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E se berros fossem punhos?
O Inter de Lages viveu altos e baixos na primeira década dos anos 2000. O cartão de visitas colorado na abertura do novo milênio foi inesquecível: Kuki marcou toneladas de gols em 2000, e o clube conquistou o título da segunda divisão do Campeonato Catarinense, o que o pôs de volta na elite do estadual. Naquela campanha, a roupagem era da Sociedade Esportiva e Recreativa Internacional, a “SER Inter”, mas até os quero-queros do Tio Vida sabiam que, após quatro temporadas fora das competições, ali estava mais uma vez o Colorado Lageano velho de guerra.
No ano seguinte, o Inter fez boa campanha na primeira divisão do Catarinense, na qual chegou a entrar na briga por vaga nas finais, mas amargou o rebaixamento à segunda divisão em 2002 e, em 2003, mais uma vez não entrou em campo, o que se repetiria em 2009. De 2004 a 2008, o clube disputou a segunda divisão, e, em 2010, figurou na terceira divisão, o calabouço do futebol catarinense, do qual só saiu em 2013.
Nesse período de emoções tão variadas, também houve espaço para a raiva - e talvez em nenhum outro episódio a torcida colorada tenha ficado tão perto do ponto de ebulição quanto no dia 11 de novembro de 2007. Ali, se pudessem transformar berros em punhos para assegurar que beiços alheios entendessem o que vociferavam, é certo que os colorados fariam essa mágica.
O Inter enfrentou o Joaçaba na semifinal do segundo turno da Série B. Na primeira partida da série, fora de casa, os colorados perderam por 2 a 1, o que exigiria vitória da equipe no jogo de volta, em Lages, para levar a partida para a prorrogação, quando bastaria um empate para o time chegar à decisão da fase. Conquistar o returno era a única forma de o Internacional seguir com chances de retornar à primeira divisão.
Os colorados venceram o jogo no tempo normal por 1 a 0, com gol do atacante Digão. Bastava, então, o tal empate, que jamais ocorreria, como ficou evidente a cada trilar do apito do árbitro.
No primeiro minuto do segundo tempo, Digão, que não tinha cartão amarelo, foi expulso. O Inter foi para o confronto no tempo extra com dois jogadores a menos porque o volante André, a dois minutos do fim do tempo normal, também foi expulso. Na prorrogação, o zagueiro Marcão e o atacante Cláudio Júnior completaram a lista de expulsões do Inter, que, com quatro jogadores a menos, perdeu no tempo extra por 3 a 2.
Revoltada, parte da torcida invadiu o gramado. Alguns jogadores partiram para agredir a arbitragem com socos e voadoras. Luiz Picinini, treinador do time júnior do Internacional, foi agredido e teve um braço quebrado. Na tentativa de dissipar os revoltosos, policiais militares apontavam armas para Cláudio Júnior e o goleiro Marcão, que estavam armados com garrafas d’água. O Inter só reapareceria na primeira divisão do estadual em 2015.
Na segunda-feira, dia 11, vai fazer 17 anos que vivemos aquela tarde de esperança e ódio. Já se passou bastante tempo, é verdade, mas o árbitro da partida continua sem merecer que nós, colorados, falemos ou escrevamos seu nome.
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