<
logo RCN
Enfrentamento à pandemia

Para secretário, maior dificuldade é a contratação de profissionais da saúde

  • Doia Cercal / Secom

O secretário de Estado da Saúde de Santa Catarina, André Motta Ribeiro, esteve em Lages nesta semana e conversou com a imprensa. Acompanhe o que ele disse sobre a atuação do Estado no enfrentamento à pandemia. 

Desde agosto, 28 leitos estão em funcionamento na nova ala, mas, em função da pandemia do novo coronavírus, esse número não é suficiente, já que o hospital atende, além da população de Lages, toda a Serra Catarinense, com mais de 300 mil habitantes. Qual a possibilidade de ampliação?

São dois momentos. Temos a necessidade de aumentar a oferta em Terapia Intensiva, lembrando que o Estado ofertou número quantitativo de Terapia Intensiva suficiente, infelizmente, em algumas regiões, aqui não, foram desativados os leitos desativados. Agora, a pandemia está nos atingindo de novo, de uma forma bastante complexa e, por isso, estou aqui, também, para habilitar/ativar um quantitativo maior de Terapia Intensiva. Um segundo momento, é a discussão da reabertura gradual, mas integral, da ala nova.

O que falta, hoje, para a ativação dos novos leitos?

Nossa principal dificuldade, não só de Lages, mas de todo o Estado e também do Brasil, é a disponibilidade de pessoal; de pessoas que possam atuar em unidades de terapia intensiva. Isso porque, são nove meses de tratamento de pandemia, e os profissionais da saúde são muito impactados, eles estão exaustos, estão adoecendo. Estamos perdendo funcionários. Os nossos servidores já morreram, inclusive, nesse enfrentamento. Então, é um momento complexo e as pessoas precisam entender a gravidade. E essa é a dificuldade, trazer pessoas para esse enfrentamento, quando temos a maior taxa de transmissividade do vírus no Estado de Santa Catarina.

Seria possível fazer uma contratação emergencial, em vez de um concurso público, suprir essa demanda de uma forma mais rápida?

Desde 12 de março deste ano, instituímos o COES, que é o Centro de Operações de Emergência em Saúde e, desde então, estamos contratando emergencialmente. O Estado já contratou, dessa forma, mais de duas mil pessoas e mantemos dessa forma. A questão é achar quem contratar. Essa é a grande dificuldade.

E em relação aos equipamentos para os novos leitos a serem ativados no Tereza Ramos, o Estado já adquiriu, ou faltam apenas os profissionais?

Equipamentos, nós temos o suficiente. Inclusive, por incrível que pareça, recursos, também. Tanto municípios quanto o Estado, recursos, temos. O que nós não temos, são pessoas para trabalhar, porque o que precisamos entender enquanto sociedade, é que são pessoas cuidando de pessoas e essas que estão nos cuidados, estão cansadas, estão impactadas, estão doentes, exaustas. Em pouco tempo, esse profissional poderá se tornar raro ou escasso. E é isso que a gente tem cobrado. Que todos entendam a gravidade do momento e cumpram as regras sanitárias.

Em relação às regras sanitárias, o governador Carlos Moisés definiu novas normas. Entre elas, a liberação da ocupação de 100% dos hotéis do Estado. O senhor acredita que, com o atual cenário de crescimento do número de casos de Covid em Santa Catarina, esta medida não contrapõe a necessidade de maiores restrições?

Estamos há nove meses nesse enfrentamento, e num novo momento de pandemia, lembrando que é muito complicado fazer um equilíbrio entre saúde e economia. Até porque, a economia impacta na saúde. O que estamos fazendo, e a proposta é de muitas semanas, é o regramento de todas as atividades, para evitar a clandestinidade, que é o que está acontecendo. Então, temos alguns aplicativos e outros não formais com 150% de lotação para o verão, por exemplo, não é muita justificativa para deixar um hotel com 30%, que hotel eu consigo fiscalizar. Então, o Estado está regrando aquilo que está na clandestinidade, para que se possa, em parceria com o setor privado, com os municípios, e o próprio Estado, de fato fiscalizar o cumprimento das regras sanitárias do Estado.

Em relação ao tomógrafo, que há quase um ano foi retirado da nova ala do Tereza Ramos e levado para o Hospital Regional Doutor Homero Miranda Gomes, em São José, na Grande Florianópolis. Na época, foi informado, pela Secretaria de Estado da Saúde, que um novo aparelho, com as mesmas características, seria licitado e estaria na lista de prioridades para a compra de novos equipamentos. O senhor pode dizer à população de Lages e região como está esse processo?

Na verdade, é isso mesmo. Nós temos prioridade na compra desse equipamento, que não terá as mesmas características do que estava aqui, mas será melhor. Mas, em março, entramos na pandemia e tem o lado cruel dessa pandemia que é o aumento desenfreado dos preços de equipamentos e insumos. Então, um tomógrafo que se comprava antes por R$5 milhões, passou para R$10 milhões. Esse é o lado perverso no fornecimento de insumos e equipamentos que os gestores estão sofrendo. Mas, está sim, licitado [o tomógrafo], está com o pregoeiro, estamos na fase das impugnações por parte das demais empresas que não ganharam o certame e, assim que possível, estará disponível.

Gostaria que o senhor finalizasse deixando uma mensagem em relação à pandemia, já que muitas pessoas, apesar da gravidade do cenário atual, continuam promovendo festas e aglomerações.

Esse é um ano extremamente complexo. Entramos numa pandemia imaginando que duraria de três a quatro meses e já são nove meses, sem a menor perspectiva para tudo isso acabar. Então, é compreensível que as pessoas tenham perdido um pouco a crença, e inclusive da necessidade de cumprimento das regras sanitárias. Mas nós estamos no meio de uma pandemia, de uma doença infectocontagiosa, com pessoas transmitindo doença para outras pessoas. O vetor da doença é o próprio ser humano. Nós temos que entender que é uma doença da sociedade, e que faz sentido usar máscara, manter o distanciamento, lavar as mãos e as superfícies com frequência, manter os ambientes arejados e, principalmente, evitar aglomerações que poderiam ser evitadas. Se as pessoas entendessem isso, hoje não teríamos UTIs lotadas, e todo esse sofrimento que estamos enxergando.

E sobre a vacinação, secretário?

A vacina tem sido tratada como uma bala de prata para matar um monstro. Só que ela não vai resolver nosso problema nos próximos seis ou sete meses. Porque mesmo com a estrutura que temos e planejamento para a vacinação que está pronta e já foi anunciada pelo governador Moisés, mesmo com o Ministério da Saúde disponibilizando essas vacinas, temos, ainda, várias semanas/meses de enfrentamento. Talvez, ainda tenhamos muitas perdas e sofrimento se não entendermos isso. A vacina vem, mas não é a solução de todos os nossos problemas e deve melhorar nossas vidas a partir do segundo semestre do ano que vem. Além disso, o que me preocupa são os grupos não prioritários que não receberão a vacina no primeiro momento. Esse grupo é o que costumo chamar de super transmissores, são jovens que, até pela idade, acham que são indestrutíveis ou que não são suscetíveis à doença, mas são as pessoas que, infelizmente, acabam contaminando os mais frágeis.

Justiça desautoriza últimas flexibilizações do Estado e quer rigor contra a Covid-19 Anterior

Justiça desautoriza últimas flexibilizações do Estado e quer rigor contra a Covid-19

Governo do Estado garante habilitação e prorrogação de 116 leitos UTI Covid-19 Próximo

Governo do Estado garante habilitação e prorrogação de 116 leitos UTI Covid-19

Deixe seu comentário