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Patrick Cruz

Inter - 75 anos

O bronze sorridente de Setembrino

Setembrino tinha nome de adulto. Não tinha como ouvir meu pai contar histórias sobre o zagueiro que liderou a defesa do Inter de Lages no título estadual de 1965 sem imaginar uma figura que exalava autoridade.

A partir dos relatos que ouvi na infância, todo Setembrino tornou-se, para mim, um personagem imponente, incontestável, perene. É verdade que jamais conheci qualquer outro Setembrino, nem mesmo o ex-zagueiro colorado, sobre o qual só ouvi falar, já que ele encerrou sua carreira no futebol muito antes de eu nascer. Mas, a propósito, dada a escassez de Setembrinos, eis mais um adjetivo para o ídolo do Inter de Lages: único.

Um dos relatos que mais me fascinavam era o das mandingas do velho Sete. A mais recorrente era a de sempre jogar com a gola da camisa virada para dentro, mas, segundo consta, enterrar sapos atrás das traves era outra das práticas a que recorria para buscar, no plano espiritual, apoio para o time do qual ele se tornou um dos símbolos.

Na campanha do título estadual, o zagueiro providenciou um amuleto a mais antes de uma partida importante contra o Metropol, de Criciúma, o principal concorrente do Inter na briga pelo troféu. “Frequentador assíduo dos terreiros de Umbanda, Pai Sete acendia seu charuto e, entre uma baforada e outra, recebia caboclos da Linha de Xangô”, relata Mauricio Neves de Jesus em Aquelas Camisas Vermelhas, o livro sobre a história do Colorado Lageano. “No dia da viagem para Criciúma, ele apareceu na concentração com um colar de contas benzido para fechar o gol do Internacional”.

O lançamento do livro, em 2012, foi uma felicidade imensa que vivi como torcedor do clube da cidade. Uma das inúmeras razões dessa alegria foi poder, finalmente, ver imagens do mítico Setembrino com sua não menos lendária gola dobrada.

Lá estava ele, sério, impávido, um colosso, o que até fica bem em imponentes estátuas, mas certamente não combina com o espírito galhofeiro e bem-humorado de um dos maiores zagueiros da história colorada.

Setembrino Martins de Oliveira nos deixou no dia 16 de dezembro de 1985, vítima de complicações decorrentes da diabetes, mas sempre está em tempo para nós o homenagearmos com um monumento. Uma anotação para a posteridade: um bronze sorridente de Setembrino.


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