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Neste mês, Lages completa 258 anos de fundação. Em suas páginas, o Folha da Serra vai relembrar de fatos e situações pitorescas, para não se dizer curiosas, que foram extremamente importantes para a construção de um dos principais municípios de Santa Catarina.
A data de aniversário, de forma comum, representa o fim de um ciclo e a oportunidade de um recomeço, de mudar o que está errado e aperfeiçoar o que já funciona bem. Esse conceito pode se aplicar a Lages, município que hoje comemora 258 anos de fundação com várias potencialidades, mas também com problemas. A expectativa de mudança se deve, principalmente, porque a partir de janeiro o município terá um novo gestor. Pela primeira vez na sua história o lageano elegeu uma mulher para prefeita e é sobre os ombros de Carmen Zanotto que recaem as esperanças em uma cidade que busque o desenvolvimento sem esquecer de atender os serviços básicos ao cidadão e preservar a infraestrutura existente.
É inegável que o município de Lages tem seus encantos. Quem não conhece ao menos uma pessoa que veio visitar ou trabalhar na cidade e a adotou como lar? Nós mesmos podemos até reclamar, mas, como diz o serrano, não arredamos o pé. Basta um olhar mais atento para perceber o que atrai tanto as pessoas que vivem aqui. Em qual cidade de porte
médio do Brasil se pode caminhar tranquilamente à noite pelas ruas, ou praticar esportes até de madrugada? Poucas, com certeza. O índice de assaltos é quase zero em uma cidade que configura entre as 12 maiores de Santa Catarina.
Para quem não tem essa sensação de segurança, Lages oferece outros atrativos. Quem sabe o pôr do sol no Salto Caveiras ou no Parque Jonas Ramos, o Tanque. Isso que não estamos falando da Localidade da Coxilha Rica, que dispensa comentários.
Tem também o Rio Caveiras. O nível é tão constante que não falta água nem mesmo nos períodos mais prolongados de estiagem. A qualidade da água é tanta que a Semasa praticamente não precisa utilizar produtos para depurá-la, já é quase potável. É que o Caveiras nasce entre os municípios de Painel e Urupema e não sofre agressões até chegar a Lages.
Também temos praças e um parque natural em pleno perímetro urbano, privilégio de poucos. Lá se pode ver o esplendor da Mata Atlântica, suas araucárias e animais, isso a uns oito quilômetros do Centro da cidade. São tantas riquezas e atrativos naturais e artificiais que fica difícil descrever todos.
Mas o principal não pode ser esquecido, é o lageano. Povo simples e trabalhador que faz juz à fama de acolhedor. Quem sabe, essa aptidão seja resquício do tempo dos tropeiros, quando as fazendas acolhiam os viajantes que transportavam gado do Rio Grando do Sul até Sorocaba em São Paulo. Fato é que aqui as pessoas olham nos olhos umas das outras e não faltam cumprimentos nas ruas. É um município que cresceu, mas manteve suas características, suas raízes.
Polo macrorregional
Santa Catarina tem 295 municípios. Lages é o quinto mais antigo. Foi fundada depois de São Francisco do Sul, Laguna, Florianópolis e São José. Em território, chegou a ser um dos maiores municípios do Brasil. Da divisa com o Rio Grande do Sul até a Serra do Rio do
Rastro, tudo era Lages. Com o passar do tempo foi desmembrada, cedendo espaço a outros municípios e, mesmo assim, continua o maior do estado.
Sua localização privilegiada, quase no centro do estado, atraiu e facilitou a instalação de vários empreendimentos. Atualmente a cidade é polo em Educação, Saúde, Comércio e Serviços. Tem universidades que atendem acadêmicos dos três estados do Sul do Brasil,
entidades que oferecem cursos técnicos e ampla rede de escolas particulares, municipais e estaduais.
Na Saúde oferece cinco hospitais, inclusive o Tereza Ramos, que com a ampliação figura entre os maiores do Estado. Cada hospital tem uma ou mais especialidades e atende pacientes da Serra e de outras regiões, uma população de quase um milhão de pessoas.
Essa rede tem o suporte de clínicas médicas, de imagem e laboratoriais. De atendimento a queimados a cirurgias cardíacas, tudo é feito em Lages. A estrutura ganhou ainda mais destaque com a pandemia. Todo o atendimento da região é concentrado na estrutura de
saúde de Lages.
Presente sólido, futuro promissor
Em 2002, o Produto Interno Bruto de Lages (PIB) era de R$ 1,1 bilhão. Esse é o cálculo
de toda a riqueza produzida no município. Dobrou em 2008, com R$ 2,2 bilhões. Bastaram
quatro anos para que em 2012 atingisse R$ 4,083 bilhões e o último cálculo divulgado
com base na movimentação em 2017 era de R$ 5,074 bilhões. Em 2021, segundo o Sebrae atingiu R$ 6,58 bilhões.
Em 2022, também segundo o Sebrae, 46.736 pessoas estavam no mercado formal de emprego, e 24.755 estudantes cursavam o ensino superior. Em março deste ano, o município possuía 22.328 empresas ativas.
O que todos esses números mostram? Que o município vem de uma crescente. É mais
riqueza sendo produzida o que representa maior número de postos de trabalho e melhor
qualidade de vida. É claro que o município tem problemas e muitas pessoas estão
desempregadas, afinal essa é a realidade nacional.
Mas entre quase 300 municípios catarinenses, Lages representava a 11º economia em 2017. Mesmo com todos os problemas econômicos nacionais e com a Covid, que prejudicou a economia mundial, Lages mostra sinais de vitalidade com a abertura de várias empresas.
Foto: Lages panorâmica
Crédito: MSM Imagens Aéreas / Divulgação
Histórico
Lages foi o quinto município criado em SC
Lages completa 258 anos de fundação neste 22 de setembro. Trata-se do quinto município mais antigo de Santa Catarina. Pela ordem, foram criados antes: São Francisco do Sul, Florianópolis, Laguna e São José. A seguir um pouco da história do maior município em extensão do estado.
Em 1728, durante a abertura de uma picada denominada "Estrada dos Conventos" ou de "Araranguá", eixo de ligação entre o litoral de Santa Catarina e a região de Lages, foi encontrado, por Francisco de Souza Faria, construtor da referida estrada, muito gado selvagem. Francisco de Souza Faria observou também uma grande quantidade de cruzes, levantadas provavelmente pelos padres jesuítas. Certamente fazia parte do rebanho que se encontrava na região dos Campos de Vacaria, no Rio Grande do Sul. O gado selvagem, que restou das criações dos jesuítas, também era visto nos extensos campos do limítrofe estado sul-brasileiro.
O tropeiro Cristóvão Pereira de Abreu viajava em 1732 no mesmo caminho de Souza Faria, mudando a picada em diversos pontos. Esses fatos ocorreram nos primeiros tempos do século XVIII, quando os primeiros homens se estabeleceram no município, no entanto sem ter uma data precisa.
A certeza histórica é que, durante a chegada do bandeirante paulista (português vindo para o Brasil durante a infância), António Correia Pinto, que fundou Lages, em 22 de novembro de 1766, existia nesses campos, de forma esparsa, fazendeiros, que vieram do Rio Grande do Sul. Aliás, na época, no estado do Rio Grande do Sul, defendia-se a ideia de que fosse o rio Canoas o limite com Santa Catarina e não o rio Pelotas.
D. Luiz Antonio de Souza, Morgado de Mateus, governador de São Paulo, determinou que Correia Pinto se encarregasse da fundação de Lages, objetivando pôr fim às pretensões espanholas, que desejavam aquela área e a expansão territorial da Capitania de São Paulo.
Correia Pinto, que enriqueceu com a venda de muares levados pelos tropeiros entre o Rio Grande do Sul e as feiras de Sorocaba, já era conhecedor da região de Lages, quando recebeu instruções para a fundação de uma vila naquele local.
Lages, sob a proteção da padroeira Nossa Senhora dos Prazeres, começou no local Taipas, no qual havia uma igreja dos tropeiros. Logo foi abandonado aquele sítio, iniciando-se um núcleo de povoamento próximo ao rio Canoas, mas as águas das enchentes levaram tudo. E somente em 22 de maio de 1771 foi fundada Lages no atual lugar onde é atualmente encontrada, estando à frente o ilustre Correia Pinto.
Por uma série de razões, a começar pela falta de comunicação, a localidade demorou a se desenvolver. Diante dos incessantes ataques dos indígenas, Correia construiu uma represa no riacho, no meio da povoação, no qual as mulheres podiam lavar as roupas, ao evitar dessa forma que, afastadas e divididas de suas casas, fossem expostas aos ataques dos indígenas]
Em 1787-1790, o alferes Antonio José da Costa construiu uma rota de Desterro (atual Florianópolis) até Lages, que seria um dos motivos para que, no ano de 1820, Lages deixasse de ser controlada pela Capitania de São Paulo e fosse jurisdicionado ao governo com sede na ilha de Santa Catarina.
O município foi palco de uma grande quantidade de fatos históricos. Além dos já mencionados, foi participante ativo da Guerra dos Farrapos, chegando os lageanos (em sua quase totalidade partidária dos farroupilhas) a serem os autores da proclamação da República em sua terra. Foi teatro, também, de fatos sanguinários, no tempo da Guerra do Contestado.
Lages da atualidade, conhecida pelo apelido de "Princesa da Serra", é o município de maior extensão territorial de Santa Catarina e é famosa pela criação de gado, por suas madeireiras e lavoura, sendo um dos mais importantes municípios de Santa Catarina pela sua participação econômica.
Criou-se o município em 9 de setembro de 1820, com área de 2.644 km², pertencente à região dos Campos de Lages.
Foto: Paisagem Marcela Ramos 4
Crédito: Marcela Ramos / Divulgação
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