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Por volta dos anos de 1940, o movimento que seguia para a BR-116 passava pelo bairro
Arquivo
Ao completar 77 anos, o Bairro Coral é um dos maiores e mais desenvolvidos de Lages. Mas, apesar do crescimento econômico, a população mantém laços de amizade, são pessoas que se cumprimentam nas ruas e se reúnem para um café ou chimarrão.
A permanência de integrantes das famílias que fundaram o bairro, na década de 1940, contribui para isso. “São pessoas que se conhecem há décadas, trabalham e convivem juntas,” explica o presidente da associação de moradores, Moisés Faraon.
Moisés é um exemplo. Aos 46 anos de idade, 40 vividos no Coral, disse que a exemplo de muitas pessoas teve a oportunidade de se mudar, investir fora da cidade, mas suas raízes falaram mais alto.
“Criamos laços. Gosto muito daqui e trabalhando pelo bairro, por consequência, também trazemos melhorias para a cidade de Lages.”
Ele comenta que no passado a BR-2, que deu origem à BR-116, passava pelas avenidas Luiz de Camões e Dom Pedro II. Este movimento de veículos e pessoas favoreceu o surgimento do Coral, principalmente no auge do ciclo da madeira. Desde então, a infraestrutura local melhorou muito favorecendo o crescimento econômico.
Nas décadas de 1980 e 1990, o Coral se tornou referência nacional no segmento de autopeças. O setor ainda continua forte, mas atualmente cedeu espaço a uma economia diversificada. O bairro tem praticamente tudo, reduzindo a dependência do Centro da cidade.
Para Moisés, a qualidade de vida é outro ponto positivo. É muito tranquilo morar e trabalhar no Coral. Para o lazer, o bairro possui três espaços públicos.
Uma praça em frente ao Estádio Vidal Ramos Jr, que foi remodelada recebendo brinquedos e uma quadra de grama sintética; a praça do monumento Migrantes, no encontramento da Dom Pedro II e a praça ao lado da Igreja do Rosário, que será revitalizada.
“A revitalização da praça da Igreja do Rosário já foi aprovada pela comunidade em janeiro, em reunião com a prefeita Carmen e alguns secretários. A obra foi licitada e estamos aguardando o início.” Segundo Moisés, a última revitalização do local ocorreu em 1953. Agora terá um café moderno e estruturas para lazer.
Nome do bairro é uma sigla
A origem do nome Coral surgiu da sigla Companhia Rosário Abastecedora Ltda, inaugurada em 1º de Maio de 1948, na antiga Avenida 3 de Outubro, nº 55. A empresa pertencia a Tito Varela Ramos e João Pucci.
Era o único posto de abastecimento da região. Junto ao posto existia uma oficina mecânica. O local também comercializava baterias, molas, pneus e autopeças.
Praticamente na mesma época se instalou um dormitório e um restaurante em anexo, formando um centro de atendimento para quem passava pela região.
O empreendimento deu origem ao bairro que cresceu a sua volta. Ele ficava na sinaleira entre as avenidas Luiz de Camões, Presidente Vargas e Dom Pedro II.

Quando os seus proprietários registraram o endereço telegráfico: CO: Companhia, R: Rosário, A: Abastecimento, L: Limitada. Na época, o telégrafo era um importante meio de comunicação e o registro formou CORAL.
Com o passar dos anos, o bairro tornou-se referência com um comércio diversificado, principalmente voltado ao setor de autopeças.
Na década de 1980, Lages chegou a ser considerada a maior distribuidora de autopeças do Sul do Brasil, título conquistado graças às empresas implantadas no Coral e que continuam importantes até hoje. Dentre as referências da época, estavam a Engrenaco e a Real Acessórios.
O bairro cresceu muito e chegou a ser o maior de Lages em número de habitantes e em área. Mas depois foi desmembrado em outros. Mesmo assim, o Coral se mantém como um dos mais importantes da cidade.
Uma homenagem aos imigrantes
Como a origem do Bairro Coral teve forte influência dos migrantes italianos, vindo do Rio Grande do Sul, o entroncamento entre as avenidas Dom Pedro II e 1º de Maio foi o local escolhido para a instalação de um monumento em homenagem a essas pessoas, que vieram de outros países e cidades para contribuir com o desenvolvimento de Lages.
O autor da obra foi o escultor lageano José Cristóvão Batista e a inauguração ocorreu em 24 de maio de 2002. Na época, a Prefeitura de Lages enfatizou que “a colonização e consequente povoação se deu por intermédio da miscigenação de raças, culturas e costumes, representado pelo homem branco, de origem portuguesa, vindos da Província de São Paulo, mestiços das missões guaraníticas, vindos da Província de São Pedro (RS), negros, índios e nômades.
Desde o início de sua povoação, a cidade, por estar localizada em uma região rica em pastagem, mantém como uma das bases de sua economia a atividade da exploração pastoril.
Mais tarde sofreu grande influência dos italianos, que tinham uma visão voltada para a extração da madeira, e dos alemães, nas atividades de beneficiamento da madeira, indústria moveleira e construção civil.”
Fonte: site Prefeitura de Lages
150 anos da imigração italiana no Brasil
Em 17 de fevereiro de 1874 chegava ao porto de Vitória o navio “La Sofia”, conduzindo 388 imigrantes italianos. Eles foram contratados por Pietro Tabacchi, que possuía a fazenda “Monte das Palmas”, em Santa Cruz.
O empreendimento, porém, não prosperou, provocando descontentamentos e revoltas, sendo que um grupo seguiu para colônias oficiais da Região Sul.
Neste seguimento, a maior parte dos italianos que chegaram em Santa Catarina eram originários de uma região ao redor da cidade de Trento, ao norte do país; na década de 1830, seria organizada a primeira colônia italiana no Estado
Nomeada como Nova Itália, ela enfrentaria uma série de dificuldades e logo seria abandonada.
Entretanto, outras colônias foram fundadas na região e conseguiriam prosperar, como nas cidades de Nova Trento, Porto Franco e Brusque.
Quatro décadas depois seria iniciada nova leva de colonização italiana no Brasil, motivada pela procura de mão-de-obra após a abolição da escravatura no país, em 1889.
Na época, milhares de imigrantes se instalariam em regiões isoladas de Santa Catarina como Rio dos Cedros, Rodeio, Ascurra, Pedras Grandes, Nova Veneza e Turvo, que eram tomadas por florestas e pouco ocupadas por brasileiros.
Tratava-se de terras menos férteis dos que haviam sido anteriormente ocupadas por brasileiros e alemães; de qualquer forma, a descendência da leva de 1870 conseguiu prosperar.
Poucas décadas depois existiam quase 100 mil famílias italianas em Santa Catarina. A comunidade era tão grande que praticamente não se usava a língua portuguesa.
Fonte: Câmara de Vereadores de Lages (homenagem aos italianos)
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