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Inter - 75 anos

Patrick Cruz

Não se cria alma por decreto

Desde que a bola rolou aqui em nosso pedaço de mundo pela primeira vez, uns quatro ou cinco times receberam o nome da cidade. Um ou dois se chamaram Lages Futebol Clube, houve ainda o Lages Esporte Clube, o LEC, e, no início deste século, o efêmero Clube Atlético Lages, ou CAL.

Todos eles, em algum momento, tiveram um brilhareco aqui e ali e chegaram a atrair alguma atenção do público. A julgar pelas experiências do LEC, time que até vi jogar, e do CAL, que jamais vi em atuação, nem mesmo em jogos gravados ou em compactos perdidos no Youtube, chuto que foi mais a curiosidade novidadeira que levou gente ao estádio do que outra coisa.

Não há nada de errado nisso, é apenas uma constatação: como eram equipes bastante jovens, não se ouviu alguém dizer que era “LEC desde criancinha” ou que “nasceu CAL, e CAL há de morrer”. Os diferentes Lages, tanto os antigos (um da década de 1950 e um dos anos 1970), quanto os dois que surgiram entre o fim dos anos 1990 e o início dos 2000, fizeram alguma fumaça, mas em pouco tempo desapareceram.

Salvo uma ou outra exceção, eu não conheci de perto as pessoas que lideraram os projetos dos Lages que existiram ao longo da história. É certo que havia gente de altíssimo quilate em todos eles, e que essas pessoas lançaram-se nesses esforços crentes de que ali estava uma luta que valia a pena abraçar. Jamais vou fazer pouco de convicções tão nobres quanto as que têm a forma de sonho, sejam elas quais forem, sejam quem sejam os sonhadores.

Mas, feitas as ressalvas, puxo a conversa para a brasa (vermelha) que nos diz respeito: o problema desses clubes, todos eles, era só um: nenhum deles se chamava Esporte Clube Internacional.

Ter o nome da cidade não faz de um clube de futebol imediatamente o representante dela por excelência. O LEC tinha uma gralha como animal-símbolo e as cores do município em seu uniforme, mas, quando o clube sumiu, a cidade que emprestou seu nome à equipe mal percebeu.

Greik Pacheco

Naquele momento, o fim dos anos 1990, o Inter de Lages estava fora das competições, mas era uma camisa vermelha que preferiam ver os lageanos que buscavam entretenimento no Estádio Vidal Ramos Júnior quando o LEC jogava. Havia um time em campo, mas ele não era o nosso time.

Levar o nome da cidade no escudo e as cores de sua bandeira no uniforme não é o mesmo que representá-la. Símbolos são representações daquilo que somos ou que imaginamos ser. 

Não se cria alma por decreto. Em termos futebolísticos, mas também em outras instâncias de nossa existência serrana, nosso símbolo tem rugas, e lacunas, e imperfeições, porque velhos, incompletos e imperfeitos somos todos. Sorria, mesmo que sem dentes: o Inter de Lages é a nossa cara.


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