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Claiton Camargo

Há preocupação com a falta de oxigênio para os hospitais de Lages

Em entrevista ao Folha da Serra, o secretário de Saude Lages falou sobre a pandemia . Ele considera que as medidas restritivas adotadas nas últimas semanas devem surtir efeito a partir de agora.  


Folha da Serra_ Gostaria de começar falando sobre esses últimos dias de restrições. Fazendo uma comparação do dia oito de março, um antes do decreto do prefeito Ceron, até esta semana, os números baixaram muito pouco, pelo contrário, aumentaram. Que resultados tivemos, que resultados podemos esperar desse período de restrição ?

Claiton Camargo de Souza_ Bom, acho que é importante para quem está nos acompanhando, ter consciência, a mesma consciência que a gente tem. Toda e qualquer ação que a gente toma hoje, começa a ter reflexo daqui a dez, quinze dias. Então, se a gente adota uma medida restritiva, [essa medida] vai começar a sentir o impacto de qualquer movimentação que aconteça entre o décimo e o décimo quinto dia. Isso é o aprendizado que temos de um ano de pandemia em todo mundo.

No nosso caso aqui, não aplicamos o lockdown, como você muito bem falou. É apenas uma redução de circulação. Por que disso? Passamos as férias, passamos o final do ano, as pessoas foram para a praia, todo mundo relaxou um pouco, esperávamos que em janeiro a gente tivesse um 'baita' de um problema e isso não aconteceu. E causou aquele sentimento de que a pandemia estava controlada. Ah! e a gente foi relaxando muito. Falo isso enquanto sociedade.

Nós aqui na região serrana, felizmente, não fechamos leitos, como aconteceu em outras regiões do Estado. Teve o início das aulas, a gente teve as aulas privadas, depois teve Carnaval, depois a gente teve as aulas em geral e tudo isso coincidiu com esse momento que a gente está vivendo agora.

E mais uma nova variante da Covid. A P1. Que agora a gente já sabe que oitenta por cento do que está se confirmando é a nova variante, no nosso estado.


E essa variante secretário, há algum dado de que as vacinas que estão sendo aplicadas, são eficazes contra ela?

Ainda não. É uma nova preocupação, na verdade. Porque a gente começou a ter as pessoas cem por cento imunizadas a partir de agora. As pessoas que se vacinaram no dia 15 de janeiro, e fizeram a segunda dose 15 dias depois, começaram a criar, efetivamente, a imunidade comprovada de cada uma dessas vacinas, agora. Trinta dias posterior à segunda dose. Então, agora a gente começa a ter uma população efetivamente imunizada dentro do território. E essas pessoas, no meio desse período, podem ter contraído a Covid. Mas o que a gente precisa entender é que quando a gente chega na situação que chegamos aqui, a gente precisa das medidas restritivas de circulação. Como não temos como apontar o dedo para dizer: a culpa é da escola, a culpa é do comércio, a culpa é das férias, a culpa é da balada; não temos como comprovar isso. Então, o que que a gente precisa fazer? Reduzir circulação. Por quê? Reduzindo a circulação, você reduz a possibilidade de aumentar o contágio. Se as pessoas não circulam na mesma velocidade que circulam normalmente, a chance de contaminação reduzir é muito alta. E esse é o objetivo das medidas restritivas, reduzir a circulação. Se a gente pensar, hoje, em Lages: quantas pessoas se movimentam por dia por causa das aulas? Temos vinte mil estudantes. Esses estudantes vão ser levados por pais, que vão buscar, que vão pegar ônibus. É uma movimentação de umas quarenta mil pessoas. Se você reduz atividades econômicas, você reduz a circulação de pessoas na praça, dentro de ambientes fechados, reduz o risco de contaminação. Por que medidas restritivas? Porque chegamos no colapso da estrutura de saúde disponível para o atendimento. Se não seguramos o nível de contaminação, dez por cento das pessoas que se que se contaminarem vão buscar recurso hospitalar, isso é estatística mundial. E se hoje estamos com as estruturas lotadas, estamos assumindo que essas pessoas não terão atendimento.

Nesse período de quinze, vinte dias, aumentamos 132 leitos na região serrana. Durante um ano, demos conta da Serra Catarinense inteira sozinhos. Com a situação agravando, articulamos com os demais hospitais da região e, praticamente, abrimos um hospital de campanha na Serra Catarinense, só que espalhado nos hospitais.

Ou seja, os pacientes vinham dos outros municípios para serem atendidos aqui e agora pacientes de Lages passam a ser atendidos em outros municípios.

Exatamente. E foram obrigados a criar estruturas para atender essa situação. E mesmo assim, a gravidade deste momento era tão grande, que estamos com tudo ocupado. Mesmo abrindo 132 leitos de enfermaria, estamos com 132 leitos ocupados.


Há uma preocupação com relação à falta dos insumos, como oxigênio, anestésico, medicamentos?

Entre dezembro e janeiro, fizemos uma compra grande de medicamentos. Grande, principalmente, dos anestésicos, para o que chamamos de desentubação. Nós fizemos isso porque estamos com alto consumo no Centro de Triagem, que é um lugar de passagem, mas como não tem leito de UTI, eles ficam no Centro de Triagem, estamos praticamente tratando pacientes lá. Nós nos antecipamos e, inclusive, estamos emprestando medicamentos para hospitais da região. Mas vai acabar e é uma preocupação. Já tem dificuldade de compra. Oxigênio, a princípio, não era um problema. Mas ontem, fomos notificados pela empresa que é licitada, que ela não vai conseguir entregar o consumo que estamos tendo no Centro de Triagem.


E existe um outro recurso? Para solucionar essa falta?

Vamos fazer mais adaptações na estrutura. Os pacientes que têm maior consumo de oxigênio serão levados para a UPA,que tem usina de oxigênio, e produz o próprio oxigênio. Oxigênio é licitação e não se faz estoque.


O senhor falou que os resultados das restrições começam a aparecer a partir do décimo quinto dia, e que a movimentação do Centro de Triagem nesses últimos dias começou a reduzir. Há uma expectativa de que se consiga voltar a controlar a situação da pandemia?

O que nos chamou atenção é que do dia 5 para o dia 6 [de março], foi quando começamos a ter um bum de novos casos em Lages. Ali pelo dia 5, confirmamos uma média de setenta, oitenta casos novos, por dia. E, a partir do dia 6, começamos a confirmar 230. E ali foi, 230, 290, 400, 500... Ontem à noite [terça, 16], confirmamos 112 pessoas [contaminadas]. Então, já teve uma redução. Quem olhar os últimos boletins, vai perceber que o número de casos ativos em Lages estabilizou. Não parou, mas parou de crescer naquela velocidade de 200, 300 que estava vindo. Começa a ter um balanceamento, eu estou confirmando 112 por dia e ontem eu tive 113 recuperados. A partir de hoje [quarta, 17], provavelmente, a gente começa a ver essa diferença ser cada vez maior em relação a termos menos confirmados e maior número de recuperados

No Centro de Triagem, a movimentação não está grande, porque a gente dividiu com as unidades de saúde. As 26 unidades viraram 13, para ter atendimento de caso leve [de Covid], das 7 horas às 19 horas, e descarregar o Centro de Triagem. O atendimento das crianças foi direcionado para o Hospital Infantil [Seara do Bem]. Mesmo assim, a média de atendimento é de 300, 300 e poucas pessoas. Que ainda é alto. Porém, a gente percebe que o número de confirmação dos testados, é menor. Isso também é um bom sinal, mas isso tudo vai ser efetivo a partir de agora. Esses próximos três, quatro dias são fundamentais para dizer se as medidas restritivas que tomamos vão realmente dar algum tipo de resultado.


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