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Coluna

Uma camisa que é bandeira

O escritor Nelson Rodrigues, patrono dos escribas que se dedicam a esquadrinhar o futebol, costumava dizer que ˜o pior cego é aquele que só vê a bola˜. Era a maneira que o renhido torcedor do Fluminense tinha de desdenhar daqueles que esnobam esse esporte e ignoram que o jogo é também uma expressão viva, em cores, vibrante e suarenta da alma brasileira.

A bola é uma bola e é também um grito ao mundo que diz quem somos, assim como há casos em que uma camisa transcende seu destino de ser uma incógnita peça de roupa. Para além de um produto, uma camisa pode ser a materialização de nossos anseios, a metonímia de nossos sonhos, o decalque de nossos fracassos, o carbono 14 de nossa história.

Em Santa Catarina, não há muitos exemplos de camisas que viraram também bandeira, mas é certo que um deles é da nossa terra. A camisa do Inter de Lages é uma peça do uniforme do time - e é também o que de mais longevo e carregado de significados a cidade e a Região Serrana do estado construíram até hoje.

Poucas são as marcas e instituições que perduraram em Lages por tanto tempo. É de se lamentar que, em uma cidade com uma história tão rica, muitas de suas obras coletivas - entidades desportivas, organizações culturais, marcos arquitetônicos ou mesmo empresas - tenham se esvaído com o tempo.

Mas não o Inter de Lages. O clube já foi campeão estadual da primeira, segunda e terceira divisões, momentos em que sua camisa foi um sinônimo em vermelho do sucesso e da felicidade. Também já teve campanhas de triste memória, quando a camisa foi a representação de nossa decepção e nossas feridas.

Mesmo quando, por absoluta falta de apoio e recursos, o clube ficou quatro intermináveis temporadas, entre 1996 e 1999, sem entrar em campo, a camisa vermelha do clube continuou a ser um símbolo. Naquele período, distante dos campos, o uniforme colorado materializou o lamento da ausência, mas também a esperança de que o time voltasse à ribalta.

Nas próximas semanas, o Inter vai montar uma exposição com camisas que o clube usou ao longo de sua história. A mostra, que será aberta no Espaço Cultural Aristiliano Ramos, no Calçadão da Praça João Costa, será um dos marcos das comemorações dos 75 anos de fundação do Internacional. A existência do Inter, perseverante em meio às dificuldades, e de volta à primeira divisão do Campeonato Catarinense, é, por si só, motivo de festa.

Vida longa à camisa. Vida longa à bandeira.

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