Goiaba serrana é indicada na prevenção e no tratamento de várias doenças
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Aires Mariga / Epagri / Divulgação
Produzido pela Epagri, o Programa SC Agricultura publicou em seu canal no Youtube reportagem sobre a goiaba-serrana, fruta pesquisada há anos pela Estação Experimental da Epagri de São Joaquim com o objetivo de torná-la comercialmente viável. No vídeo, Mariuccia de Martin, pesquisadora da Epagri, explica que se trata de uma fruta de baixa caloria e com várias propriedades medicinais.
Segundo ela, a goiaba pode ser utilizada na prevenção e tratamento de doenças gastrointestinais, doenças renais e até do diabetes. A goiaba ainda ajuda a emagrecer, previne o envelhecimento, fortalece a imunidade, tem ação anti-alérgica e é um potente anti-inflamatório natural.
A produtora rural Sabrina Dutra de Liz Costa é entrevistada no vídeo. Ela faz parte da Coopermuse - Cooperativa Agroindustrial da Mulher Serrana, que atua desde 2010 na região. Ela diz que consegue aproveitar todo o fruto. Com a polpa faz o doce, o mussi e o chutney (molho agridoce). Usa a goiaba também para saborizar o queijo e o pão. A casca é usada como tempero e o fruto inteiro pode ser guardado na forma de compota.
Superfruta do futuro
A diversidade biológica do país não cansa de surpreender: a goiabeira-serrana (Acca sellowiana), em plena safra de março a maio em Santa Catarina, é o que vem sendo chamada pelos pesquisadores como a superfruta do futuro, devido às suas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. Apesar de nativa do Sul do Brasil, o cultivo comercial da fruta é recente e só foi possível a partir da domesticação da espécie, para o que a pesquisa agropecuária teve papel fundamental. Desde 1980, a Epagri, em parceria com a UFSC, Udesc e agricultores produtores da espécie, vem trabalhado com sucesso para dar uma nova alternativa de renda ao pequeno produtor. Nesses quase 40 anos, já foram lançados quatro cultivares adaptados às condições de clima, solo e relevo do Planalto Serrano Catarinense.
Trabalho similar vem sendo feito há quase um século na Nova Zelândia com excelentes resultados, o que fez daquele país um dos maiores produtores e exportadores da fruta. O destino? Principalmente Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Holanda, França, Japão e até mesmo o Brasil. "Nossa meta é que os maiores exportadores da espécie passem a ser os países de ocorrência natural dessa mirtácea, como é o caso do Brasil", afirma o coordenador dos estudos com a fruta na Epagri, Leonardo Araújo, pesquisador da Estação Experimental em São Joaquim (EESJ).
Produção
De fruta encontrada apenas na mata, hoje goiabeira-serrana já conta com 20 agricultores familiares da região que se dedicam a sua produção em uma área de aproximadamente 12 hectares e uma produtividade registrada de 15 a 20 toneladas/ha. Os produtores recebem de R$ 4 a R$ 5 por quilo dos frutos in natura, enquanto no mercado ele é vendido no valor de R$ 7 a R$ 10. Mas há quem tenha descoberto outras formas de agregar valor à fruta ao transformá-la em diferentes pratos, a exemplo de Sabrina Dutra de Liz, entrevistada no vídeo.
Em São Joaquim, Sabrina cultiva a goiaba-serrana desde 2011, mas foi apenas em 2019 que começou a processar a fruta e ofertar outros produtos como sorvetes, pão, mousse, geléia, compota, chutney e brigadeiro. Segundo Sabrina, a ideia de processar a goiaba foi uma saída para aproveitar toda a produção, pois as frutas pequenas não tinham aceitação pelo mercado "Foi onde me despertou o interesse de encontrar alternativas para elas. O fruto proporciona um leque imenso de novo sabores a serem descobertos". A agricultora está sempre inventando novas receitas. "Se a preparação não ficar boa, a gente come aqui em casa mesmo", diz ela.
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