Motonáutica arrasta multidão para o lago da Marina em Abdon Batista |
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Nilton Wolff
Folha da Serra_ Você coordenava uma rádio que faz parte de uma das maiores redes do Brasil e resolveu montar a tua rádio.
Ricardo Córdova_ Tínhamos um contrato com a Rede Mix, assinado em outubro de 2019, de dois anos e iria até outubro de 2021. Com a pandemia, tivemos que nos reinventar. Só a rádio musical não estava oferecendo um conteúdo comercialmente interessante. Baseado no nosso jornal da manhã, no qual tínhamos, e temos, dezesseis colunistas, percebemos que as pessoas tinham interesse por veicular conteúdo. São profissionais liberais das mais diversas atividades que gostariam de estar no rádio mostrando aquilo que sabem. Só que dentro do padrão da Mix, não conseguiríamos ampliar esses horários, já estávamos argolados com aquilo que a rede nos disponibilizava. Baseado nisso, a gente tem aquela experiência anterior, que já tem 10 anos, que é do Copo e Cozinha, feito com bancada de convidados, sempre profissionais liberais, médicos, empresários. E essas pessoas, obviamente, mostrando o seu conhecimento, acabavam atraindo uma audiência interessante. O Copa deu origem ao Papo de Copa, que é outro programa de bancada, com a mesma característica. Com isso, veio o Jornal da Manhã. Tínhamos quatro horas diárias, que era o que nos permitia a Mix, e elas estavam esgotadas com todas as cotas de patrocínio vendidas. Numa manobra jurídica, conseguimos uma brecha no contrato para cancelá-lo antes do término, sem que a gente precisasse pagar uma multa. Resolvemos antecipar o término para poder inserir mais conteúdo, e se transformando, então, na rádio de maior geração de conteúdo em Lages.
Quais são os próximos desafios a serem enfrentados daqui para frente?
A gente começou com 14 horas diárias nessa primeira etapa do projeto. Na verdade, eram 12 projetadas, das sete da manhã às sete da noite. Com a possibilidade de termos o Daniel Goulart, oriundo da Rádio Clube de Lages, eu me peguei pensando se estaria disposto a enfrentar o desafio de mudar radicalmente o estilo de rádio que eu sei fazer, e migrar, pelo menos parcialmente, para a rádio comunitária. Desde a estreia do Daniel, tenho acompanhado de forma atenta para fazer um meio termo entre o trabalho que o Daniel sabe fazer muito bem e aquilo que a gente se propõe desde o início do projeto. Com a vinda do Daniel, ampliamos para das sete até as dez da noite. Sem contar a Voz do Brasil, estamos gerando 14 horas por dia de conteúdo ao vivo, local e informativo. A gente costuma dizer que até na música a gente gera conteúdo, porque temos programas, por exemplo, que apresentamos as sete músicas mais ouvidas no Brasil e as sete mais ouvidas no mundo. Então, quem liga, além de ouvir música, sabe, fidedignamente, as sete músicas mais ouvidas do Brasil. A partir de agosto ou setembro, a gente vai estar com, praticamente, 20 horas diárias, e mais o final de semana, quase que integral.
Que outros programas a RC7 está colocando no ar?
Estamos no ar com alguns programas que a gente chama de revista eletrônica. Das 10 ao meio-dia, por exemplo, temos o Gabriel Matos, que junto a outros convidados, digitais influencers, que estão saindo de trás dos smartphones e trazendo o programa, fazem o programa que chamamos de Bijajica, por causa da identidade com a região. Já que é uma rádio lageana, gostaríamos que tivesse essa relação. Depois disso, entra o Papo de Copa, ao meio-dia, e aí a gente já vai para o Sagu, que é outra característica regional, não só de Lages, obviamente, é uma iguaria serrana ou do Sul do país, em se tratando de sobremesa, e a gente resolveu fazer essa brincadeira de denominar o programa que vai ao ar, da uma às duas da tarde, de Sagu. Também é informativo, tem música e debates de diversos assuntos. Depois, vem um programa que temos um carinho imenso, com a Ana Carolina de Lima, que foi repórter durante mais de cinco anos do SBT e resolveu vir para o rádio. Ela está trazendo para debater uma série de assuntos, desde saúde, arquitetura, beleza, cosmético, alimentação fitness, a atividade física. É uma entrevista para dar oportunidade a profissionais de diversas áreas, como também ajudar o nosso público a formar opinião. Estamos mostrando o potencial da nossa região, dos nossos profissionais. A gente vai informar o tempo inteiro. É o Mistura, que é o nome desse programa, também uma brincadeira, o que a gente chama nos nossos cafés da tarde, o café com mistura. Tem o Bergamota, que é outra característica nossa, que vai mostrar as pessoas de uma maneira que, habitualmente, não são conhecidas. Que músicas eles ouvem, quais são os seus passatempos. São personalidades da nossa cidade, que estarão aqui numa segunda etapa do projeto.
Uma coisa muito forte que você fez questão de implantar na rádio, é esse regionalismo. Qual a importância de ressaltar essa questão na rádio?
Eu entendo que se você quer deixar uma marca e essa marca passa por uma ideologia, que é, por exemplo, levantar uma bandeira do 100% local, gerando conteúdo de qualidade, por profissionais de qualidade da nossa cidade, você precisa ter uma identidade que começa pelo nome. O que é usual para nós, por exemplo, num café colonial feito pelos nossos antepassados, pelas nossas mães, pelas nossas avós. Uma simples rosquinha que acompanha o café, que se chama bijajica. Eu quero que as pessoas, ao consumirem a bijajica, seja numa lanchonete, em casa, seja onde for, lembrem-se que tem um programa na rádio com esse nome. Temos a intenção de dizer: adotamos esse nome que não é adotado em lugar nenhum do mundo para um programa de rádio, porque a gente é daqui,a gente é de Lages.
E sobre os posicionamentos políticos? Tanto na tua rádio, quanto no nosso jornal, convergem nessa questão. Fale sobre isso.
Sempre trabalhei em rádios FM que tinham a característica jovem na sua programação. Não se preocupavam com a formação de opinião, estavam, pura e simplesmente, tocando música. De um tempo para cá, mais precisamente nos últimos dez anos, com o Copa, cobrindo eleições desde 2012, tive contato com muitos políticos. Minha cultura política foi sendo lapidada. Meu conhecimento sobre política, mesmo que ainda restrito, foi ampliado. E comecei a entender algumas coisas dos bastidores. Trabalhei com o Renatinho, com Raimundo Colombo, e com o Elizeu Mattos. Isso, enquanto diretor de eventos, seja na Secretaria de Turismo, ou seja, na Fundação Cultural. Fui convidado por essas pessoas que, teoricamente, são oposição, nas suas ideologias políticas, mas era porque era o Ricardo, e não porque ele era filiado a um partido; nunca fui filiado a partido nenhum. Quando resolvi adotar uma rádio que também segue no posicionamento político, aquilo que entendemos que é o melhor para cidade, não estou preocupado se vou ter na bancada do programa, a situação ou a oposição. O que eu tenho como ideologia, e eu gravo aqui na entrevista, é que sou contra a distribuição, por exemplo, de verba publicitária que tem o objetivo de calar a boca de quem é contrário à situação. Por isso, eu adotei uma questão simples, de não aceitar a verba pública, pura e simplesmente, porque tem uma verba de publicidade da prefeitura e eles querem distribuir entre as emissoras. Bem, que critério eles vão utilizar para distribuir essa verba? É um critério técnico, de audiência? Bem, aí, nesse caso, se a emissora A tem 80% de audiência e as outras seis têm apenas 20%, não tem problema, é técnico. Se é uma campanha fidedigna, que não tem o objetivo eleitoreiro, a gente até pode aceitar, do contrário, eu não aceito. Nós temos emissora, sim, em Lages, que para não falar mal da administração pública, aceita essa verba vultuosa. Isso aconteceu, inclusive, antes das últimas eleições. O Portal Transparência mostra isso, há uma disparidade muito grande e sem critérios. E sem esses critérios, eu acho que existe uma tendência. E se um administrador público é tendencioso ao distribuir a sua verba publicitária, significa que ele deve ser tendencioso em várias outras questões. Se ele quer fechar a boca de uma linha editorial, de uma emissora de rádio, ou seja, para que não fale mal da administração, obviamente, tem outras posturas que a gente deve sempre considerar e ficar de olho aberto. Prefiro, obviamente, viver do comércio, como sempre vivi, sem a dependência da verba pública, ela representa, hoje, algo em torno de 3% da minha verba. Quero continuar mantendo a postura, a não ser que se mude o critério da distribuição dessa verba.
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