O que é um clube de futebol?
Recolhidas em casa durante os primeiros meses da pandemia de covid-19, as pessoas começaram a buscar passatempos e a desenvolver novos interesses para manter a cabeça ativa e o tédio sob controle.
O expansão vertiginosa do mercado das NFTs foi um curiosos fenômenos daquele período da história da humanidade.
Em uma explicação bastante simplista, NFT, a sigla em inglês para “non-fungible token”, é a representação digital de uma propriedade no mundo virtual, que geralmente se compra com as chamadas criptomoedas.
Com bastante frequência, as NFTs estão vinculadas a vídeos e imagens em outros formatos, mas ser o dono de uma NFT não é o mesmo que ser o dono dos direitos autorais da imagem que ele representa.
É possível lançar uma NFT da Mona Lisa, por exemplo, o quadro mais famoso de Leonardo da Vinci, mas o comprador da NFT da Mona Lisa não vai ser o proprietário do quadro exposto no Louvre, em Paris.
Lá se foi um parágrafo, e nada de essa explicação ter ficado clara. Mas isso também diz algo: de uma hora para outra, um negócio que ninguém sabia direito o que era passou a valer dinheiro bem real.
Em leilões, compradores arremataram por milhões de dólares cotas de representações digitais de memes populares da internet.
Esse mercado ainda existe, mas já não é tão explosivo quanto se viu no auge da pandemia. De qualquer forma, ainda que o ápice das NFTs tenha ficado para trás, a valorização desses códigos de internet, bens ao mesmo tempo complexos e inexistentes no mundo físico, pode nos colocar a pensar sobre conceitos muito simples.
Por exemplo: o que é um clube de futebol? É uma sede, com piscinas, canchas de bocha, mesas de xadrez e salões de baile?
É uma sala de musculação, com aparelhos e planos de treinamento? Um campo gramado, sobre o qual um time treina e disputa campeonatos?
Uma bandeira hasteada dia e noite em um estádio que recebe torcedores? É uma camisa com escudo e, eventualmente, patrocinadores?
E se o clube tiver tudo isso, exceto um time, ele continua a ser um clube? E se não existir qualquer dos elementos acima, a não ser a torcida, o clube existe?
Essa abordagem, digamos, socrática do futebol pode ser perda de tempo. Mas será mesmo? Pensemos no Internacional de Lages: a instituição já não tem piscinas, canchas de bocha, mesas de xadrez, salões de baile, aparelhos de musculação nem campo gramado, e no momento, seu time principal está fora das competições. Mas, em uma verdade tão eloquente quanto coice de zagueiro, ele tem camisa. E tem torcida.
Um clube de futebol é uma ideia, que será tão forte quanto os esforços das pessoas que a abraçam. Na próxima quinta-feira, dia 13 de junho, uma ideia lageana completará 75 anos de vida. Quantas ideias duraram tanto, e uniram tanta gente em torno dela, nesta nossa terra?
Um salve à ideia – e à camisa que a simboliza.
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