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Solidariedade

Ela é Zanza, mas poderia ser chamada de esperança

  • Mauro Maciel

Há três décadas ela trabalha em prol da comunidade, lamenta não fazer mais e diz que a quantidade de pessoas em vulnerabilidade social aumentou muito depois da pandemia

Todas as quintas-feiras, cerca de 300 pessoas se aglomeram em frente a Associação dos Moradores do Caça e Tiro, em Lages. O objetivo é levar para casa um pouco da sopa preparada por Rosângela Aparecida de Oliveira, a Zanza e por uma equipe de voluntários. Quem é de família numerosa leva um pouco mais. Para alguns, a sopa é a principal refeição que terão em dois ou três dias. Mas o trabalho de Zanza vai além, nas últimas décadas ela se tornou ponto de apoio, de amparo, para aqueles que precisam de roupas, calçados e até de remédios.  

São 289 famílias cadastradas para receber o sopão. O cadastro é para facilitar o gerenciamento da quantidade de comida, mas quem chega sem o cartão também é atendido. Como a associação não tem estrutura para refeitório, todos levam para casa do jeito que dá, geralmente em baldes plásticos com tampas. Nas casas, a sopa é dividida com os outros integrantes das famílias, totalizando cerca de 600 pessoas. 

“O sopão é para famílias cadastradas, mas não negamos para nenhuma. A princípio se vem buscar é porque precisa,” explica Zanza, ao revelar que as famílias são do Caça e Tiro e de sete bairros próximos. Mas a demanda só aumenta. Como está em contato direto com os moradores, percebe que muitos aposentados, agora cuidam de filhos e netos, geralmente sem renda alguma. “Com a pandemia, muitos perderam o emprego e as pessoas estão mais doentes. Algumas não conseguem trabalhar.”

Emocionada e com a voz embargada, ela conta a história de um senhor de 42 anos que não pode trabalhar porque tem um problema de coluna, mas não conseguiu pensão do INSS. “Ele disse que estava com vergonha, se humilhando para pedir uma cesta básica. Pediu para ver seus armários vazios e contou que a mulher também está doente.Disse a ele que não estava se humilhando, estava apenas pedindo ajuda. São pessoas que trabalharam a vida inteira e agora estão passando por esse problema.”


Corrente do Bem

Com seu entusiasmo, Zanza reuniu uma equipe de voluntários. Alguns trabalham no sopão e outros doam, a exemplo de uma anônima que doa massas, dorsos de frango e batatas. O Mercado Lang doa ossinhos de gado e o Lyons Clube Copacabana contribui com duas cargas de gás por mês e cestas básicas, que são distribuídas para os mais carentes. 

As próprias pessoas atendidas também doam, geralmente roupas que ganham e não farão uso. Desta forma, uma corrente do bem se forma, como explica a benfeitora. 


Brechó tem duas finalidades

O brechó mantido permanentemente na associação de moradores tem duas finalidades. Parte das roupas e calçados são doados para famílias carentes. O dinheiro obtido com o que é vendido ajuda a pagar a conta de luz, água, temperos e café para as pessoas que fazem curso de artesanato. 

Com as economias e contribuições, o barracão da associação está em obras. Além da reforma da frente, a cozinha será ampliada. As paredes já foram erguidas. “Nosso sonho é realizar cursos nesta cozinha, para incentivar as pessoas a empreender e a melhorar sua qualidade de vida com os alimentos aqui produzidos.” 


Origens

O trabalho voluntário e os sopões começaram há mais de 28 anos, na antiga casa de campo dos escoteiros Heliodoro Muniz, com o apoio dos Bombeiros Militares. Depois de anos, a sede da associação foi construída. “Foi uma luta, mas graças a Deus temos esse ambiente para atender essas pessoas. Temos uma equipe de 10 voluntários, mas quando chega alguém disposto não recusamos ajuda.”

A associação também faz festas de Natal, Dia da Criança e São João e auxilia as pessoas da forma que dá, inclusive com remédios.  

Questionada sobre como tudo começou, Zanza afirma que sua inspiração, seu pilar, é sua mãe, Juçanã Gomes Carneiro, que atualmente é a presidente da Associação dos Moradores do Caça e Tiro. 

Quem quiser ajudar pode ligar para Zanza, no (49) 99927-4187.


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