Motonáutica arrasta multidão para o lago da Marina em Abdon Batista |
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Cremer / Divulgação
O Governo do Estado baixou portaria autorizando a retomada das cirurgias eletivas em Santa Catarina, aquelas realizadas por agendamento. Mas, ao menos em Lages, a medida não terá nenhum resultado prático. Lotados com centenas de pacientes contaminados pela Covid-19 ou com outros problemas de saúde, os hospitais da cidade não têm como realizar procedimentos cirúrgicos que exijam anestésicos, leitos comuns ou de UTIs.
A portaria vale para unidades hospitalares estaduais, municipais, filantrópicas e privadas. O texto define que as próprias unidades devem garantir as vagas de UTI e os medicamentos, sem afetar o atendimento aos pacientes contaminados com Covid. Caso não consigam garantir a estrutura, não estão autorizadas a voltar a fazer as cirurgias.
E é nesta orientação que os hospitais de Lages se amparam para não agendar as cirurgias eletivas. O diretor do Hospital Tereza Ramos, Maurício Batalha, explica que toda a estrutura hospitalar está focada no atendimento a pacientes com Covid e para atender outras demandas clínicas, que são encaminhadas pela Unidade de Pronto Atendimento (UPA). "Nossa prioridade é combater a Covid-19. Ainda não discutimos as cirurgias eletivas com o nosso corpo clínico."
O Tereza Ramos é um dos maiores hospitais catarinenses e atende pacientes de toda a região da Serra Catarinense, Meio Oeste, Planalto Central e Alto Vale do Itajaí. Na mesma situação está o hospital Nossa Senhora dos Prazeres, especializado em traumatologia, dentre outras áreas.
Andreia Maria Berto é a diretora administrativa do Nossa Senhora dos Prazeres e avalia que, em média, a unidade procede 600 internamentos por mês. "100% dos leitos são usados o tempo todo. No último fim de semana tivemos que fechar duas vezes o Setor de Emergência. Não tínhamos mais leitos e os pacientes ficaram internados na emergência," lamenta a administradora.
Mesmo assim, há uns 20 dias o hospital aderiu a portaria anterior, que tratava de cirurgias eletivas de pequeno porte, aquelas que são feitas e o paciente é liberado na hora. Mas não há nenhuma possibilidade, atualmente, de serem feitas cirurgias eletivas que exigem anestesia geral e leitos para recuperação. "Nosso estoque de sedativos dá para apenas uma semana. Não podemos colocar em risco o atendimento das UTIs," esclarece Andreia.
As cirurgias eletivas foram interrompidas pelo Governo do Estado em março de 2020, quando todos os hospitais priorizaram o atendimento às pessoas infectadas pelo novo coronavírus. "Antes da pandemia, essas cirurgias respondiam por 30% dos nossos procedimentos cirúrgicos. Os outros 70% eram de pessoas, geralmente vítimas de acidentes, atendidas no Setor de Emergência," recorda Andreia Berto. Atualmente, mesmo quando uma cirurgia de pequeno porte já está agendada e o movimento do hospital aumenta, ela é remarcada para não comprometer o atendimento de urgência e emergência.
Em abril, 3.337 pessoas estavam na fila
Não conseguimos apurar a demanda de Lages. Mas no mês de abril, na Serra Catarinense, 3.337 pessoas estavam na fila aguardando por uma cirurgia nas mais diversas especialidades. Quem está na fila de espera pode consultar sua posição acessando o site https://listadeespera.saude.sc.gov.br/
Seara do Bem faz as de baixa complexidade
O Hospital Infantil Seara do Bem também atende grande número de pessoas, inclusive em função da Covid, mas consegue realizar cirurgias eletivas de baixa complexidade, onde não é necessário utilizar as drogas do kit-intubação ou leitos de UTI para a recuperação do paciente.
Eder Alexandre Gonçalves, o administrador do hospital, explica que 95% das cirurgias pediátricas, público-alvo atendido pelo hospital, são de baixa complexidade. Geralmente são extração de hérnias ou casos de apendicite. "Nesses casos, o tempo de cirurgia é menor e em função do tamanho do paciente podemos usar óxido nitroso como anestésico. Nos casos de cirurgias de cataratas, onde são atendidos pacientes adultos, os médicos geralmente usam anestésicos tópicos, como na forma de pomada."
Mutirão para atender pacientes com catarata
Hoje, dia 21 e no dia 28 de maio, cerca de 170 pacientes com catarata são esperados para o mutirão organizado pela Secretaria Municipal de Saúde de Lages. Os atendimentos vão ser realizados na policlínica municipal das 7h20min às 17h20min.
Quem tem direito a consulta
Para participar do mutirão, o paciente deve ter consultado o médico na Unidade Básica de Saúde e ter sido encaminhado para o oftalmologista do SUS, o qual realizou consulta para identificar a necessidade da cirurgia de catarata. Nesse caso, o paciente é encaminhado para a regulação que agenda a consulta pré-cirúrgica com o cirurgião, para posteriormente realizar a cirurgia.
Cirurgias
Para a cirurgia de catarata, o agendamento é realizado pelo médico e realizado no Hospital Infantil e Materno Seara do Bem.
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