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A composição “Coxilha Pobre”, vencedora da 23ª Sapecada da Serra Catarinense e uma das favoritas entre o público lageano, conquistou o segundo lugar na etapa nacional e outras três premiações: Melhor Tema sobre a Região Serrana; Melhor Conjunto Vocal e Música Mais Popular
Lageanos, turistas, amantes do tradicionalismo e famílias inteiras lotaram o calçadão da praça João Costa na noite deste domingo (15 de junho), na edição raízes da Festa Nacional do Pinhão. A final da 31ª Sapecada da Canção Nativa, um dos movimentos culturais mais expressivos do Sul do Brasil, consolidada entre os festivais nativistas de grande destaque na América Latina, coloca, mais uma vez, Lages na rota dos gigantes da música nativista.
A grande campeã da noite foi a composição “Poncho Miliquero”, com letra de Evair Suarez Gomez, música de Juliano Marciom Gomes Ávila, interpretada por Pirisca Grecco, que conquistou prêmio também na categoria Melhor Intérprete.
O segundo lugar ficou com a composição “Coxilha Pobre", com letra de Luiz Pedro M. Zamban e música de Ricardo Oliveira. A obra no ritmo Rasguido-Doble, interpretada pelos lageanos Ricardo Oliveira, Daniel Silva e Ricardo Bergha, conquistou outras três premiações: Melhor Tema sobre a Região Serrana; Melhor Conjunto Vocal e Música Mais Popular.
A terceira colocação foi da composição “Rabisco”, com letra de José Maurício Rigon e música e interpretação de Joca Martins, que foi premiado também na categoria Melhor Melodia.
Mudanças na data e local aprovadas e com record de público
Neste ano, a mudança de local, do Parque de Exposições Conta Dinheiro para o calçadão central, e também de data, passando de domingo, segunda e terça-feira para o final de semana, proporcionou maior conforto e disponibilidade para as milhares de pessoas que acompanham presencialmente as emoções da final da Sapecada. “Uma das nossas demandas e inúmeros pedidos, dos próprios artistas, é de que a Sapecada da Canção Nativa continue neste espaço do calçadão, e com certeza vamos levar isso em consideração em nossa avaliação para a próxima edição”, afirma a prefeita Carmen Zanotto.
Com record no número de inscrições, com mais de 700 composições que passaram pela triagem, as Sapecadas da Serra Catarinense e da Canção Nativa nesta edição também trouxeram o maior número de pessoas para prestigiar o festival.
Segundo estimativa da Polícia Militar, aproximadamente 25 mil pessoas circularam pelo espaço durante o domingo de Sapecada. “Nosso grande desafio era trazer a Sapecada para o palco principal da Festa, mudando também a data, proporcionando maior conforto para o público e para os artistas que têm um espaço maior para passarem suas músicas antes de subirem ao palco. Estamos muito felizes com os resultados e com o público que respondeu positivamente. A cidade recebe muitos turistas, com bom poder aquisitivo, impactando na economia do nosso município, considerando que a rede hoteleira conta com uma alta taxa de ocupação. Temos uma noite memorável”, comenta a secretária do Turismo, Ana Vieira.
Artur Fabrício Wozniacki, 14 anos, veio de Curitiba junto com seu irmão e a namorada dele, e mais dois amigos do CTG Fazenda Rio Grande, da região metropolitana da capital paranaense, especialmente para prestigiar a Sapecada da Canção Nativa pela primeira vez. “Ano passado não deu para virmos e acabamos assistindo a transmissão de casa, mas este ano conseguimos e estamos muito felizes, essa energia é muito diferente, realmente vale muito a pena prestigiar de pertinho”, relata.
Composições emocionam e resgatam a cultura serrana
Quatro músicas vencedoras da 23ª Sapecada da Serra Catarinense, que aconteceu na sexta-feira (13 de junho), as três primeiras colocadas e a música mais popular, conquistaram vaga para subir ao palco na final da Sapecada da Canção Nativa.
Grandes nomes se reuniram no palco do festival, com duas noites de muitas emoções e uma final acirrada, deixando os jurados com a difícil missão de decidir as melhores composições entre as 16 que se apresentaram nesta noite. “A Sapecada foi um sucesso. Deu para ver na expressão dos músicos e artistas que participaram do festival e também na equipe de trabalho. Na etapa regional também tivemos grandes emoções, muitas pessoas choraram com as composições interpretadas lindamente, o que nos traz a sensação de que acertamos na triagem, com a escolha das músicas que subiriam ao palco”, destaca um dos organizadores, Mário Arruda.
Músicos, veteranos e novatos, dividem o sonho de subir ao palco do festival
Para os músicos, que se concentram nos bastidores, apreensivos para o que é considerada a Copa do Mundo da música nativista, o abrir das cortinas faz o coração bater mais forte.
O músico lageano Ricardo Bergha, que conquistou o primeiro e terceiro lugar na 23ª Sapecada da Serra Catarinense, na sexta-feira, voltou ao palco na final da 31ª Sapecada da Canção Nativa defendendo quatro composições, sendo as duas da etapa regional e outras duas que passaram na classificatória deste sábado. “Estou muito faceiro e nervoso, como sempre, mas confiante. Muito bom ver o calçadão lotado, com muitas crianças, que são estimuladas a participar e dar continuidade a este resgate da nossa cultura”, comenta Bergha.
Índio Ribeiro, outro grande nome lageano da música nativista, veterano nas Sapecadas, com títulos conquistados na etapa regional e nacional de outras edições, neste ano defendeu a composição “Por ser Índio”, na regional, e a música “Palmeio”, na etapa nacional. “Já perdi as contas de quantas Sapecadas participei, mas faz muito tempo. A energia e alegria se renova a cada edição. É gratificante reencontrar amigos que fazemos ao longo das participações, e sentir o carinho dos lageanos que nos aplaudem e torcem por nós”, diz.
“Palmeio” fala de um romance entre o homem do campo e sua prenda, e quando ele abraça seu violão e canta para sua amada. “As músicas são compostas conforme vêm as inspirações, e nem sempre são específicas para a Sapecada, mas por se tratar de um festival de alto nível, guardamos as melhores para apresentar no palco do festival”, conta.
Alguns músicos participam pela primeira vez da Sapecada da Canção Nativa. O instrumentista Marco Antônio Vieira, acordeonista que veio da cidade Nova Prata (RS), da Serra Gaúcha, defendeu a composição “Na Cruz das Rédeas Cruzadas”. “A emoção de participar de um dos maiores festivais da América Latina é muito grande, de verdade. É um sonho que todo músico nativista tem. Espero que seja a primeira de muitas”, celebra.
Fotos: Fernando Moraes, Nilton Wolff e Marlon Sá Molim
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