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História

Coral 76 anos, um bairro com sotaque italiano

Marin, Sens, Dalmolin, Marcon, Schmidt e Faccina. Esses são alguns sobrenomes que ilustram placas de empresas na região do Coral, em Lages.

Eles evidenciam a contribuição italiana na formação do bairro, que completou 76 anos. A pujança dos setores de comércio e serviço surpreende, fruto do trabalho árduo de homens e mulheres que acreditaram e transformaram a região em uma das principais da cidade.  

Ao caminhar pelas ruas, percebe-se uma enorme diversidade de produtos e serviços. Nada falta ao morador do Coral. São lojas, farmácias, laboratórios, restaurantes, supermercados, lotéricas e uma bem estruturada rede de comércio e serviços voltada às autopeças, a maior da cidade.

Tanto, que na década de 1980, Lages era considerada o principal polo distribuidor de autopeças do Sul do Brasil, mérito das empresas do Coral. Atualmente, o bairro se mantém como referência do setor.  

Toda essa diversidade se reflete na qualidade de vida. A principal avenida, a Luiz de Camões é arborizada e bem sinalizada. As ruas secundárias também possuem boa infraestrutura, o mesmo pode se observar em relação a casas e prédios.

Há décadas, o Coral era o maior bairro da cidade também em extensão. Depois ficou menor em função do desmembramento do Sagrado Coração de Jesus, em 1956 e do Caravágio, em 1983.

Não é de hoje que o bairro tem autossuficiência. Quando completou 50 anos de existência, a comunidade se mobilizou para emancipar o bairro de Lages.

Na época, a proposta não ecoou junto ao governo que teria que constituir o bairro em cidade e liberar muitos recursos para que isso se efetivasse. Mesmo não conseguindo se emancipar, o bairro continua crescendo. Muitas pessoas moram e trabalham no Coral, sem ter a necessidade de ir ao Centro.


Nome do bairro é uma sigla

A origem do nome Coral surgiu da sigla Companhia Rosário Abastecedora Ltda, inaugurada em 1º de Maio de 1948, na antiga Avenida 3 de Outubro, nº 55. A empresa pertencia a Tito Varela Ramos e João Pucci.

Era o único posto de abastecimento da região. Junto ao posto existia uma oficina mecânica. O local também comercializava baterias, molas, pneus e autopeças. 

Praticamente na mesma época se instalou um dormitório e um restaurante em anexo, formando um centro de atendimento para quem passava pela região.

O empreendimento deu origem ao bairro que cresceu a sua volta. Ele ficava na sinaleira entre as avenidas Luiz de Camões, Presidente Vargas e Dom Pedro II.

Quando os seus proprietários registraram o endereço telegráfico: CO: Companhia, R: Rosário, A: Abastecimento, L: Limitada. Na época, o telégrafo era um importante meio de comunicação.

Com o passar dos anos, o bairro tornou-se referência com um comércio diversificado, principalmente voltado ao setor de autopeças.

Na década de 1980, Lages chegou a ser considerada a maior distribuidora de autopeças do Sul do Brasil, título conquistado graças às empresas implantadas no Coral e que continuam importantes até hoje. Dentre as referências da época, estavam a Engrenaco e a Real Acessórios.

O bairro cresceu muito e chegou a ser o maior de Lages em número de habitantes e em área. Mas depois foi desmembrado em outros.  Mesmo assim, o Coral se mantém como um dos mais importantes da cidade. 

 

Uma homenagem aos imigrantes

Como a origem do Bairro Coral teve forte influência dos migrantes italianos, vindo do Rio Grande do Sul, o entroncamento entre as avenidas Dom Pedro II e 1º de Maio foi o local escolhido para a instalação de um monumento em homenagem a essas pessoas, que vieram de outros países e cidades para contribuir com o desenvolvimento de Lages.

O autor da obra foi o escultor lageano José Cristóvão Batista e a inauguração ocorreu em 24 de maio de 2002.  Na época, a Prefeitura de Lages enfatizou que “a colonização e consequente povoação se deu por intermédio da miscigenação de raças, culturas e costumes, representado pelo homem branco, de origem portuguesa, vindos da Província de São Paulo, mestiços das missões guaraníticas, vindos da Província de São Pedro (RS), negros, índios e nômades.

Desde o início de sua povoação a cidade, por estar localizada em uma região rica em pastagem, mantém como uma das bases de sua economia a atividade da exploração pastoril.

Mais tarde sofreu grande influência dos italianos, que tinham uma visão voltada para a extração da madeira, e dos alemães, nas atividades de beneficiamento da madeira, indústria moveleira e construção civil.”

Fonte: site Prefeitura de Lages 

Monumento é homenagem aos imigrantes italianos            Foto: Nilton Wolff


150 anos da imigração italiana no Brasil

Em 17 de fevereiro de 1874 chegava ao porto de Vitória o navio “La Sofia”, conduzindo 388 imigrantes italianos. Eles foram contratados por Pietro Tabacchi, que possuía a fazenda “Monte das Palmas”, em Santa Cruz.

O empreendimento, porém, não prosperou, provocando descontentamentos e revoltas, sendo que um grupo seguiu para colônias oficiais da Região Sul.

Neste seguimento, a maior parte dos italianos que chegaram em Santa Catarina eram originários de uma região ao redor da cidade de Trento, ao norte do país; na década de 1830, seria organizada a primeira colônia italiana no Estado

Nomeada como Nova Itália, ela enfrentaria uma série de dificuldades e logo seria abandonada. Entretanto, outras colônias foram fundadas na região e conseguiriam prosperar, como Nova Trento, Porto Franco e Brusque.

Quatro décadas depois seria iniciada nova leva de colonização italiana no Brasil, motivada pela procura de mão-de-obra após a abolição da escravatura no país, em 1889.

Na época, milhares de imigrantes se instalariam em regiões isoladas de Santa Catarina como Rio dos Cedros, Rodeio, Ascurra, Pedras Grandes, Nova Veneza e Turvo, que eram tomadas por florestas e pouco ocupadas por brasileiros. Tratavam-se de terras menos férteis dos que haviam sido anteriormente ocupadas por brasileiros e alemães; de qualquer forma, a descendência da leva de 1870 conseguiu prosperar.

Poucas décadas depois existiam quase 100 mil famílias italianas em Santa Catarina. A comunidade era tão grande que praticamente não se usava a língua portuguesa. 

Fonte: Câmara de Vereadores de Lages (homenagem aos italianos)


Em Lages, primeiros italianos eram madeireiros

As origens são incertas, mas fato é que os primeiros italianos migraram de outros estados brasileiros para se instalar em Lages com a intenção de cortar, serrar e vender madeira, principalmente árvores de araucária. As florestas eram tão densas que na década de 1920 a árvore era considerada uma praga. 

Esta informação faz parte do livro "O Continente das Lagens", de Licurgo Costa. Na página 682, se inicia o capítulo Extrativismo Vegetal, Indústria de Madeira e Reflorestamento.

É esta parte que relata a chegada dos italianos. Vale lembrar que, na época, o território de Lages era gigante, incorporava municípios como Otacílio Costa, Correia Pinto, Palmeira, Capão Alto e tantos outros. Era um dos maiores municípios do Brasil. 

Na década de 1940, o livro de Licurgo Costa relata que os irmãos Golin montaram uma madeireira em Palmeira. Outro sobrenome italiano que se instalou em 1947.

Emilio Fiorentino Battistella, com a colaboração de Ênio Mario Marin, implantou a Indústria e Comércio de Madeira Battistella S.A, empresa que na década de 1980 estava em 60º lugar entre os maiores grupos econômicos do Brasil. 

Ernesto Gaspari implantou em 30 de junho de 1956 a Companhia Novosul Indústria e Comércio, em 1956 Dal Pizzol se instalou em Anita Garibaldi e em 15 de julho de 1955 Gentil e Vitorino Menegotto e Albino Montemezzo implantaram a Pandolfo em Porto Alegre, empresa que depois se instalou em Lages. 

São referências históricas da contribuição dos italianos para a economia de Lages e da Serra Catarinense. Existem exemplos em outros setores, quem tem mais de 40 anos lembra das Organizações Berlin, que vendia praticamente de tudo. 

Fato é que descendentes italianos fizeram e fazem muito por Lages, e o aniversário do Bairro Coral é uma bela oportunidade de referendar essa contribuição. 


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