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Inter de Lages

Patrick Cruz

Entre o remédio amargo e a esperança

Nesta semana, o Internacional de Lages anunciou a decisão de não disputar a Série B do Campeonato Catarinense deste ano. Segundo comunicado do clube, recentemente, ocorreram 41 intimações judiciais a patrocinadores e potenciais patrocinadores para que eles destinassem as verbas de patrocínio a ações judiciais, o que, na prática, inviabiliza completamente as atividades do clube.

“O estrangulamento é evidente”, diz o comunicado. “O Inter sempre apoiou-se na participação de sua comunidade para existir. Como se disse anteriormente, não foram multinacionais ou corporações de outras plagas que contribuíram com recursos e serviços para o clube manter suas atividades, mas sim empresas e instituições de Lages e da região. Sem o apoio financeiro desses entes locais, o Inter não pode contratar atletas e profissionais para disputar competições”.

Um dia depois do anúncio, o clube anunciou o primeiro passo de seu plano de reorganização administrativa e financeira: a criação da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do clube. O registro da SAF colorada na junta comercial ocorreu na semana passada.

Ao detalhar a novidade, o Inter esclareceu que a criação da SAF não ocorreu para que o clube pudesse “fugir" de dívidas. “Ao contrário”, diz o texto. “O clube decidiu criar a SAF para poder equalizar seus passivos, que, em alguns casos, remontam a 20 ou até a 30 anos atrás”.

No informe, o clube registrou que a Lei 14.193/2021, mais conhecida como Lei das SAFs, prevê a possibilidade de os clubes usarem as SAFs para equacionar débitos por meio de instrumentos como o Regime Centralizado de Execuções (RCE). Nesse regime, as dívidas do clube passam para a SAF, que, por sua vez, utiliza o RCE para estabelecer um cronograma rigoroso de pagamento aos credores. Sem construir uma SAF, os clubes não podem recorrer ao instrumento do RCE.

Foram duas notícias bombásticas, em um intervalo de apenas dois dias, que deixaram grande parte dos torcedores colorados, a um só tempo, tristes e atordoados, irritados e confusos. As novidades ganharam ainda mais projeção por terem contrastado com o virtual silêncio do clube nos últimos meses.

Ficaremos meio sem norte por não vermos o time em ação em 2025, mas, às vezes, só um remédio amargo leva à cura. As dificuldades financeiras do clube são conhecidas. O buraco aumentou nos anos 2020, quando, em virtude das restrições sanitárias da pandemia de covid-19, o Inter ficou duas temporadas inteiras sem sua principal fonte de receita, que é também sua razão de sua existência: a torcida no estádio. Por fim, neste ano, com as 41 intimações judiciais a patrocinadores e potenciais patrocinadores para que eles destinassem as verbas de patrocínio a ações judiciais, as atividades do Inter ficaram inviáveis, segundo o clube. 

Nos dois longos comunicados que o Inter divulgou nesta semana, o trecho que nos aquece o peito é esse: “O clube não deixará de existir nem encerrará suas atividades”. Que o Inter tenha serenidade e inteligência para atravessar essa tormenta e voltar, reequilibrado e saudável, em 2026. É o que todos queremos.


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