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Lages

Dissertação explora o bem-estar térmico propiciado pelas árvores do Centro

O jovem engenheiro florestal capixaba, de Cachoeiro de Itapemirim, Gabriel Mancini Antunes da Silva, tem 25 anos e escolheu Lages para estudar e construir sua carreira profissional. Gabriel é bacharel em Engenharia Florestal, formado pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), e no Centro de Ciências Agroveterinárias (CAV)/Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), em Lages, fez mestrado em Engenharia Florestal, e atualmente cursa o primeiro semestre de sua segunda graduação, tecnólogo em Gestão Ambiental, pela Universidade Estácio de Sá, na modalidade Ensino a Distância (EAD).

O engenheiro defendeu, na sexta-feira (26 de fevereiro), sua dissertação de mestrado intitulada "Conforto térmico proporcionado pela arborização na região central de Lages-SC", pesquisa desenvolvida ao longo de dois anos com tema optado pela análise de que, conforme Mancini, "várias pessoas sofrem em relação ao desconforto com o calor e com o frio e, as árvores, em conjunto à infraestrutura urbana, podem ajudar, neste sentido, para áreas abertas, porém, é um tema pouco explorado em Lages". Gabriel foi aprovado.

A dissertação estará disponível pela Udesc a partir de abril, da qual serão publicados artigos em revistas científicas. Trabalhos acadêmicos, livros e conhecimentos dos professores orientadores embasaram a dissertação do engenheiro florestal.

O trabalho procurou assimilar a percepção da comunidade do Centro sobre a relação das árvores e os diferentes microclimas urbanos em ruas arborizadas e não arborizadas, principalmente nas estações primavera e verão, e, ainda, verificar a eficiência das árvores na manutenção deste tipo de conforto, neste caso para as quatro estações do ano.

A gerente de paisagismo da Secretaria de Serviços Públicos e Meio Ambiente, engenheira agrônoma, Danúsia Vieira Sartori, elogia a seriedade com a qual as atividades do acadêmico foram desenvolvidas. "Sem dúvidas, a dissertação agregará o nosso trabalho de embelezar a cidade e ampliar as possibilidades de gerar ambientes agradáveis à população."


A banca

Os componentes foram a orientadora e professora doutora, Maria Raquel Kanieski, e o professor doutor, Juliano Pereira Gomes, ambos do departamento de Engenharia Florestal do CAV/Udesc, além da professora doutora, Jaçanan Eloisa Milani de Freitas, do departamento de Engenharia Florestal da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT). A co-orientadora, professora doutora, Flávia Gizele König Brun, do departamento de Engenharia Florestal da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), também prestou suas contribuições.


Desenvolvimento da dissertação

Primeiramente, nestes dois anos de trabalho, o mestre realizou entrevistas focadas no bairro Centro no segundo semestre de 2019, para saber como a população pensa, interpreta e age sobre o assunto, "pois é a comunidade que utiliza diretamente estas áreas", como esclarece o engenheiro florestal. Ao todo foram efetuadas 1.311 entrevistas com moradores, estudantes e trabalhadores do Centro, em que foram questionadas pessoas de diferentes áreas e níveis de conhecimento, de distintos ângulos multidisciplinares de opiniões e sugestões. Anteriormente às abordagens para as entrevistas, por parte de Gabriel e de sua equipe, elaborou-se um planejamento para que, através de referências bibliográficas, compreender-se como este assunto estava sendo pesquisado em outros locais, e a partir daí um questionário foi elaborado para ser aplicado junto à comunidade do Centro.

O segundo passo foi realizar medições microclimáticas em áreas arborizadas e não arborizadas do Centro - temperatura do ar e do solo, umidade relativa do ar e velocidade do vento, variáveis que afetam o conforto térmico das pessoas em diferentes horários do dia, para entender como este fenômeno ocorre e as possíveis sugestões de melhoria nas quatro estações do ano. Esta etapa de medições foi cumprida no período de um ano (entre setembro de 2019 e setembro de 2020).


Considerações finais e mudanças reais

Estes foram os desfechos da dissertação: As árvores possuem influência no conforto térmico do Centro de Lages, pois reduzem a temperatura atmosférica e do solo, aumentam a umidade relativa do ar e diminuem a velocidade do vento, porém, também há outros fatores influentes, como o clima da região da Serra Catarinense e a grande quantidade de prédios. Gabriel Mancini aconselha maior investimento na educação ambiental e dos órgãos públicos e a criação de um Plano Diretor de Arborização e, "então, o planejamento, a escolha das espécies, a implantação e o manejo das árvores seriam facilitados e os gastos seriam menores". O estudioso acredita que, "neste sentido, a população deseja mais árvores para a cidade".

O mestre em Engenharia Florestal pontua a proposição de modificações. "Sugere-se para serem implantadas na região, em outros pontos, um misto de espécies caducifólias e perenifólias." Mancini argumenta a existência de espécies caducifólias (que perdem parte ou todas as folhas durante outono e inverno, permitindo a passagem de radiação solar e ajuda a aquecer as pessoas) e perenifólias (não perdem as folhas durante as estações mais frias e são importantes para refrescar a população na primavera e no verão).

Estes aprofundamentos exigem conhecimento técnico, portanto, como opinião técnica do estudioso, vale ressaltar alguns pontos: "Sugiro monitorar os indivíduos arbóreos até mesmo de outros bairros, para que sempre as árvores estejam produzindo os benefícios desejáveis. As podas devem ser adequadas na primavera, podando-se no máximo 25% da copa para não gerar riscos de estresse para as árvores, assim, evita-se a sua mortalidade e se gera maior conforto térmico."

Outra demanda diagnosticada pelo engenheiro florestal seria a conscientização ambiental dos comerciantes, "que por vezes pensam nas árvores só como sujeira e que vai atrapalhar os consumidores de comprarem seus produtos, o que está errado". Gabriel questiona e reflete: "As árvores tendem a valorizar os estabelecimentos comerciais urbanos, pois o consumidor prefere ver as mercadorias da vitrine no calor ou refrescado no verão?"


Próximos passos

O mestre planeja atualizações em novos cursos e congressos e a sequência deste trabalho seria levar os resultados à Secretaria de Serviços Públicos e Meio Ambiente, responsável pelo paisagismo de Lages, para que possam ser colocados em prática. Seu pedido de estágio no Município foi aprovado. "Pretendo trabalhar com a Secretaria, até mesmo como estagiário, pois, como estudei a parte de arborização urbana desde minha primeira graduação, gostaria de uma oportunidade e ter experiência", projeta o jovem, disponível às universidades para lecionar em áreas de planejamento urbano ou botânica.


Agradecimentos

A prefeitura (Secretaria de Serviços Públicos e Meio Ambiente) colaborou com a dissertação através da participação de seus funcionários do Centro na etapa de percepção. "Acreditaram em mim e sou grato pela oportunidade de poder estagiar na Secretaria do Meio Ambiente, experiência a qual eu sempre sonhei ter." Gabriel estende seus agradecimentos aos estagiários da graduação de Engenharia Florestal da Udesc e da UTFPR: Guilherme Melegari, Isabelle da Silva Wolff, Jonnathan Almeida, Mariana de Moraes Goulart e Victor Amadeu Colombo Sousa Dellajustina (todos acadêmicos da Udesc) e Dennis de Lima Noronha (acadêmico da UTFPR).

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