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Travessia de alto risco

Pedestres ignoram passarelas da BR-282 e arriscam a vida sobre a pista

  • Fabrício Camargo

Comunidade fez campanhas e até procissão para conscientizar as pessoas, mas para caminhar menos, muitos não usam as passarelas

Desde 2014, a instalação de passarelas na BR-282 no trecho urbano de Lages, era discutida através de audiências públicas, em vista do projeto de duplicação do trecho não ter contemplado essas estruturas.

No dia 17 de abril de 2017, o DNIT assinou um ato de entrega da Ordem de Serviço para a elaboração dos projetos e construção das passarelas de pedestres.

Mas se engana quem pensa que a entrega da última passarela seja o último capítulo dessa história. As estruturas que já estão de pé enfrentam outro problema: a falta de uso por parte da população.

O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) ainda está concluindo as obras da última das cinco passarelas previstas para serem instaladas no trecho urbano da BR-282. 

Na teoria, a estrutura que liga os bairros Frei Rogério e Passo Fundo deverá trazer mais segurança aos pedestres que precisam fazer diariamente a travessia, evitando atropelamentos, que representam a segunda maior causa de óbitos na malha rodoviária federal do País.

Na prática não é o que se observa. Mesmo onde as passarelas foram concluídas, muitas pessoas continuam arriscando a vida sobre a pista. 

No Bairro São Paulo, onde está instalada a passarela que faz ligação com o Bairro São Francisco, uma campanha de conscientização foi iniciada pelo presidente dos bairros, Antônio Cesar Cardoso.

Foram personalizadas camisetas para campanha e realizadas procissões com a igreja para tentar estimular os moradores a fazer uso das estruturas.

“A passarela não liga à rua principal, onde fica o colégio, a igreja e o mercado, mas o pessoal não quer ir até a passarela porque fica fora da rota. E eu não sei mais o que fazer”, lamenta o presidente, apontando os motivos para a falta de uso das passagens.


Trajeto aumenta em 300 metros

A rua principal do bairro é a Heitor Villa-Lobos, e para seguir na rua sem precisar atravessar a BR-282, o pedestre precisa desviar cerca de 300 metros do seu trajeto até a escadaria que dá acesso à passarela.

Mas caso precise utilizar a rampa, a distância aumenta. Para economizar tempo no trajeto, os moradores arriscam a vida cruzando a pista.

Segundo os moradores, o local onde a passarela foi construída não atende ao fluxo de pessoas, o que acaba forçando a travessia pela rótula que separa os dois bairros.

Em junho de 2020, o então superintendente regional do DNIT, Ronaldo Carioni Barbosa, esteve no local a pedido do deputado estadual Marcius Machado.

Na ocasião, Ronaldo se comprometeu com a alteração no local da passarela, mas foi exonerado do cargo em 2022 sem ter promovido nenhuma mudança oficial.

O cargo é ocupado, atualmente, por Alysson Rodrigo de Andrade, com quem não conseguimos contato até o fechamento desta reportagem.

Cinco estruturas: Distrito de Índios, Bairro Bates, Rua Campos Salles, entre os bairros Frei Rogério e Passo Fundo e entre os bairros São Francisco e São Paulo


Histórico

O projeto de duplicação da BR-282, em Lages, não previa essas estruturas. Desde então, vários atropelamentos foram registrados na região.

A busca pela solução vem do período em que Carmen Zanotto exercia o mandato de suplente. Em maio de 2014, aconteceu uma audiência pública na Acil com a bancada de parlamentares catarinenses, Ministério Público Federal, Fórum de entidades, associações de moradores e o presidente do Dnit-SC, Vissilar Pretto, que estava tomando posse no cargo.

Depois de muitas reuniões entre 2014 e 2015, Carmen Zanotto conseguiu a aprovação do Dnit e também o aporte de recursos junto ao Ministério da Defesa. 

O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, Regional de Santa Catarina, promoveu no dia 17 de abril de 2017, ato de assinatura e entrega da Ordem de Serviço para a elaboração dos projetos e construção das passarelas de pedestres na BR-282, trecho urbano de Lages.

A obra foi licitada sob o regime de contratação integrada (RDCI - Edital 313/2017-16). A empresa Zanco Construtora Ltda., vencedora da licitação, é a responsável pela elaboração dos projetos básico/executivo e da construção das cinco passarelas previstas. O valor total da obra é de R$ 5.729.000,00

De acordo com o cronograma, a empresa tinha até 6 meses para a elaboração dos projetos e, a partir deste prazo, 360 dias para conclusão das passarelas. Ou seja, as obras deveriam ser concluídas até outubro de 2018.


ALTO RISCO

O SOS Estradas estima que 2 mil pedestres morreram nas rodovias brasileiras em 2021 e mais de 7.000 ficaram feridos. Somente nas rodovias federais foram 2.211 feridos e 893 mortos, segundo o Anuário da Polícia Rodoviária Federal (PRF); apesar da redução de tráfego durante a pandemia.


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