O entendimento, é que as pessoas não procuram o local para fazer compras, e sim para vislumbrar a Serra do Rio do Rastro, cercada por montanhas

Anunciado em novembro de 2021, o projeto para a construção de shopping center, SPA, restaurantes e outras estruturas no mirante da Serra do Rio do Rastro, em Bom Jardim da Serra, foi contestado por representantes da Amures, em reunião na Santur. A nova proposta apresentada, terça-feira em Florianópolis, é realizar um projeto mais adequado, que priorize o turismo de contemplação e respeite as particularidades locais.    

O secretário-executivo da Amures, Walter Manfrói, explica que o projeto da empresa Vallya Advisors Assessoria Financeira, de São Paulo, não corresponde à necessidade e realidade de Bom Jardim da Serra. “Apresentamos um projeto mais modesto, que preserve o acesso gratuito das pessoas ao mirante. É para isso que elas se deslocam até lá,” argumenta.

Além de Walter, participaram da reunião a presidente da Amures, Fernanda Córdova; a turismóloga, Ana Vieira; o prefeito de Bom Jardim da Serra, Pedro Luiz Ostetto, as secretárias de turismo e de planejamento de Bom Jardim; representantes da Santur e da SC-Par, órgão responsável pelo processo de manifestação de interesse (PMI) que culminou com a escolha do projeto apresentado em 2021. 

Walter comenta que a reunião foi tensa e durou cerca de duas horas. Ficou definido que uma nova reunião será realizada, desta vez com os técnicos da SC-Par, que são os responsáveis pelo processo de PMI que escolheu o projeto da Vallya Advisors, orçado na época em R$ 127 milhões.

“Além de inadequado, é um projeto caro (da Vallya Advisors), que não atraiu a atenção de nenhum investidor. Caso o Governo do Estado não consiga viabilizar a execução direta do projeto que sugerimos, propomos que o processo seja via municípios ou pelo consórcio,” afirma o secretário-executivo da Amures. 

Mesmo sem maiores detalhes, Walter comentou que a proposta apresentada pela Amures é estruturar o mirante e melhorar os acessos viários até o local. São estruturas necessárias para atender pessoas que permanecem, em média de 45 minutos a 1 hora no local. 

Fato, é que este ano, em função do período eleitoral, nenhuma obra será licitada antes de dezembro. 

Projeto já foi questionado em 2021

Um dos consórcios, representado pela empresa Volare, que participaram do processo de manifestação de interesse (PMI), questionou a Agência de Desenvolvimento do Turismo de Santa Catarina  (Santur) e a SCPar, assim que o projeto vencedor foi apresentado, ainda em novembro de 2021. 

A alegação é que “o projeto escolhido não traduz os anseios das comunidades, nem os objetivos econômico-financeiros, sócio-ambientais e de sustentabilidade que o ambiente natural sugere, nem tampouco a vocação eco-turística que a Serra Catarinense oferece”.

Ou seja, o questionamento feito naquela época é praticamente o mesmo reforçado por integrantes da Serra Catarinense. 

O projeto também foi discutido em audiência pública, realizada no mês de fevereiro em Bom Jardim da Serra. Naquele evento, a população questionou como seria a participação da comunidade, dos empresários e dos funcionários que já atuam no mirante. 

O que prevê o projeto da Vallya

Apesar de não apontar investidores, o projeto milionário quer transformar o mirante da Serra do Rio do Rastro em um megacomplexo turístico, pista de “ski”, shopping, bondinho e outras estruturas.

O megaprojeto prevê também um novo mirante, circuito de montain bike, ponte de vidro, lago cênico, tirolesa, quiosques, restaurantes, espaços para piquenique, SPA, heliponto e casas de campo.

O projeto é divido em três macroáreas de intervenção. Uma voltada para esporte de aventura e contemplação, outra para hospedagens e mais uma com equipamentos turísticos, como estação de “ski” e bondinho.