Mauro Maciel

Pioneira no ensino superior na Serra Catarinense, a Uniplac completou 65 anos, em 2024, como referência de excelência educacional e de compromisso com o progresso regional. É a marca mais lembrada no Top Of Mind quando o assunto é ensino superior. Fruto do trabalho de profissionais e do comprometimento dos acadêmicos.

Solidez creditada à ousadia dos fundadores e à superação de desafios impostos ao longo de décadas. Um desses episódios foi o processo de intervenção implantado em 2008 e finalizado em setembro de 2014, exatamente há 10 anos. 

Para o secretário-executivo da Amures, Walter Manfrói, a intervenção, apesar de ser um processo jurídico extremo, permitiu replanejar e reorganizar a estrutura da Uniplac, perpetuando sua atuação como vital instituição de ensino para a Serra Catarinense e para Santa Catarina.

“Sempre é importante conhecermos a história e precisamos recordar deste tema, que foi de extrema importância para a Uniplac e para a sociedade como um todo. Foi a intervenção que permitiu a manutenção da universidade como comunitária e sem fins lucrativos”.

Em 2009, Manfrói respondia como secretário municipal de Finanças da Prefeitura de Lages e foi nomeado pelo então prefeito Renato Nunes de Oliveira, como interventor, em substituição a Arnaldo Moraes, que ficou na função até junho daquele ano.

Ele comenta que dificilmente outro prefeito teria a coragem de tomar essa decisão. É claro que tiveram o amplo apoio do Poder Judiciário e do Ministério Público. A universidade passava por dificuldades e representantes de várias entidades se uniram em busca de uma solução. 

Divisão de funções

Manfroi sempre fez parte do grupo de trabalho e explica que, inicialmente, Arnaldo Moraes juntou um grupo de professores e técnicos, criou uma estrutura mínima de administração para continuar os trabalhos, para manter a universidade funcionando.

Decidiu-se, imediatamente, separar as instituições. A universidade, que é a mantida; e a Fundação, que é a mantenedora. Anteriormente, o reitor desempenhava as duas funções. Fazia a gestão da Universidade e da Fundação Uniplac. 

Com a divisão, todas as decisões administrativas, que envolvem contratações e despesas, ficaram com a Fundação Uniplac. A Universidade ficou única e exclusivamente com a questão pedagógica. O Consuni, Conselho Universitário, é quem dá apoio ao reitor. 

“Em 2010, aprovamos um estatuto para criar de forma separada o Consad (Conselho de Administração) e o Conselho Fiscal, formado por pessoas da sociedade que representam entidades, como Amures, Acil e CDL. Desta forma, a sociedade está presente até hoje e faz o acompanhamento dos processos”, explica Manfrói. 

Com essa divisão, se a Universidade quer criar um curso, faz a análise de interesse, de viabilidade, de custos e etc. Com tudo aprovado, a palavra final é do Conselho de Administração que avalia se as mensalidades serão suficientes para cobrir os custos. “Nunca o conselho se insurgiu contra algo que fosse viável,” avalia Manfroi.

Grupo de abnegados

Todas essas ações positivas só foram possíveis graças a um número enorme de abnegados que se prontificaram a estar lá, a discutir questões financeiras, buscar soluções, participar de reuniões, de embates em Brasília, em Florianópolis. 

“O fato é que no dia 3 de setembro, não se celebra algo ruim. Celebra-se algo extremamente positivo. A Universidade tem que lembrar. Quero lembrar uma frase que disse na época: A universidade jamais poderá reescrever essa história. Nunca mais poderá chegar à situação que levou à intervenção”, disse Manfrói. 

Hoje a Uniplac é referência, é modelo e dignifica a cidade de Lages e a Serra Catarinense

Walter Manfroi

Transformação da universidade reflete em benefícios para a comunidade

Cláudia Pavão

Nos últimos dez anos, a Uniplac vem passando por uma significativa transformação, observada pelo reposicionamento de sua marca e uma reestruturação que abrangeu desde as estruturas curriculares dos cursos até as instalações físicas da instituição.

O reitor em exercício, professor Alexandre Tripoli Venção, destaca que a Uniplac tem se reinventado ano a ano para se adequar à realidade local e continuar sendo referência de ensino na Serra Catarinense.

Um dos principais marcos desse período foi a revisão dos cursos de graduação, com a atualização das grades curriculares e a adequação dos valores das mensalidades, o que resultou em um aumento no número de estudantes, principalmente nas áreas da saúde.

“Tivemos que pensar pedagogicamente em como manter a qualidade de ensino, mas de forma coerente com a realidade da nossa região”. Esse movimento permitiu à Uniplac se posicionar de forma mais competitiva no mercado, atraindo novos alunos e fortalecendo a instituição.

A universidade também manteve o foco em cursos que, embora com menor demanda, são considerados essenciais para o desenvolvimento regional, como as licenciaturas, visto que a formação de professores é vital para a educação.

Além disso, os programas de bolsas de estudo, incluindo o programa Universidade Gratuita, têm sido fundamentais para garantir o acesso de mais estudantes ao ensino superior.

Paralelamente, a Uniplac investiu fortemente na melhoria de suas infraestruturas física e tecnológica. Nos últimos anos, passou por reformas significativas em seus laboratórios e espaços de convivência.

“Quem esteve aqui há dez anos e volta hoje, encontra uma universidade completamente modificada”, comenta o reitor em exercício.

Outro destaque importante são os projetos de extensão, que têm impacto direto na comunidade da Serra Catarinense. Cursos como Medicina, Odontologia e Direito oferecem atendimento gratuito à população, reforçando o aprendizado dos acadêmicos e contribuindo para o desenvolvimento local.

A área de saúde, por exemplo, realiza mais de seis mil atendimentos por mês apenas com o curso de Medicina, demonstrando o compromisso da Uniplac em aliar teoria e prática em prol da comunidade.

“Com essa evolução, a Uniplac reforça seu papel como uma instituição comprometida com a educação de qualidade e com o desenvolvimento da região.”

Uma trajetória de desafios e conquistas

Antônio Carlos Floriani, presidente do Conselho Administrativo e da Fundação Uniplac, destaca que a trajetória da instituição pode ser dividida em diferentes etapas.

O primeiro grande marco foi a fundação da universidade, um período em que as pessoas envolvidas vislumbraram o futuro e trabalharam para construir o que a instituição é hoje.

O segundo, foi a transformação da Uniplac em universidade, consolidando seu papel na educação superior da região. Um terceiro ponto, segundo Floriani, foi a intervenção, período de extrema necessidade, que foi decisivo para a retomada da estabilidade institucional.

​"A intervenção foi essencial, e desde então observamos uma evolução significativa da Uniplac, tanto em sua estrutura física quanto em sua atuação na comunidade", destacou.

Floriani atribui esse avanço a uma sequência de esforços de pessoas visionárias, que contribuíram em diferentes fases da instituição. "Seja na fundação, na transformação em universidade, na intervenção ou na evolução atual, a Uniplac contou com pessoas comprometidas que souberam conduzir a instituição até o patamar em que se encontra hoje."

Além dos aspectos acadêmicos e estruturais, Floriani ressalta a contribuição da Uniplac para o desenvolvimento da Serra Catarinense ao longo de seus 65 anos de história.

"Formamos milhares de pessoas, o que trouxe benefícios extraordinários para a região, tanto no aspecto cultural quanto econômico. São empresários, profissionais liberais e cidadãos que, ao longo dos anos, têm ajudado a construir uma sociedade mais próspera e educada", concluiu.