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Lages somente foi escrita com J entre 1941 e 1960

  • Nilton Wolff

Fomos alertados pelo leitor José Cláudio Mezzalira que, em reportagem publicada na página 5 da última edição (19/11), sobre o aniversário de 255 anos do município de Lages, cometemos dois equívocos. Antônio Correia Pinto de Macedo, apesar de morar em São Paulo, era português de nascimento e não paulista e que, desde a época de sua fundação, o nome do município era escrito com G. Extraímos o histórico em questão do site do IBGE (https://cidades.ibge.gov.br/brasil/sc/lages/historico que, por sua vez, cita como fonte um texto de 2015 da Prefeitura de Lages.

Mas trata-se de um tema que merece mais atenção. A escrita do nome da cidade gera dúvidas até hoje, principalmente por quem não é catarinense. Até porque, o estado do Rio Grande do Norte possui um município com o nome de Lajes, escrito com J. Ele está a 128 quilômetros da capital Natal e surgiu em 1825 a partir da instalação de uma fazenda.

Boatos antigos, apontavam que a nossa Lages era escrita com G porque o município da região norte havia registrado a escrita e tal nome não poderia se repetir em Santa Catarina, situação não comprovada nos livros de história.

A edição do Jornal Correio Lageano, de 14 de junho de 1941 põe luz sobre este tema. A coluna T.S. explica que em função das pesquisas feitas por Antenor de Veras Nascentes, filólogo, etimólogo, dialetólogo, e lexicógrafo brasileiro, de grande importância para o estudo da língua portuguesa, definiu-se que a escrita correta do nome do município, em função da etimologia, seria com J.

A coluna acrescenta que tal decisão foi sustentada também em outras obras e pesquisas da época. "A opinião dos filólogos e dicionaristas de aquém e alem-mar, confirmando os princípios das leis fonéticas. Dentre os portugueses, Cândido de Figueiredo, já em 1925, no s.n grande dicionário regista a palavra lage, mas com a explicação seguinte: compare laja, que é melhor ortografia. - (Cândido de Figueiredo: Novo Dicionário da Língua Portuguesa, vol. II, 4* ed., Lisboa, 1925, pág. 29). Patrocinam a mesma transcrição gráfica, além de outros, o célebre romancista Gonçalves Viana e o vocabulista Vasco Botelho de Amaral, todos lusitanos. Entre os nacionais, Laudelino Freire, no seu Vocabulário Ortográfico e Ortoépico, organizado pela Academia Brasileira de Letras de acôrdo com a Academia das Ciências de Lisboa, a páginas 471, averba os cognatos: - laja, laje (m), lajea, lajeado, etc."

Mas a coluna publicada no Correio Lageano deixa claro que a grafia, desde os tempos da fundação do município, era com G, como aparece em documentos antigos: Vila de Nossa Senhora dos Prazeres das Lagens.

Fato é que nosso município passou a ser escrito com J e assim foi até 1960 quando a Câmara de Vereadores de Lages aprovou a Lei 296/60, assinada pelo presidente do legislativo Dorvalino Furtado com o seguinte texto: de acordo com o § 4º do art. 66 da Lei orgânica dos Municípios, faço saber que a Câmara Municipal decreta e eu sanciono e promulgo a seguinte Lei. Art. 1º Através da presente Lei, fica oficializado e reconhecida como certa a grafia do topônimo Lages com "G".

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