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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou na quarta-feira decreto que impõe a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros exportados para aquele país, mas na lista dos produtos isentos estão madeira e celulose, matérias-primas dos móveis, chapas e madeira bruta exportadas e que, a princípio, não serão sobretaxadas.
O decreto está em análise pela Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), que ainda teme que futuramente esses itens sejam incluídos no tarifaço.
É que madeira e produtos de madeira, em 2024, responderam por 37,3% das exportações de SC para os Estados Unidos. O setor está, atualmente, sob investigação para medir o impacto das importações de madeira e seus derivados sobre a segurança dos EUA - a chamada seção 232. Até o fim da investigação, as tarifas estão mantidas nos atuais patamares. As incertezas são após a conclusão das investigações.
Em 2024, 15% das exportações de SC foram para os EUA. Na região do Planalto Norte, no entanto, 42,5% de tudo o que é exportado tem como destino aquele mercado, enquanto na Serra são 22,3%, no Centro-norte 24,9% e no Alto Vale 23,7%.
Santa Catarina tem a segunda maior área plantada com florestas de pinus do Brasil: 713 mil hectares, mais de um terço do total nacional, ficando atrás somente do Paraná, por pouca diferença. Trata-se de um imenso estoque de matéria-prima que vem sendo crescentemente transformada em Santa Catarina.
O esforço em agregar valor à madeira no próprio Estado é observado em várias cidades da Serra Catarinense, a exemplo de Lages, Correia Pinto e Otacílio Costa e em Caçador, no Meio-Oeste catarinense.
“Nos últimos 10 anos tivemos grandes investimentos industriais e, além disso, diversos fornecedores de madeira passaram a industrializar o próprio produto, em vários segmentos de atuação, dando origem a novas fábricas”, diz Aurélio de Bortolo, presidente do Sindicato da Indústria da Madeira de Caçador (Simca).
“A indústria de base florestal deixou de ser vista como pobre e suja. Antigamente se dizia ‘ou estuda ou vai bater tábua’. Hoje em dia a indústria é tecnológica, incorpora ferramentas de indústria 4.0 e de inteligência artificial, demanda profissionais altamente qualificados, é sustentável e a madeira é integralmente aproveitada em diversos processos na cadeia produtiva. O setor deixou de ser serraria e se tornou indústria do século 21”, define Gilberto Seleme, primeiro vice-presidente da Fiesc.
Produtos isentos
O decreto divulgado na quarta-feira (30) deixa de fora carnes de boi, porco e frango, além do café. Esses produtos serão taxados normalmente, ou seja, em 50% pelos EUA após 6 de agosto, caso o governo brasileiro não chegue a um acordo com a Casa Branca
Na lista de exceções, estão presentes itens como:
Castanha do Pará, Suco e polpa de laranja, Minério de ferro, Estanho, Silício, Magnésio, Mica, Alumínio, Energia e produtos energéticos, Carvão, coque e derivados, Petróleo, Gás natural, Borracha dura, Madeira e cortiça, Aviões (civis), motores e outras peças de aeronaves, Aeronaves não tripuladas, Motores elétricos, Balões e aeronaves não motorizadas, Helicópteros, Papel e celulose, Ouro e prata, Fertilizantes.
Brasil estaria ameaçando a soberania dos EUA
A Casa Branca divulgou a tarifa de 50%, considerando que práticas recentes do governo brasileiro haviam colocado a soberania dos EUA sob ameaça.
"Ao impor essas tarifas para lidar com as ações sem precedentes do governo brasileiro, o presidente Trump está protegendo a segurança nacional, política externa e a economia dos Estados Unidos" diz outro trecho do decreto.
A Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham) calculou que os produtos isentos de tarifas de 50% foram responsáveis por um fluxo de de US$ em exportações brasileiras.
Somente aos Estados Unidos, os produtos livres do aumento de taxa corresponde por pouco mais de 43% do total de importações brasileiras para o país. O fluxo envolvendo esses itens totalizou US$ 42,3 bilhões.
"Embora essas exceções atenuem parcialmente os efeitos da tarifa de 50% anunciada, a Amcham reforça que ainda há um impacto expressivo sobre setores estratégicos da economia brasileira", disse a associação comercial em nota.
A exceção mais relevante na relação comercial entre EUA e Brasil é a categoria de combustíveis, totalizando US$ 8,5 bilhões em volume importado pelos americanos.
O aumento de tarifa confirmado pela Casa Branca nesta quarta vem na esteira de uma sanção contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos aplicou a Lei Magnitsky ao magistrado, que dá direito ao governo americano de congelar bens e contas bancárias de Moraes nos EUA.
Fonte: Valorinveste.globo.com
Pesquisa subsidia ações da Fiesc
A Federação das Indústrias de SC (Fiesc) realizou nesta segunda-feira (28), a primeira reunião aberta do Comitê de Crise do Tarifaço dos EUA. No encontro, realizado de maneira virtual, foi apresentada pesquisa para medir os impactos potenciais da elevação das tarifas de importação de produtos brasileiros pelos Estados Unidos para 50%.
A partir de uma compreensão mais profunda dos efeitos para a indústria e a economia catarinense, a Fiesc pretende ampliar sua contribuição para políticas públicas para fazer frente à situação.
“Estamos muito preocupados com o potencial impacto, porque SC tem uma característica muito singular, com segmentos diferentes sendo afetados em proporções distintas”, explicou o economista-chefe da Fiesc, Pablo Bittencourt. Santa Catarina é o segundo estado com maior impacto negativo sobre o PIB, de 0,31%, atrás apenas do Amazonas, explicou, segundo estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). “Em SC, 22,2% da produção do setor de produtos de madeira é exportada para os EUA. No setor de móveis, 12,1% do que é fabricado têm os Estados Unidos como destino”, destacou, citando dois dos segmentos que mais têm manifestado preocupação.
Embora algumas grandes exportadoras para o mercado norte-americano possam readequar operações porque possuem estruturas fabris nos Estados Unidos ou em outros países menos impactados, essa não é a regra geral.
A preocupação com o setor de madeira e móveis, por exemplo, se justifica porque parte das indústrias com maior exposição estão em regiões onde o IDH é mais baixo e eventuais reflexos no mercado de trabalho teriam consequências sociais graves.
Foto: Casa Branca
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