo digno de louvor. Dividir ideias e impressões para tentar perseguir o bem comum é o antônimo da inércia, da letargia que se vê em nossa terra com frequência irritantemente alta. O plano está em construção, e assim seguirá, ainda que ele já apresente alguns nortes.

Por mais que planejemos algo, mesmo que seja algo tão prosaico e singelo quanto, digamos, uma pescaria, seremos sempre reféns do acaso. Pode chover, ou os peixes podem não aparecer, ou outra coisa. Mas combinar a pescaria é, nesse exemplo simples, um vislumbre de futuro. Pode dar tudo errado, mas estaremos à beira do rio, esperando que o futuro nos dê uma piscadinha.

Qualquer que seja o futuro da nossa terra, ele só estará completo com o Internacional de Lages em papel de relevo. Em uma cidade que se orgulha de sua longevidade, seu peso histórico e sua importância nos esforços que deram feições até mesmo ao território nacional, não deixa de ser irônico que algo daqui tenha ficado de pé por mais de 75 anos – apenas uma fração da idade de Lages, fundada já quase 260 anos –, a idade do clube.

Empresas? Marcas? Eventos? Construções históricas? Dá para contar nos dedos os exemplos de algo que esteja de pé há mais tempo que o Inter. 

Mesmo os brasileiros que não gostam de futebol são, em outras partes do mundo, tidos como autoridades no esporte. Assim é com o Inter, que é parte de nossa identidade coletiva, independentemente de concordarmos com ela ou não.

E, se é positivo pensar no futuro, como propõe o Plano de Aceleração Territorial, que o Internacional, nossa bandeira coletiva, o Inter, nosso símbolo de identidade, é um elemento indispensável dessa construção. Afinal, sem ele, seria como pensar no futuro sem saber quem somos.