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Rogério Martorano lançará livro em São Joaquim

Com informações de Aluízio Amorim e Moacir Pereira

Rogério Martorano lançará em sua terra natal, São Joaquim, dia 28 deste mês, seu livro "Enquanto não esqueço: memórias de um repórter sonhador". O evento está programado para iniciar às 20 horas na Casa da Cultura. Jornalista e escritor, Martorano é considerado um ícone da imprensa estadual e também nacional, já que por cerca de 20 anos atuou no O Jornal e na Revista O Cruzeiro, veículos de Assis Chateaubriand. Em seu blog, o também escritor Aluízio Amorim vai mais longe. Diz que foi Martorano que colocou Santa Catarina no mapa do Brasil.

O livro relata sua vitoriosa trajetória durante 20 anos convivendo com as principais autoridades, jornalistas e artistas no Rio de Janeiro, então a capital federal. Martorano conviveu com os principais nomes da política nacional, como JK, Carlos Lacerda, Tancredo Neves, ministros, parlamentares, bem como os principais jornalistas de dois grandes veículos da mídia nacional naquela época. Desta forma, a obra resgata vários ciclos da história da imprensa e da política brasileira, sob a ótica do Rio de Janeiro, nas décadas de 60 e 70.

Em sua entrevista ao jornalista Moacir Pereira (ND), Martorano conta que tinha o sonho de ser jornalista desde os oito anos de idade. Desta forma, aos 18 anos viajou para o Rio de Janeiro para prestar serviço militar. A intenção era conversar com Chateaubriand, considerado o rei do Brasil, tamanho a sua influência nos cenários político e econômico.

"Um dia após chegar ao rio, fui em busca de Chateaubriand. Quando soube que era filho de César Martorano, ele me abraçou e deu um beijo em minha testa. Perguntou onde eu estava morando, falei que era no exército. Ele pediu que o motorista me acompanhasse para buscar minhas coisas. Fomos de Rolls Royce, um carro muito caro, fato que virou assunto para o ano todo no quartel. A partir daquela data passei a morar com ele e sua família na mansão."

O próprio Chateaubriand apresentou Martorano para as equipes da revista e do jornal. Pediu que o apoiassem para se tornar um ótimo profissional. Um dia depois, o apresentou ao presidente Juscelino Kubitschek. "Ele (Assis) nem comunicou ou agendou. Entrou no palácio do governo e foi subindo até chegar no gabinete de JK onde foi recebido," recorda Martorano


A ligação com Chateaubriand

O escritor Aluízio Amorim explica que César Martorano (o pai de Rogério Martorano) então um jovem de 19 anos de idade, filho de tradicional família de empresários pecuaristas, gostava muito do jornalismo. Conseguia receber em sua casa as edições de O Jornal, pertencente à rede de comunicação de Assis Chateaubriand.

Numa viagem que fizera ao Rio de Janeiro em 1929, César visitou O Jornal, que ficava na sede dos Diários Associados. Revelou seu interesse pelo jornalismo o que lhe rendeu a missão de ser o correspondente de O Jornal em Santa Catarina, oportunidade em que recebeu a famosa 'carteirinha', dos Diários Associados, assinada pelo poderoso Assis Chateaubriand, embora não tivesse tido contato com ele.

Assis Chateaubriand além de advogado, jornalista e empresário era acima de tudo um político nato e intuira acertadamente que Getúlio Vargas tomaria o poder. Durante a revolução de 30 não teve dúvidas e ficou ao lado de Vargas. E foi naquele ano efervescente de 1930 que Chateaubriand viajou de avião até Florianópolis para seguir viagem depois a Porto Alegre, onde se encontraria com Getúlio. De lá os revolucionários marchariam rumo ao poder.

Os legalistas que obedeciam ao então presidente Washington Luiz, descobriram que Chateaubriand estava a caminho de Porto Alegre. Havia espiões por todos os cantos e o clima era tenso. Isto obrigou Chateaubriand a se esconder, o que o levou a São Joaquim no caminho do Rio Grande do Sul.

Ao colocar os pés nessa então pequena cidade no topo da Serra catarinense a notícia se espalhou rapidamente. Os joaquinenses revolucionários que seguiam Getúlio ficaram desconfiados de que o forasteiro poderia ser um espião do grupo legalista. Caso isto se confirmasse, seria fuzilado sumariamente. Como então confirmar a real identidade do recém chegado forasteiro?, se perguntavam os revolucionários.

César Martorano lembrou que possuía um documento com a assinatura de Chateaubriand. Bastaria que se pedisse ao desconhecido que escrevesse a sua assinatura num papel para que fosse feita uma confrontação com aquela contida no documento em poder de César, o que de fato foi providenciado. Não houve nenhuma dúvida. Estava comprovado. Uma vaca foi abatida na Fazenda Antonina da família Palma, que apoiava Getúlio Vargas, para a realização de um churrasco em homenagem ao ilustre visitante.

A César Martorano coube a tarefa de levar Assis Chateaubriand a cavalo até a cidade de Vacaria, no Rio Grande do Sul, onde Chatô tomou um trem para encontrar-se com Getúlio Vargas em Porto Alegre, incorporando-se no movimento que derrubaria Washington Luiz e levaria Vargas ao poder.

O fato jamais foi esquecido por Assis Chateaubriand que se tornou um grande amigo de César Martorano, cujos bons ofícios lhe salvaram a vida.

Foto: Rogério martorano 1 ou 2

Crédito: Divulgação


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