logo RCN
Fotografias

Seu Walter resgata a história de Lages e de suas famílias

  • Mauro Maciel

Geralmente as histórias são contadas em livros, detalhadas palavra por palavra. Apaixonado por fotografia, nas últimas duas décadas, o empresário aposentado Walter Hoeschl Neto faz um trabalho um pouco diferente. Ele conta a história do município de Lages e de suas famílias por meio de imagens, algumas centenárias. Em seu acervo, acumula mais de 13 mil fotografias e seu desejo, agora, é que elas façam parte de um museu para que possam ser consultadas pela comunidade.

Com 79 anos, seu Walter relembra um fato nada comum para a época em que era menino. Tanto a família da sua mãe, quanto a do seu pai possuíam máquina fotográfica, objetos muito raros. "Eu tenho uma com mais de 100 anos que era de minha avó materna. A família tinha fotografias, da época em que minha mãe e minhas tias eram novas. Meu pai também tinha fotos antigas."

Com 13 anos ele ganhou uma máquina fotográfica. Disse que, apesar de gostar, não fotografava muito em função do alto custo para revelar as imagens. Olhava o negativo contra a luz para escolher quais queria relevar. Tudo era caro, a máquina, o filme e o processo de revelação.

"Eu sempre gostei de história, de conhecer os fatos. E quando me aposentei, por volta do ano 2000, comprei uma impressora multifuncional e descobri o scanner. Nessa impressora digitalizei minhas fotos. Me entusiasmei com o resultado e comprei um scanner profissional, que lê também negativos," conta entusiasmado.

Ele começou o processo com fotos antigas da família. Sua mãe tinha uma caixa de fotografias com alguns negativos. Disse que por diversas vezes pensou em jogar tudo fora. Como nem tudo era relevado, algumas das fotos digitalizadas sequer eram conhecidas por ela ou pelas tias de Walter. "Tinha foto da minha mãe quando ela tinha 12 anos, relíquia."


As 1.300 fotos da Fundação Cultural

Márcio Ávila trabalhava na Fundação Cultural de Lages convidou seu Walter para digitalizar as fotos da fundação. "Fui e digitalizei cerca de 1.300 imagens. Foram alguns meses. Não dá para trabalhar oito horas por dia. É cansativo. Tem que identificar e também melhorar a qualidade de cada imagem."

"O interessante na Fundação Cultural é que eles têm no acervo 17 negativos de vidro. E eu digitalizei. Tem fotos da pedra fundamental da Catedral Diocesana de Lages, dos padres. Uma é muito interessante. Mostra o local onde hoje é o estacionamento do Colégio Diocesano. Tinha uma quadra de tênis e a foto mostra o pessoal jogando com camisa, calça e sapato branco, e os padres vestidos com batina, olhando. Três das fotos têm a data de 1935. Outra foto interessante mostra o cemitério que ficava perto do Colégio Santa Rosa e ocupava parte do que é hoje a Rua Coronel Córdova."

Depois digitalizou as fotos do acervo do Serranos Tênis Clube. O convite partiu do então presidente Carlos Eduardo de Liz, o Caco. O clube estava prestes a comemorar aniversário e as fotos seriam úteis. Inialmente, seu Walter trabalhou com 1.200 imagens, mas depois os sócios começaram a levar outras e chegou a cerca de 3 mil fotografias.

Nessas fotos ele encontrou seu pai e sua mãe. "Meu pai foi um dos fundadores do clube e aparece inaugurando a quadra de tênis, o bar. Foi uma recompensa e um passeio no tempo."

Depois disso, muita gente começou a trazer fotos e o trabalho continua até hoje.


Preservação

A Fundação Cultural tem o Museu da Imagem e do Som, mas está parado, guardado. A Uniplac pretende montar um museu, fazendo um resgate histórico da universidade e também da comunidade. "Já conversei para incluir esse acervo nesse museu e ver se tem alguém que ajude a identificar, a trabalhar. "Em relação à história, Lages precisa de uma ação mais forte. Talvez saia na Uniplac uma ação que garimpe as coisas antigas que ainda podem ser preservadas."


You Tube

Seu mantém um canal no Youtube. Um dos vídeos é o Lages contada em fotos, com fotos antigas e fotos recentes dos mesmos locais. Há também sobre Kart, corridas de carros e sobre os anos 60, quando existiam as festas de garagem, a missa das 22 horas da Catedral Diocesana, o Bar Marrocos, que era o point da época. Bailes de debutantes, de miss, músicas e filmes. Coisas que ficaram no passado, mas estão vivas nas imagens de seu Walter.

Foto: Walter 3

Crédito: Mauro Maciel

Legenda: Seu Walter, ao lado de móveis e antigos e um livro utilizado pelo seu avô

Foto: Antigo Colégio São José

Legenda: Colégio São José foi transformado no Hospital Nossa Senhora dos Prazeres


Cia Mútua apresenta espetáculo Contestados em Lages Anterior

Cia Mútua apresenta espetáculo Contestados em Lages

Jornalista e escritor Rogério Martorano lança livro em São Joaquim - Enquanto não Esqueço Próximo

Jornalista e escritor Rogério Martorano lança livro em São Joaquim - Enquanto não Esqueço

Deixe seu comentário