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Anemia Aplástica

Para salvar filho, mãe faz campanha pela doação de medula

“Boa tarde pessoal. Algumas pessoas já me conhecem, mas outras não. Sou a Silvia Berretta e hoje estou aqui por uma causa nobre.” Essa é a abertura do texto que circula pelas redes sociais, onde Silvia apela para que as pessoas procurem os hemocentros e se cadastrem como doadores de medula. Seu filho Murilo, de 14 anos, foi diagnosticado com Aplasia Medular (anemia aplástica), uma doença autoimune que precisa de um transplante de medula. Ele está internado em Curitiba, em tratamento, mas a única esperança de cura é o transplante.  

Mariana, a outra filha de Silvia, fez o teste e infelizmente não é compatível para doar e salvar o irmão. “Convido a todos que tenham idade entre 18 e 35 anos a ser um doador de medula óssea. Se não der certo pro meu filho, você ainda pode, quem sabe, salvar outra vida. Basta ir até o Hemosc e se cadastrar. Será colhida uma amostra de sangue que vai para o cadastro do Redome (Registro Brasileiro de Voluntários de Medula Óssea) e seus dados ficam armazenados no banco mundial de doadores. Um gesto simples que pode salvar vidas, inclusive a do Murilo!,” apela a mãe.      


Os primeiros sintomas

“Levei meu filho na médica gastroenterologista, no dia 30 de agosto, devido a dores abdominais. Ela solicitou exames laboratoriais e dia 31 fomos fazer. No mesmo dia ela me ligou dizendo que o laboratório havia lhe enviado os exames com uma alteração muito preocupante no hemograma e que ela e a Dra Patrícia Guzatti ja haviam se comunicado com Dr. Charles Pinto, na Le Santè e que ele estava nos esperando,” relata Silvia. 

Na consulta o médico explicou sobre a gravidade e fez o diagnóstico de aplasia medular, que deveria ser confirmado com a biópsia. No outro dia, o médico entrou em contato informando que o melhor para o garoto, seria encaminhar para um centro especializado em transplante. E assim foi feito.

Murilo está internado no Hospital Nossa Senhora das Graças, em Curitiba, aos cuidados da médica Caroline Bonamin e sua equipe. 

“Ele vinha apresentando mais fadiga, o que nós relacionamos à rotina de estudos e treinos; algumas manchas roxas pelas pernas e braços,  que também atribuímos ao basquete, já que é um esporte que tem contato. De um mês pra cá apareceram e sumiram pintas de sangue (petequias), e eu até marquei dermatologista. Mas tudo isso já era sintoma da doença”


Campanha

A ideia da campanha surgiu a partir do momento em Silvia recebeu o resultado de compatibilidade em que dizia que a única irmã e maior chance de cura não é compatível. “E foi aí que vimos o quão grande é o gesto de ser doador.  Hoje meu filho está em uma lista gigantesca de pacientes que precisam de medula e, assim como nós, têm várias famílias angustiadas e com esperança de cura”

“Queremos que a campanha alcance o maior número possível por todos os cantos de Lages, Santa Catarina e Brasil. Além da nossa campanha existem outras milhares por todo canto. É muita gente que precisa…” reconhece a mãe sem esconder a angústia. “Gratidão  eterna a todos que nos ajudarem nesta causa, seja indo fazer o cadastro ou simplesmente compartilhando a informação. Deus abençoe!”!


Doadores de medula podem ajudar pessoas de todo o planeta

Por Fabrício Camargo 

Segundo o Ministério da Saúde, mais de 850 pessoas esperam por transplante de medula óssea, um tecido localizado dentro do osso, onde são produzidas todas as células do nosso sangue. Pacientes com mal funcionamento da medula, causadas por leucemias, por exemplo, precisam de doadores compatíveis para reverter o quadro.

A compatibilidade é um desafio nesses casos, segundo Antonio Jacó, farmacêutico bioquímico, coordenador técnico do Hemocentro de Lages. "Pra você ter uma ideia, nós temos em média, um doador compatível para cada 100 mil".

Por isso, ter um número regular de doadores é importante para garantir maiores chances de encontrar um doador compatível. Atualmente Lages consegue cadastrar cerca de 50 doadores de medula óssea por mês.

Para ser um doador de medula é necessário ter entre 18 e 35 anos e se dirigir ao Hemosc de Lages para se candidatar como doador de medula óssea. Uma amostra de sangue é coletada para realizar testes que são armazenados em um banco de dados coordenado pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA). O doador também precisa estar ciente de que ele pode ser chamado a qualquer momento, caso seja identificado a compatibilidade com receptor.

Jacó também reforça a necessidade do paciente estar comprometido com a doação, mesmo que um parente ou conhecido para quem se tinha intenção de doar não seja compatível, pois outros pacientes dependem de doação. "Quando a pessoa está fazendo esse cadastro para doar, ela pode estar num primeiro momento pensando em alguém conhecido, mas essa doação pode ser utilizada para outro paciente" conclui o coordenador técnico.


O que é aplasia medular?

A aplasia medular, ou anemia aplástica, é uma doença  rara da medula óssea em que há diminuição da produção das células sanguíneas, que são normais na sua forma e funcionamento.


Qual é a causa?

Na maioria dos casos é uma situação adquirida, geralmente de causa imunológica que leva à diminuição das células estaminais que são as células precursoras das células do sangue. A causa desta alteração imunológica é geralmente desconhecida; em alguns casos está relacionada com determinadas infecções, contacto prolongado com produtos químicos, como alguns solventes e pesticidas, medicamentos, e, em casos raros, pode surgir durante a gravidez.

O tratamento de doenças malignas com quimioterapia ou radiação causa igualmente uma aplasia medular, que é temporária.

Mais raramente a  aplasia medular é hereditária por alteração de genes, como na Anemia de Fanconi ou na Anemia de Blackfan-Diammond. Nestes casos existem geralmente alterações ósseas, renais e por vezes manchas na pele e é diagnosticada na infância.


Quais são os sintomas?

Os sintomas são devidos à diminuição das células do sangue:

Anemia, por diminuição dos glóbulos vermelhos, manifestando-se por palidez, cansaço fácil, dificuldade na concentração, palpitações e falta de ar para pequenos esforços.

Infecções de repetição, particularmente respiratórias, urinárias, ou lesões da boca, por diminuição dos glóbulos brancos.

Hemorragias frequentes do nariz, gengivas ou da pele, como aparecimento de nódoas negras ou pequenas hemorragias como picadas - petéquias - por diminuição das plaquetas.

Como se diagnostica?

Se apresentar alguns destes sintomas o seu médico irá referenciá-lo a um hematologista. Este especialista em doenças de sangue irá examiná-lo e colher dados da sua história clínica e profissional, assim como da medicação habitual.

Serão pedidos vários exames de sangue como o hemograma, que mostra uma diminuição dos diferentes tipos de células sanguíneas, assim como dos reticulócitos, que são os glóbulos vermelhos mais jovens. Outros exames incluem o estudo da função do fígado e do rim.

Para excluir outras causas de insuficiência medular é feito o doseamento dos elementos necessários à produção dos glóbulos do sangue, como a vitamina B12, ácido fólico e ferro e os níveis da Eritropoietina, assim como a pesquisa de infecções que podem causar aplasia, como a infecção por alguns vírus.

O estudo morfológico e citogenético da medula óssea obtida por mielograma e biópsia óssea permite avaliar a quantidade de medula óssea residual, assim como a detecção de possíveis alterações dos genes e permite classificar a aplasia medular, de acordo com a severidade da doença.


Qual é o tratamento?

O tratamento inclui medidas de suporte e o tratamento específico da doença:

Tratamento de suporte - Transfusões

A maioria dos doentes têm queixas significativas devido à anemia, necessitando frequentemente de transfusões de sangue. O sangue que é colhido de doadores voluntários é separado nos seus vários componentes, sendo administrados, ao doente com anemia, os concentrados de glóbulos vermelhos. Este procedimento tem riscos mínimos e é feito geralmente em hospital de dia

Se o número de plaquetas for muito baixo, há um elevado risco de hemorragias graves, como as hemorragias a nível do cérebro.  A transfusão de plaquetas está indicada se houver sinais de hemorragias, ou como preventivo se o valor de plaquetas for muito baixo.

Fatores de crescimento

Os fatores de crescimento são substâncias produzidas no organismo e que regulam a produção das células do sangue. Atualmente é possível obter esses fatores por técnicas laboratoriais complexas, sendo utilizados para estimular a medula em determinadas situações. Esses fatores são: Eritropoietina recombinante, que leva ao aumento dos eritrócitos, o G-CSF (granulocyte - colony stimulating factor) que estimula a produção de glóbulos brancos e a trombopoietina que eleva o valor de plaquetas.

Antibióticos

Uma das complicações mais frequentes e graves desta doença são as infecções por neutropenia - diminuição dos neutrófilos - e devem ser imediatamente tratadas com o antibiótico indicado. Deve falar com o seu médico sobre as medidas a tomar se surgir febre, tosse, expectoração ou outros sintomas; pode estar indicado ter um antibiótico em casa para algumas situações de emergência.

Tratamento da sobrecarga de ferro

Quando se faz uma transfusão de glóbulos vermelhos estamos também a administrar ferro pois a hemoglobina dos glóbulos é uma proteína que contém ferro. Se forem feitas muitas transfusões ao longo dos anos, há uma sobrecarga de ferro que é prejudicial pois se acumula em vários órgãos, como o coração e fígado. Para se evitar essa complicação pode necessitar de medicamentos que aumentam a eliminação do ferro pela urina; são os quelantes do ferro como o desafirox

Tratamento da aplasia

Sabemos atualmente que em muitas situações a causa da aplasia é a existência de reação imunológica contra as células da medula. Os medicamentos que diminuem a produção desses anticorpos chamam-se imunossupressores e este tratamento intensivo é feito em internamento hospitalar, pois durante a fase inicial há um maior risco de infecções graves e de outras complicações.

O imunossupressor mais utilizado é o soro anti células T (ATG - anti thymocyte globulin), obtido a partir do cavalo, ou em alguns casos do coelho. Na maioria dos casos a resposta a este tratamento não é duradoura, pelo que, caso o doente tenha condições clínicas adequadas e um dador compatível se opte pelo transplante medular.

Transplante de medula

O transplante de medula ou o transplante de células estaminais alogénico substitui a medula óssea doente, por uma medula normal e é o tratamento indicado para doentes com doador compatível, familiar ou não relacionado. É um tratamento intensivo, que requer internamento hospitalar e que tem alguns riscos importantes, mas que, na maioria dos casos, é curativo.

Fonte: Associação Portuguesa Contra a Leucemia

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