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Patrick Cruz

Inter - 75 anos

O Inter e a serpente do Tanque
Dentro de duas semanas, o Internacional de Lages completará 75 anos de fundação. O clube está preparando uma pequena ação com torcedores para marcar a efeméride, sobre a qual haverá divulgação nos próximos dias.

Como se pode supor, a celebração ocorrerá sem grande espalhafato. Dadas as circunstâncias desfavoráveis de sempre, a iniciativa terá caráter simbólico. Sim, o Inter, a metonímia de nossas virtudes e insuficiências coletivas, mereceria muito mais – jantares de gala, corridas de rua, canhões de luzes, coreografia de cisnes e chuvas de alfazemas –, mas, de qualquer forma, haverá homenagens.

A realidade insiste gargalhar de nossas idealizações. É duro admitir, mas quem se importa com o clube e enxerga nele as coisas boas do passado e o potencial que ele oferece para os anos que estão por vir precisou aprender a lidar com a frustração de aguardar por esse futuro. Ele está logo ali, é possível senti-lo erguer-se por detrás das coxilhas. Ainda assim, o que se materializa é a renovação da espera.

O Inter vai completar 75 anos, mas muitos dos problemas que ele enfrenta hoje são similares aos que o afligiam em meados do século passado: a escassez de recursos e braços, o improviso, o ceticismo de muitos. Parece que esta vida, a que o clube vive agora e como a viveu até aqui, ele terá de vivê-la uma vez mais, e outra, e outra.

Como tudo se repete, tem-se a impressão até mesmo que já ressoam sobre teclados e telefones celulares os dedos sebentos dos detratores de sempre, que correrão para redes sociais e aplicativos de mensagens para seus comentários previsíveis sobre a esqualidez das ações do clube para celebrar seus 75 anos. Aparentemente, nunca ocorrerá a essas pessoas que também elas poderiam ter feito algo para que as celebrações fossem da dimensão que julgam apropriada.

Nessa revisita contínua a si mesmo, o Inter é a cobra que engole o próprio rabo. Em Lages, a mítica Ouroboros, símbolo do eterno retorno, toma a forma da serpente do Tanque, o ser que, de acordo com o imaginário local, descansa sua cabeça debaixo do pequeno lago do Parque Jonas Ramos e mantém seu corpo inerte sob as águas do Rio Carahá.

Para os que creem que o clube pode, sim, dar outro rumo à sua existência, é desalentador voltar indefinidamente ao ponto da promessa que jamais se cumpre. Mas, se assim é, talvez nada mais reste aos sonhadores senão sonhar.

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