Moradores do Coral e CDL Lages aprovam projeto de revitalização da praça da Paróquia do Rosário |
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Marcos Santos / Canal Rural / Divulgação
São José do Cerrito é considerado a capital catarinense da produção de feijão. Mas, nos últimos, mesmo com os preços estáveis, a produção tem perdido espaço para a soja e para a pecuária de corte, atividades agrícolas que rendem bem mais. Essa mudança de perfil é avaliada como positiva pela Epagri, que prevê um futuro promissor para o setor primário do município. As melhorias das estradas e rodovias, para o escoamento das safras, e as políticas públicas devem contribuir para a permanência das famílias no campo com qualidade de vida, eliminando-se o risco do êxodo rural.
Para se ter uma ideia da diminuição, há décadas o município cultivava 5 mil hectares com feijão. Segundo o IBGE Cidades, em 2017 cultivou 1.202 hectares com feijão carioca e 996 hectares com feijão preto. Este ano, segundo Cleomar Bressiani, extensionista rural da Epagri de São José do Cerrito, são 1.100 hectares com feijão carioca e 400 hectares com feijão preto. Comparando-se a 2017 a redução é de 32%.
Bressiani avalia que o plantio ocorre, principalmente, em pequenas propriedades. Trata-se de uma atividade da agricultura familiar. "É plantado principalmente porque é uma cultura de ciclo rápido, de 100 a 110 dias até a colheita. Mas em contrapartida é uma cultura muito dependente do clima, " diz o extensionista rural da Epagri
A safra deste ano se encontra em fase de enchimento de grãos e colheita, sendo que a produção está dentro do esperado, com um fator favorável que é o preço que está se mantendo estável ao longo do ano. A Epagri prevê uma produção de 1.800 quilos por hectare, porém, algumas lavouras foram atingidas pela chuva excessiva no mês de janeiro e outras sofreram com a falta de chuva nas últimas semanas. A colheita deve se encerrar em meados de maio.
Os motivos da troca de atividade
Bressiani confirma que a diminuição é significativa. Diz que a cultura perdeu espaço e está sendo substituída pela soja e pela pecuária de corte, devido ao preço atrativo dessas duas atividades (carne bovina e a soja), respectivamente a alta demanda por proteína animal e vegetal), além do melhoramento da logística do município, programas de incentivo do Governo do Estado de Santa Catarina e do Governo Federal para a melhoria das atividades agropecuárias dos agricultores Cerritenses, para torná-los competitivos nas suas atividades, não esquecendo da responsabilidade ambiental e social na produção agrícola que desenvolvem.
Mão de obra difícil
O feijão é uma cultura que quando plantada em baixa escala, geralmente, exige bastante mão de obra, em especial da familiar. Para Bressiani, a oferta de mão de obra está diminuindo no meio rural cerritense, mas os agricultores estão migrando para outras atividades, como o plantio de morango, frango caipira, moranga e produção de hortaliças.
As áreas destinadas ao feijão geralmente são pequenas e o período de colheita é curto para não comprometer a qualidade do grão. Como a colheita não é mecanizada, se torna um processo caro e limitado à contratação de mão de obra.
Clima frio
O extensionista da Epagri, Cleomar Bressiani explica que no Oeste do Paraná, Goiás e na Bahia, a produção de feijão é em áreas irrigadas com pivôs centrais, diminuindo a incidência de doenças e aumentando a produtividade média da cultura. As grandes áreas de plantio e novas técnicas de armazenamento do feijão em câmeras frias, de ambiente controlado, fez com que os preços baixassem muito no mercado interno, onde basicamente é consumido o feijão produzido no Brasil e, assim, o plantio deixou de ser atrativo aos agricultores convencionais.
O clima mais frio da Serra Catarinense só permite a produção de uma safra por ano. Em regiões mais quentes são duas safras, o que aumenta muito a rentabilidade.
Produção nacional
O Brasil é o maior produtor de feijão comum (Phaseolus vulgaris) do mundo. Os estados do Paraná, Minas Gerais e Bahia são os principais produtores, o que corresponde a quase 50% da produção nacional. Neste ano, a Conab projeta que o feijão tenha uma redução de 2,4% na produção, no total de 3,1 milhões de toneladas.
Foto: Feijão
Crédito: Marcos Santos / Canal Rural / Divulgação
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