Secretaria apresenta Programa de Contraturno às direções das Escolas Municipais de Educação Básica |
O retorno dos desfiles oficiais de Carnaval em Lages foi possível pela união de esforços das escolas e blocos empenhados em angariar recursos junto ao governo estadual. À prefeitura coube auxiliar com a organização, segurança e limpeza do local do evento
Uma noite para ficar na história e resgatar o gosto do verdadeiro carnaval de rua em Lages. Assim foi o encerramento da segunda noite de folia, com o desfile das quatro Escolas de Samba da cidade, levando multidões à rua Archilau Batista do Amaral, neste sábado (22).
Um evento para toda a família, marcando o retorno desta, que é a festa mais popular do país em Lages. As escolas Protegidos de São Carlos, Unidos do Ritmo Castro Alves (Urca), Leões da Serra e Princesa Isabel fizeram da “passarela do samba” montada no bairro Universitário um verdadeiro espetáculo com sambas enredos marcantes, enaltecendo a cultura, tradição e história do povo Lageano.
Em meio a fantasias cuidadosamente elaboradas, alegorias feitas com capricho, muito samba no pé e a alegria estampada no rosto de cada sambista, as escolas mostraram sua força e orgulho, resgatando e exaltando a beleza dos carnavais de Lages. Após 19 anos sem um evento oficial, agora os lageanos podem brindar a alegria com as festividades. A organização das escolas foi um show à parte, o que abrilhantou a festa, encerrando a programação com chave de ouro.
A prefeita Carmen Zanotto acompanhou do início ao fim a apresentação de cada uma das escolas. “Sem a unidade e organização das escolas e dos blocos que desfilaram na noite anterior, não teríamos essa festividade tão linda. A união deles fez com que permitisse um único projeto para captar os recursos junto ao Fundo da Cultura e o resultado está aqui. Um espetáculo grandioso”, declara a prefeita.
Sob o comando da escola de samba Leões da Serra, um projeto foi enviado e aprovado pelo Governo do Estado, por intermédio da Fundação Catarinense de Cultura (FCC). Com isso, a escola assegurou recursos destinados para esse tipo de evento no valor de R$274 mil. “O lageano merece uma festa dessa, assim como as demais frentes culturais presentes no nosso município. Carnaval é cultura e, respeitando todas as culturas, nosso papel enquanto gestores municipais é respeitar todos os movimentos e garantir o suporte necessário em termos de organização, segurança e limpeza”, pontua a prefeita Carmen.
Do valor total dos recursos captados, R$42 mil foram destinados a cada uma das quatro escolas de samba participantes e R$3 mil para cada um dos sete blocos carnavalescos. O restante dos valores foi direcionado à montagem da estrutura do evento, como sonorização, iluminação, banheiros químicos e grades de contenção.
Família com samba nas veias
De mestre sala à destaque da ala infantil, passando pela Porta-Bandeira e Rainha Mirim. Essa é a família de Maitê Souza de Jesus (40) e do carioca Flávio Lopes Israel, casal que esbanjou simpatia e felicidade por viver cada momento do desfile. Acompanhados das duas filhas, cada um em uma ala da Escola Unidos do Ritmo Castro Alves (Urca), mostraram o amor pelo Carnaval.
Ao final do desfile, o contentamento por ter cumprido a missão estampava seus rostos, num misto de alegria e emoção por poder desfilar novamente no carnaval lageano. “Foi maravilhoso poder voltar a colocar o pé na avenida. A Urca tem meu coração e poder carregar a bandeira da nossa escola, como Mestre Sala e Porta-bandeira, é muito simbólico e emocionante”, conta Maitê.
Sambista de muitos carnavais, Flávio é, como ele diz, um carioca raiz e por muitos anos desfilou no Sambódromo da Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro (RJ), passando por escolas como Estação Primeira de Mangueira, Mocidade Independente de Padre Miguel e Grêmio Recreativo Escola de Samba São Clemente.
Esta última escola, conta ele, sua mãe é uma das co-fundadoras. “O samba faz parte de mim desde que nasci. Estou há 16 anos em Lages e essa é a primeira vez que desfilo aqui, visto que o Carnaval estava 19 anos sem acontecer, por isso é uma emoção muito grande desfilar pela Urca, uma escola com 94 anos de tradição”, declara.
Escolas exalam cultura e tradição
As Escolas de Samba são tradicionais em Lages e cada um dos sambistas carrega na sua história parte do que se vive nos barracões durante os ensaios e confecção das fantasias. A primeira a desfilar foi o Grêmio Recreativo Escola de Samba Protegidos de São Carlos, do bairro Habitação. Com 41 anos de história, consolidou-se como um dos pilares do carnaval lageano, conquistando oito títulos de campeã e 11 de vice-campeã.
Mesmo com a interrupção dos desfiles oficiais em 2007, a escola manteve viva a tradição, realizando apresentações no bairro de origem entre 2008 e 2013, além de 2016. Neste Carnaval prestou homenagem a dois ícones de sua trajetória como Bertolino Dutra (Betinho), intérprete da escola por muitos anos, e Tio Juca, passista e um dos coordenadores da escola.
A segunda escola a pôr o pé na avenida foi a Urca. Fundada em 1931, a Unidos do Ritmo Castro Alves – Urca – nasceu do sonho de apaixonados pelo samba e desde os primeiros desfiles com Pierrots e Colombinas dançando sob a luz da lua, a escola se destaca como um dos pilares da cultura carnavalesca de Lages.
Em 2025 a Urca celebra sua história com o enredo “Urca, 94 anos de histórias para contar” e o compromisso com o samba permanece firme, incentivando novas gerações a preservar e inovar nessa tradição. A escola reafirma seu papel como um verdadeiro celeiro do samba, garantindo que sua chama continue acesa para as próximas gerações.
Já a Escola de Samba Leões da Serra, terceira a desfilar, é a mais nova escola de Lages. Fundada em 2018 tem o compromisso de manter viva a cultura carnavalesca do bairro Várzea. Com o samba de enredo “Se você não gosta dela, azar é seu”, levou para a avenida belas alegorias e muita animação com os passistas.
A Leões da Serra esteve à frente das tratativas para viabilização de recursos para o Carnaval de Lages acontecer. Marcelo Campos, o Catê, foi quem montou um projeto e conseguiu recursos destinados à cultura pelo Governo do Estado.
Para fechar a noite de desfiles, a Escola de Samba Princesa Isabel, do bairro Brusque, colocou seus mais de 200 componentes para sambar. Fundada em 1974, trouxe para este carnaval o samba enredo “O segredo do amor” e as cores vermelho, branco e dourado enalteceram a cultura afro e as religiões de matrizes africanas.
Fotos: Fábio Pavan e Silviane Brum
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