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Pelotinhas e Lava-Tudo

Serra Catarinense tem potencial para mais nove usinas hidrelétricas

O Rio Pelotinhas comporta a implantação de seis pequenas centrais hidrelétricas (PCH) e o Rio Lava-Tudo, outras três unidades. Esse é o resultado apontado pela Revisão de Inventário do Rio Pelotas, apresentada pela empresa Estelar Engenharia, essa semana, na Acil, em Lages, e que mostra o quanto a Serra Catarinense pode avançar como polo gerador de energia elétrica.

Os estudos foram iniciados em 2019, em substituição ao projeto da Usina Hidrelétrica Pai Querê, que seria construída no Rio Pelotas entre Lages e o município gaúcho de Bom Jesus. O empreendimento teve a licença prévia indeferida em 2013, já que inundaria 6.100 hectares de área, afetando 334 famílias. Além do impacto ambiental, o lago da Pai Querê inundaria um sítio arqueológico. Em agosto de 2019, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) recomendou ao Ministério de Minas e Energias a rescisão da concessão, sepultando em definitivo o projeto da Pai Querê.

Nelson Dornelas, engenheiro da Estelar Engenharia, explica que a empresa já atuou no projeto de várias usinas hidrelétricas e que o objetivo sempre é obter o maior potencial de geração de energia com o menor impacto possível.

Dentro desta ótica, a empresa desenvolveu sete alternativas para explorar os dois rios. A quinta opção foi a escolhida, por apresentar baixo impacto e grande capacidade de geração instalada. As nove pequenas centrais hidrelétricas formariam pequenos lagos, atingindo apenas 627 hectares de área. Somada, a capacidade de geração será de 201,1 megawatts (MW). Em comparação com a Pai Querê, essa alternativa representa 87% de redução de mata nativa e apenas 29% de redução da capacidade instalada. O custo total estimado desta alternativa é R $1.527.119.920,00.



Baixo impacto

No projeto, os rios Pelotas e Lava-Tudo foram divididos por trechos, onde as usinas formarão um sistema de cascata. A água passa pela primeira PCH gerando energia e depois desliza em direção à segunda, assim consecutivamente. Como as barragens são baixas, os lagos formados por elas são pequenos.

Para se ter uma ideia, a PCH Malacara vai gerar 10.5 MW, pode ser construída em 24 meses a um custo de 66 milhões e não vai atingir nenhuma residência. A PCH Antoninha, prevista para ser construída entre Lages e São Joaquim vai gerar 19 MW, ao custo de R$ 98 milhões e atingirá apenas duas residências.


Próximas etapas

Segundo a empresa Estelar Engenharia, a etapa atual consiste no protocolo dos Estudos de Inventário na Aneel. Esses estudos visaram detalhar a divisão de quedas dos rios Pelotas e Lava-Tudo no trecho entre a Elevação 797,00 metros e 647,00 metros. A próxima etapa compreende a análise dos estudos por parte da Aneel.

Após a aprovação dessa agência, serão desenvolvidos os Estudos de Projeto Básico de cada usina da divisão de quedas. A partir das definições dos Projetos Básico, serão desenvolvidos os estudos ambientais para protocolo nos órgãos competentes para análise.

Os projetos não serão alvo de concessão pela Aneel. Então o investidor poderá escolher se venderá a energia no mercado regulado (distribuidoras) ou no mercado livre.

"A entrada de investidores nos projetos pode ser feita a qualquer momento. Atualmente, a Múltipla Participações Ltda. é a única investidora desse trecho do rio. Durante o desenvolvimento das etapas supracitadas, poderão ser feitas parcerias para o desenvolvimento de um ou mais projetos", explica a empresa.


Benefícios

A implantação das Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) proporciona benefícios aos municípios da região ainda na fase de construção. As prefeituras recebem impostos, e as obras abrem oportunidades de trabalho e também aquecem o mercado do setor de comércio e serviços.

Quando as obras são concluídas e passam a gerar energia, os municípios recebem recursos a título de compensação por uso de recursos hídricos.

A Estelar Engenharia acrescenta ainda que a construção pode alavancar o turismo, já que os acessos às usinas serão melhorados e muitos estão em locais de fluxo turístico, a exemplo da rodovia Caminhos da neve.

"A batalha em prol dos recursos naturais, da proteção ao meio ambiente, do uso da água e de formas opcionais de energia é antiga. Santa Catarina é o Estado pioneiro na criação de um Código Florestal. Nós que lideramos a formulação do Código Florestal, e grandes avanços já foram conquistados. A questão da água como fonte de energia vai mais longe do que a geração de energia, significa desenvolvimento econômico e humano. Lages está geograficamente no centro do Estado, e a potencialidade da sua natureza é salutar à energia e ao turismo, a exemplo da produção de energia eólica em Bom Jardim da Serra. A capacidade hídrica da região Sul é grandiosa," avaliou o prefeito de Lages Antonio Ceron.


O que é uma PCH?

As Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) são usinas hidrelétricas de tamanho e potência relativamente reduzidos, conforme classificação feita pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em 1997. Esses empreendimentos têm, obrigatoriamente, entre 5 e 30 megawatts (MW) de potência e devem ter menos de 13 km² de área de reservatório. Apesar do nome, que carrega o "pequenas", as PCHs são hoje responsáveis por cerca de 3,5% de toda a capacidade instalada do sistema interligado nacional.

Previsão de estiagem severa deve prejudicar geração em hidrelétricas

A estiagem prevista para o segundo semestre deve ser a mais severa em quase um século. O baixo volume dos rios prejudica a geração de energia nas usinas hidrelétricas em algumas regiões do Brasil e dificulta o transporte hidroviário, usado para escoar grande parte da produção do agronegócio.

Entre as medidas emergenciais adotadas pelo Ministério de Minas e Energia estão o lançamento de campanhas para incentivar a economia e evitar o desperdício de água e luz.

O secretário de Energia Elétrica do ministério, Christiano Vieira, citou as medidas preventivas que o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico adota desde outubro do ano passado.

Essas medidas vão pesar na conta de luz. O secretário Christiano Vieira estima que o custo adicional até o fim deste ano seja de R$ 9 bilhões, o que equivale a 4,6% de toda a receita do setor elétrico. É que para suprir a necessidade do País, o governo autoriza o funcionamento de usinas termelétricas a carvão e a diesel, que têm um custo de geração muito alto.

A Agência Nacional de Energia Elétrica reajustou em 52% o valor da bandeira vermelha dois na conta de luz. Subiu de R$ 6,24 para R$ 9,49.

O ex-integrante do Conselho Nacional de Política Energética e professor do departamento de Engenharia Elétrica da Universidade de Brasília, Ivan Camargo, avaliou que o encarecimento da energia é uma forma eficiente de reduzir o consumo imediatamente. Mas Ivan Camargo alerta que é importante pensar também em medidas de longo prazo, para evitar que essa situação volte a ocorrer.

Desta forma, todas as entidades que participaram da reunião técnica na Acil, em Lages, apoiaram a iniciativa de se construir as usinas. "Há regiões onde é inviável se planejar investimentos industrias, porque não há oferta de energia elétrica," avalia o vice-presidente regional da Fiesc, Israel Marcon.

Com informações da Agência Brasil


Foto: Rio Pelotinhas 2

Crédito: Viagensecaminhos.com / Divulgação

Legenda: O Rio Pelotinhas passa pela Coxilha Rica, região de rara beleza


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