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Serra Catarinense

Redução do preço da carne desestimula produção

Na Serra Catarinense, muitos animais não serão engordados o que vai diminuir a oferta de carne do final do ano para frente

Quem compra carne bovina com frequência, sabe que está mais fácil conseguir uma promoção no supermercado. É que, no acumulado dos últimos seis meses deste ano, o preço deste tipo de carne caiu 2,89%.

Se comparada a maio de 2023, a redução é de 6,48%. Os dados fazem parte do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (INPC-A). O problema é que, para o pecuarista, a redução foi ainda maior.

Segundo dados do Cepea, em 2022 o valor da arroba sofreu queda de 29,6%. Em dezembro de 2023, o preço do boi gordo caiu outros 15,5%, quando comparado a 2022. Na Serra Catarinense, essa situação está provocando a migração da pecuária para outras atividades agrícolas. 

O alerta é do presidente do Sindicato Rural de Lages, Márcio Pamplona. “Quando o produtor não é remunerado, ele para de investir ou migra para outras atividades, como se vê na agricultura, ou deixa a terra parada.

É um negócio. O produtor precisa ser remunerado pelo que ele produz. Caso contrário, para não comprometer o empreendimento, busca outras alternativas.” 

Pamplona comenta que essa é a realidade. Com o excesso de chuvas, o custo da produção das pastagens subiu e muitas áreas deixaram de ser utilizadas para a produção de animais.

O produtor optou em não investir nas pastagens. Como consequência, muitos animais não serão engordados o que vai diminuir a oferta do final do ano para frente.

“Com a redução do preço, o produtor parou de investir. Diminuiu muito a quantidade de animais que iriam para o abate”, lamenta.

Questionado sobre o que motivou a queda dos preços, o presidente do Sindicato Rural explica que se deve ao aumento da oferta de animais e aos preços internacionais, que desestimularam a exportação. Em 2023, o abate de fêmeas utilizadas para a reprodução aumentou ainda mais a oferta de carne no mercado. 

Desta forma, em 2025 será possível observar, por meio de dados, os impactos que esta situação causou no setor.

Pecuária tem importância histórica

Antes mesmo da fundação de Lages, registros históricos apontam para a existência da atividade pecuária na Serra Catarinense, motivada principalmente pela vastidão dos campos e da oferta de pasto.

Em extensão, até hoje a região é a maior de Santa Catarina. Desta forma, a pecuária chegou a ser o principal pilar da economia. Atualmente, divide espaço com outras atividades, mas mantém relevante importância. 

É que, ao longo das décadas, o setor se qualificou. Projetos desenvolvidos pela Embrapa, Epagri e Cidasc profissionalizaram o pecuarista, que investe no melhoramento genético dos animais e na qualidade das pastagens. 

Como o inverno dificulta a manutenção das pastagens e a terminação dos animais (engorde para o abate), os pecuaristas se especializaram na produção de terneiros, disputados nos leilões por compradores de várias regiões do Brasil. Os animais são comercializados, também, via internet e em canais de TV especializados.

Uma das razões para a queda nos preços das carnes é a oferta. Segundo dados do IBGE, foram produzidas 8,91 milhões de toneladas de carne bovina em 2023, 11,2% a mais que em 2022, e 8,6% acima do recorde anterior, obtido em 2019. Mas não só. O excedente foi direcionado para consumo interno, e não para exportação.

Pesquisa da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), da Universidade de São Paulo,  destaca que, em termos absolutos, em 2023, o volume de carne aumentou em 900 mil toneladas frente a 2022, ao passo que a exportação foi ampliada em apenas 22,8 mil toneladas, para 2,29 milhões de toneladas.

O aumento da capacidade de consumo interno, com o impulso da geração de empregos e melhoria de renda, pesou no processo de controle de preços.

Com a inclusão das carnes nos itens da cesta básica que ficarão isentos de impostos, como decidiu a Câmara dos Deputados ao regulamentar a Reforma Tributária, no longo prazo a pressão sobre os preços via tributos deve diminuir. A ideia, por sinal, foi defendida por Lula em entrevistas que antecederam a votação na Câmara.

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