Nos primeiros cinco meses deste ano, Lages gerou 1.335 novas vagas de trabalho com carteira assinada, recorde para o período. O saldo deve aumentar nos próximos meses e, principalmente, em 2022, quando será instalada no município uma Zona de Processamento de Exportação (ZPE), área que tradicionalmente atrai grandes empresas, em função da redução de impostos. Atualmente, além da Berneck,que abriu processo de seleção para preencher 500 vagas, outras empresas também estão contratando, situação que exige qualificação por parte dos candidatos.

A Berneck abriu processo de cadastramento em seu site e via Banco do Emprego, o que está provocando filas na porta da Secretaria de Emprego e Renda. O processo vai avançar durante o mês de agosto. O secretário de Desenvolvimento Econômico, Álvaro Mondadori, explica que a empresa quer conferir a qualificação das pessoas interessadas em trabalhar e ver quais funções terá que buscar fora de Lages. São muitas vagas. Dos 550 postos de trabalho diretos, apenas 43 já foram preenchidos.

Instalada às margens da BR-116, quase na divisa com Capão Alto, a unidade está em obras e pretende iniciar a produção em outubro. Desta forma, as pessoas contratadas passarão por treinamento em outras unidades, na de Curitibanos e no Paraná. Atualmente, são 26 empresas terceirizadas no canteiro de obras com cerca de mil funcionários.

Mondadori avalia que a Berneck vai tirar funcionários de outras empresas, já que não existem tantas pessoas qualificadas para preencher as vagas. "É o tal do cobertor curto. Eles contrataram muitas pessoas que trabalhavam na Kimberly, que fechou em Correia Pinto. Certamente vão atrair também candidatos de cidades vizinhas e até de outras regiões e estados."

Vagas ofertadas na Berneck

- Analista de produção;

- Operador líder;

- Operador de produção;

- Inspetor prensa;

- Auxiliar de produção;

- Operador de empilhadeira;

- Operador de trator;

- Operador de concha;

- Motorista de caminhão;

- Operador grua sennebogen;

- Laboratorista;

- Assistente PCP;

- Encarregado de pátio

Requisitos

- Vagas para todos os sexos;

- Contratam-se pessoas com deficiência;

- Disponibilidade para trabalhar em turnos

Trevo na BR-116 será custeado por empresas

A instalação de um trevo na BR-116 é prerrogativa para a abertura da Berneck. Desta forma, ficou estabelecido em Termo de Ajuste de Conduta firmado com o Ministério Público Federal, que a obra será custeada pela Berneck e pela JBS. É que a Berneck deve movimentar, em média, 400 caminhões por dia e o fluxo da JBS também é intenso.

A empresa do setor de alimentos dobrou seu quadro e já passa dos mil postos de trabalho. "Com a pandemia cresceu muito o consumo de pizzas produzidas em Lages. A unidade também produz massas que são enviadas para outras unidades montarem as pizzas," explica o secretário de Desenvolvimento Econômico. A obra do trevo deve custar cerca de R$ 11 milhões, permitindo que os caminhões fiquem em uma ilha de proteção, para cruzar a pista com segurança.

Quais setores estão investindo

As pessoas mais atentas sabem que, ao lado da empresa Cassol, na Avenida das Torres, está em obras a unidade da Brasil Atacadista. São 199 vagas, das quais apenas 10 foram preenchidas via Banco do Emprego. Na mesma região, o Supermercados Myatã deve instalar uma loja. O empreendimento foi anunciado durante reunião na Acil.

Segundo o secretário, a Madepar está praticamente duplicando suas instalações. "As exportações aumentaram muito. Os americanos querem comprar a produção de um ano antecipada. A Madeireira Borges também está investindo."

Já a JBS vai passar de três para seis unidades. Duas funcionam lado a lado no espaço às margens da BR-282 que era ocupado pela Alcoa. A terceira está instalada onde era a Santur, nas proximidades da BR-116, a quarta vai ocupar um barracão às margens da BR-282, sentido Salto Caveiras. "A quinta está com a terraplenagem pronta, às margens da BR-116, quase em frente da antiga Lactoplasa. A sexta unidade ficará atrás da unidade 4, também às margens da BR-282."

Desenvolvimento gera preocupações

Pobreza_ O secretário Álvaro Mondadori não esconde que se preocupa com o desenvolvimento acelerado do município. Uma preocupação é com a possibilidade de formação de bolsões de pobreza, por parte de pessoas que saem de suas cidades de origem em busca de colocação, não conseguem emprego e passam a viver em extrema pobreza.

Rodovias_ Outra é com o aumento de fluxo nas rodovias, principalmente de caminhões. Neste caso, a solução pode ser a criação de terceiras faixas na BR-282, projeto que está em discussão e a duplicação parcial da BR-116.

A rotatória de acesso ao Lages Garden Shopping também congestiona em vários horários. A solução apontada é a criação de trincheiras, a exemplo da BR-101. Elas permitem o retorno por baixo da rodovia, mas com trânsito em mão inglesa. O objetivo é utilizar melhor as vias marginais, desafogando a rodovia BR-282.

Qualificação_ Uma das principais preocupações do secretário é em relação à qualificação. Ele defende a formação de tecnólogos, com cursos rápidos, de dois anos. O Senai já trabalha neste sentido e, geralmente, as pessoas formadas já saem empregadas.

Sobram vagas_ O Banco do Emprego possui extensa lista de vagas. Mondadori diz que questionou o RH de algumas empresas e se deparou com um problema. Candidatos que trabalham um ano e ficam quatro meses parados, denotando que somente buscam o seguro desemprego. Outra situação são as pessoas que querem trabalhar, mas na entrevista revelam que na primeira oportunidade querem deixar Lages. "As empresas não querem investir em qualificação e perder o funcionário."

Primeiro emprego_ O secretário pediu para que empresários ligados a Acil e a CDL abram vagas também para quem nunca trabalhou, qualificando essas pessoas. Isso se faz necessário para não perder os jovens para outras cidades do estado. Para ele, são pessoas que precisam de oportunidade para mostrar o seu valor.