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Lages

Comemoração dos 257 anos foi cancelada

  • MSM Imagens Aéreas / Divulgação

O dia 22 de novembro marcou os 257 anos de fundação de Lages, o maior município da Serra Catarinense e um dos principais de Santa Catarina. Desta forma, ao longo do mês, o Folha da Serra publicou reportagens com aspectos históricos, mas também atuais. O foco das reportagens foi positivo. É claro que a exemplo dos demais municípios brasileiros, Lages apresenta vários problemas, mas nossa ênfase será para suas potencialidades. É preciso analisar dados, conhecer a história para se valorizar o presente

Várias atividades foram programadas para comemorar os 257 anos de fundação do município de Lages. Mas, em função da situação da cidade, acometida por enchentes e, principalmente, da morte do vereador Bruno Hartmann, a prefeitura decidiu cancelar os eventos.

Alguns, a exemplo da inauguração da praça Sensorial, na rua da Apae, serão transferidos. Outros devem realmente sair em definitivo da programação. 

Feirão do Emprego, iniciativa da Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Turismo e distribuição de mudas de flores, pela Secretaria de Agricultura e Pesca estão entre os que devem ser remanejados.

O mesmo deve ocorrer em relação ao Casamento Comunitário no Mercado Público de Lages e o Festival Dança Catarina no Ginásio Jones Minosso


Redescobrindo a História – Lages Missioneira

Pesquisa e texto: Iran Rosa de Moraes

Desde meados do século XVII, conforme mapa do território da “República Guarani”, encartado no livro República “comunista cristã” dos guaranis (LUGON, 1977), “os campos das Lagens” estiveram inseridos no território missioneiro, como parte da “Vaqueria”, englobando os “campos da Vaccaria” e “campos de Sima da Serra”.

Conforme relato de Bento Amaral Gurgel Annes (segundo capitão-mor regente de Lages), escrito em uma carta destinada, à época (1791), ao Governador da Capitania de São, Paulo Bernardo José de Lorena, grande era a preocupação de uma invasão espanhola devido à proximidade da Vila de Lages a região missioneira (dominada pelos espanhóis), e pelo fato de os caminhos entre elas se darem através de uma planície, com facilidade para o trânsito de carretas. 

Afirmava Bento Gurgel que as antigas regiões de “Sima da Serra”, “Vaccaria” e “Lagens” foram povoados “daquele Povo de Missões”, e que os sinais dos rodados das carretas ainda eram visíveis no terreno.

Portanto, é nessa correspondência, escrita em 26 de setembro de 1791 e enviada ao governador da Capitania de São Paulo, Bernardo José de Lorena, que se tem a afirmação oficial de que “os campos das Lagens” realmente faziam parte da “Vaqueria”. Região pertencente às Missões Jesuíticas, que também passou para a história como “Vacaria dos Pinhais” e “Baqueria de Los Piñares” (termo espanhol). 

Era uma imensa área de campos “onde se criava gado chimarrão para reserva alimentar das Reduções Jesuíticas dos Sete Povos das Missões”.   

Já em 1766, meses antes da fundação da Vila de Lages, o então governador da Capitania de São Paulo, Morgado de Matheus, escrevia para o Conde de Oeiras, falando sobre a intenção de fundar uma ou duas povoações nas “Chapadas da Vaccaria” e de como “tinha aprontado hum Paulista para me ir servir naquela paragem de Capitão-mór”. 

Ou seja, este Capitão-mór era Antonio Correa Pinto de Macedo, que em 22 de novembro de 1766 chegaria, primeiramente, à região do Cajuru (Coxilha Rica) para fundar Lages.

As “chapadas da Vaccaria” referidas ao Conde de Oeiras por Morgado de Matheus compreendiam “os campos das Lagens”, e, notadamente, os campos de Bom Jardim da Serra, acessado, a partir do litoral, pelos “abridores” do Caminho dos Conventos.

Na citada carta do Morgado de Matheus escrita em 1766, fala-se também dos “campos da Vacaria”, que estiveram sob o domínio dos Sete Povos da Missões até pelo menos 1753, ano de início da Guerra Guaranítica. 

O Morgado de Matheus se preocupava com duas questões cruciais, à época, fundar a Vila de Lages para de certa forma conter possível avanço dos espanhóis sobre os “campos de Lagens” e, por outro lado, porque (...) “há tradições que ali há ouro naquellas terras e será mais conveniente que elas estejão povoadas por nós do que em risco de o poderem ser pelos nossos inimigos”, conforme relata na carta.

Portanto, pesquisando documentos históricos, depara-se com informações de tamanha clareza sobre a presença missioneira nas “chapadas da Vaccaria” e nos “campos de Sima da Serra do Viamão” bem antes da fundação da Vila de Lages, especialmente aquelas encontradas na carta de Amaral Gurgel Annes, Morgado de Matheus, e, sobretudo, em relato histórico do tropeiro Cristóvão Pereira de Abreu.

O tropeiro fala de “aldeas” dos padres da Companhia existentes no Planalto Serrano e dos caminhos abertos por eles para a passagem “do primeiro gado”.

Após a incursão de abertura do Caminho dos Conventos, este tropeiro adentrava ao Planalto, palmilhando os campos de Bom Jardim da Serra, onde se deparou com manadas de gado chimarrão. 

Na verdade, contextualizando os fatos, nota-se que em 1766, mais do que o perigo de um ataque direto das forças espanholas, o que havia era certa resistência de índios remanescentes das missões jesuíticas, não mais dos padres jesuítas em si, perseguidos que estavam tanto de parte da coroa portuguesa quanto da espanhola. 

Em 7 de fevereiro de 1756, por exemplo, sucumbira em batalha da “Guerra Guaranítica” o heroico índio missioneiro Sepé Tiaraju, o qual antes de morrer em combate, proclamara: “Esta terra tem dono”.


Referências Bibliográficas

BOGACIOVAS (1999, Revista da ASBRAP número 6 p. 17); (OLIVEIRA, 1996, p. 19); Costa (1982, p. 41); CHEUICE (1988, p. 103); OLIVEIRA (1996, p 37,38); OLIVEIRA (1996, p 37,38); Abreu OLIVEIRA (1996, p. 23).

Assessoria de Comunicação Social/PML


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